Repensar e inovar o setor da construção civil e imobiliário: o desafio da Vertical Construtech da ACATE

Voce está em :Home-ACATE, Construtechs, Negócios, Patrocinado-Repensar e inovar o setor da construção civil e imobiliário: o desafio da Vertical Construtech da ACATE

Repensar e inovar o setor da construção civil e imobiliário: o desafio da Vertical Construtech da ACATE

Criada no início de 2018, Vertical reúne representantes de toda a cadeia produtiva para estimular a adoção de novas tecnologias a este mercado digitalmente atrasado.

Criada no início de 2018, Vertical reúne representantes de toda a cadeia produtiva para estimular a adoção de novas tecnologias a este mercado digitalmente atrasado.

O setor da construção civil, que representa 6,2% do produto interno bruto do Brasil, tombou com a recessão econômica: desde 2014 o mercado acumula quedas ano a ano, a pior delas em 2015, quando recuou 9%. Não bastasse, foi considerado o segundo setor mais atrasado digitalmente no mundo, de acordo com estudo da Harvard Business Review que avaliou 23 mercados em nível de digitalização de processos, ações de marketing e transações financeiras, entre outros indicadores.

Como, então, levar inovação a um segmento tão diversificado (que envolve também a área imobiliária), com um recuo produtivo tão acentuado e baixo nível de adoção de tecnologia?

No início de 2018, surgiu no ambiente da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) um novo fórum de empreendedores dedicados a pensar o futuro deste setor: a Vertical Construtech, a mais nova das 12 Verticais de Negócio da entidade, criadas para reunir empresas de um mesmo segmento, buscando soluções para problemas comuns e, quem sabe, gerar novos negócios.

LEIA TAMBÉM:
Laboratório de Inovação Urbana, o primeiro passo para transformar Florianópolis em uma smart city

Mas quando foi inaugurada, haviam poucas empresas de base tecnológica atuando diretamente no mercado de construção civil. Uma delas era a Conaz, uma startup que conecta construtoras e fornecedores, por meio de um sistema inteligente de cotações e compras. O fundador da empresa, Renan Lecheta, começou a perceber em meados de 2017 um movimento de inovação surgindo para levar tecnologia à cadeia da construção civil – era a ascensão das construtechs. “A tendência era só crescer e eu comecei a procurar parceiros para criar um grupo de debates sobre isso”, lembra Renan.

Renan, fundador da startup Conaz, percebeu o início do movimento das construtechs no país e começou a articular um grupo em Florianópolis, em 2017. / Foto: Divulgação

Junto com a empresária e jornalista Gisele Machado, que também atua neste mercado, e a coordenadora das Verticais de Negócio na ACATE, Luiza Stein, começou a ser desenhada a Vertical Construtech. Na primeira reunião, em fevereiro de 2018, já fazia parte do time Marcus Vinicius Anselmo, diretor de Inovação na Softplan, convidado para ser também o diretor da Vertical. Na Softplan, Marcus é advisor da Construtech Ventures, um misto de incubadora e aceleradora de novos negócios com foco em inovação para o setor imobiliário e da construção civil.

Assim, de uma maneira diferente das demais verticais, constituídas basicamente por empresas de base tecnológica, surgiu um nova forma de pensar um setor mantendo a lógica associativa e colaborativa. O primeiro encontro reuniu mais de 80 pessoas, representando diferentes segmentos do mercado imobiliário e de construção.

“Criamos uma dinâmica em que o objetivo é levar informações qualificadas para fomentar a criação de novos negócios. Como o setor é muito carente e atrasado em termos de adoção de tecnologia, ainda há muita coisa para ser criada” opina Luiza Stein, coordenadora das Verticais.

“Se fossemos reunir apenas empresas de tecnologia que atuam nesse mercado, não teríamos massa crítica, seria algo muito limitado”, comenta Marcus. A solução foi trazer o cliente final – ou seja, as construtoras e imobiliárias, entre outros players deste mercado – para a Vertical Construtech. “Nós só existimos em função do cliente final. Sem ele, não conhecemos as dores reais do mercado e não poderíamos estudar ou sugerir nada concreto”, ressalta, destacando a complexidade deste mercado. “Só numa obra há mais de 10 mil itens. E ainda tem a comercialização e venda, que envolve uma série de outras áreas, é um tema de interesse governamental, envolve plano diretor, questões ambientais…”

Conexões iniciadas na Vertical também estimulam outros eventos no setor, como o Meetup Concrete Ideas, organizado por uma startup que desenvolve soluções para imobiliárias. / Foto: Kaasa/Divulgação

As conexões iniciadas pela Vertical também ajudam a movimentar outros eventos com o propósito de levar inovação ao mercado, como o recente “Meetup Concrete Ideas“, organizado pela startup Kaasa, desenvolvida a partir da Construtech Ventures e que propõe uma plataforma de tecnologia que localiza profissionais de serviço, tornando mais eficiente o processo de reparo e manutenção às imobiliárias. Outras startups, também com sede em Florianópolis, e profissionais da área apresentaram soluções e debateram temas como relacionamento digital com clientes, gestão de contratos e ferramentas para auxiliar o processo de vistorias em imóveis.

“Fintechs empolgam, retailtech (varejo) empolgam. Mas construtechs, há até pouco tempo, não empolgavam. Por isso é importante entender e explicar o mercado”, opina o diretor da Vertical.

PROPÓSITO: ESTUDAR O MERCADO E DEPOIS PROPOR SOLUÇÕES

Marcus Vinicius, diretor da Vertical Construtech: “Nosso papel é gerar engajamento, para que mais pessoas empreendam com tecnologia neste setor”. / Foto: Divulgação

“Uma grande sacada”, comenta Renan, da Conaz, “foi a criação de grupos de trabalho com problemas específicos que, formado por um time complementar que utiliza metodologia ágil (SCRUM), tem objetivo de aprofundar os problemas e entregar ao mercado informações ricas para potenciais empreendedores se engajarem em solucionar os desafios do setor”.

O primeiro tema que foi colocado para discussão foi a regularização de terrenos – e o assunto rendeu. Tanto que alguns dos participantes foram tão a fundo nos problemas e possíveis soluções que já surgiu a demanda por uma plataforma que auxilie o mercado a resolver questões relacionadas especificamente a terrenos. “O papel da Vertical não é gerar produtos, mas sim engajamento, para que mais pessoas empreendam com tecnologia neste segmento. Se por acaso surgirem novos negócios, já terá valido a pena termos criado esse grupo”, ressalta Marcus Anselmo.

Na visão de quem está no mercado há muito tempo, a Vertical Construtech surgiu em um bom momento “porque o mercado imobiliário ainda está muito voltado para si mesmo, sem olhar para as dores do cliente. E essa iniciativa nos faz justamente entender os principais problemas do setor e levá-los às startups, que tem muito mais agilidade do que as grandes empresas e pesadas estruturas, para nos ajudar a resolver estas questões”, resume Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli Negócios Imobiliários, uma das mais tradicionais marcas do mercado de locação e venda de imóveis na Grande Florianópolis e participante da Vertical.

“Temos discutido assuntos que não conseguiríamos enxergar, mesmo com todo nosso tempo de mercado. A questão dos terrenos, por exemplo, parece algo muito simples, mas há um nível de assimetria de informações – do poder público, do corretor, da imobiliária – que gera uma distorção enorme. A gente estava focado em encontrar terrenos, viabilizar e construir, só que isso demorava, nunca tínhamos parado para entender porque era algo tão dolorido e como fazer para resolver isso”, argumenta Barbosa.

“A interação com esse ecossistema é muito rica. Nós conseguimos discutir com transparência, abrindo números e isso gera muito valor – ao contrário de antes, um segmento travado, fechado. Por causa dessa mentalidade de inovação, nós evoluímos em dois anos mais do que evoluímos nos últimos 20 anos”, ressalta Barbosa, da Brognoli.

Na visão do diretor da Vertical, mesmo com um cenário ainda incipiente de tecnologia para o setor imobiliário e de construção civil, “é preciso aproveitar esse conhecimento distribuído aqui no ecossistema de inovação em Florianópolis. Temos muita gente inteligente fazendo negócios em várias áreas da economia digital e isso tem que ser fomentado”.


Por Fabrício Rodrigues,
scinova@scinova.com.br

Reportagem especial produzida para