Missão Israel: as impressões e lições da Nação das Startups à comitiva de Joinville

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Missão Israel: as impressões e lições da Nação das Startups à comitiva de Joinville

Grupo de empreendedores e representantes da academia e do poder público foi ao Oriente Médio buscar referências e ideias para ajudar a desenvolver o ecossistema da maior cidade de SC

Grupo de empreendedores e representantes da academia e do poder público foi ao Oriente Médio buscar referências e ideias para ajudar a desenvolver o ecossistema da maior cidade de SC

Um país com a população equivalente à de Santa Catarina e que tem a maior concentração mundial (em proporção) de empresas de tecnologia. O impressionante ecossistema de inovação de Israel foi o destino de uma missão empresarial que levou cerca de 15 empreendedores e representantes da academia e do poder público de Joinville para entender como o pequeno país se transformou na “Nação das Startups”.

Nas visitas a grandes empresas, parques de inovação e eventos de tecnologia, as principais características do cenário empreendedor de Israel – algumas muito particulares, outras possíveis de serem replicadas – ficaram evidentes.

“Este é um ecossistema baseado em cooperação e no desenvolvimento de canais de confiança e ação. E isso não seria possível sem o engajamento real da academia, da setor privado e também do governo”, destaca Guilherme Lima, presidente do Join.Valle, projeto que concentra diversas iniciativas de inovação em Joinville.

Para Eduardo Andrade, vice-presidente da Embraco, impressiona a forma como “a mentalidade e a cultura de Israel contribuem para o sucesso empreendedor. Isso se deve muito à educação e formação dos israelenses desde a infância. Precisamos começar a empreender desde criança“. Em conversas com outros empresários locais, ficou como lição para ele o “foco absoluto na execução, prototipagem, teste e validação das ideias dando uma velocidade muito alta para os negócios, independente das dificuldades. Talvez os desafios na história dos israelenses sejam sua principal vantagem competitiva”, pondera.

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Mais do que o volume de empresas e empreendedores na regiao, uma característica que chamou a atenção de Emerson Edel, diretor da Perville, responsável pela construção do parque tecnológico Ágora Tech Park – uma das principais apostas do ecossistema de inovação de Joinville para os próximos anos – é o alinhamento que existe na “tripla hélice” para gerar e compartilhar conhecimento, além do reconhecimento sobre seu próprio legado: “existe uma narrativa de país que é muito presente na academia, no governo e nas empresas. Todos falam que Israel é a nação da inovação, das startups e eles se mostraram muito dispostos a se conectarem conosco e dividir experiências”.

Um exemplo é experiência compartilhada é a parceria do Waze – talvez a startup israelense mais conhecida no cenário internacional – e a prefeitura de Joinville, no programa Connect Citizens, que monitora o trânsito e resultou na implantação de mudanças em trechos com problemas de mobilidade (como no cruzamento das ruas Ottokar Doerffel e Marquês de Olinda). Na visita da comitiva joinvilense ao Waze, foram apresentados outros programas avançados de monitoramento do tráfego e possibilidades de uso do aplicativo no mapeamento de condições estruturais das vias e no apoio à zeladoria da cidade. Os representantes da empresa foram convidados para participar do Expoinovação, principal evento de empreendedorismo e tecnologia em Joinville, em 2019.

Comitiva em visita ao Waze: a mais conhecida das startups de Israel já é parceira da Prefeitura de Joinville em projeto de monitoramento de tráfego.

E O QUE É (E NÃO É) POSSÍVEL TRAZER PARA A REALIDADE LOCAL

Deslumbre à parte, fica evidente que não adianta simplesmente replicar projetos que dão certo em Israel no ambiente de negócios do Brasil – ainda que Santa Catarina esteja em destaque no desenvolvimento de comunidades empreendedoras com foco em inovação.

“A nossa região – e o país como um todo – precisa de um choque de inovação para acompanhar o que está acontecendo no mundo. Me chama a atenção nestes polos a velocidade da mudança, o quão frenético surgem novas tecnologias e modelos de negócio. Foi muito importante, em missões como essa, conhecermos direto da fonte as iniciativas de quem está tão na frente”, resume Fabiano Dell’Agnolo, diretor executivo da Secretaria de Planejamento Urbano de Joinville e que liderou a comitiva.  

Para ele, o que é possível colocar em prática da experiência israelense é a capacidade de ação (“as melhores ideias não servem se não forem colocadas em prática”) e de superar dificuldades para criar negócios inovadores: “é um povo que se acostumou a passar por cima de inúmeros desafios, como escassez, isolamento, está no DNA deles”.

“Não é um modelo facilmente replicado, mas o benchmark nos força a pensar em um modelo que possa tornar nosso ecossistema tão rico quanto o deles” – Danilo Conti, secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável de Joinville.

“Não dá pra imaginar uma construção dessa do dia pra noite, mas sim em uma jornada de longo prazo, na qual temos que fortalecer a quantidade e a qualidade de pessoas formadas, o engajamento entre universidades e empresas e a efetiva participação do governo”, comenta Guilherme, do Join.Valle.

Os membros da comitiva, que voltaram ao Brasil após o feriado da Independência, têm agora uma lição de casa: compartilhar os conhecimentos com a comunidade empreendedora e transformar algumas dessas ideias em ações. “Não é um modelo facilmente replicado no Brasil, mas o benchmark nos força a pensar em um modelo que possa tornar nosso ecossistema tão rico quanto o deles”, resume Danilo Conti, secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável de Joinville.

Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br