Startups de SC que receberam rodadas de investimento no ano passado avaliam como a digitalização dos meios de pagamento e do mercado financeiro mudam nossa relação com o dinheiro neste pós-pandemia.
[FLORIANÓPOLIS, 25.01.2021]
Redação SC Inova, com informações da Assessoria de Imprensa
Se 2020 foi o “ano das fintechs”, com a explosão do uso de pagamentos digitais e um crescimento de 34% em investimentos a startups deste segmento (US$ 939 milhões nos primeiros nove meses, segundo o Distrito Dataminer), o que vai impactar o desenvolvimento da tecnologia para o setor financeiro em 2021? E o que deve mudar nos hábitos de consumo e pagamento de empresas e consumidores?
A grande adesão ao Pix, sistema de pagamento eletrônico e instantâneo do Banco Central, é um sinal deste novo momento: em pouco mais de dois meses, o Pix já foi utilizado por 44 milhões de pessoas e 3 milhões de empresas. “A crescente adesão ao sistema também traz uma necessidade de reinvenção por parte das empresas do setor financeiro, que precisarão continuar gerando valor ao cliente em um cenário onde a movimentação do dinheiro em si não será mais uma barreira”, comenta Piero Contezini, CEO e cofundador da Asaas, fintech que desenvolve conta digital para pequenos e micro empreendedores.
A fintech, com sede em Joinville, captou em 2020 um investimento de R$ 37 milhões liderado pelo Inovabra Ventures, do Bradesco.
Para 2021, a tecnologia deve se fortalecer e vai impactar diretamente outras formas de pagamento: “as maquininhas de cartão de crédito, por exemplo, provavelmente começarão a cobrar taxas mais competitivas”, comenta.
Além disso, há novas tecnologias como o pagamento touchless, que reduzem o risco de exposição a vírus e bactérias. Um exemplo é o sistema de reconhecimento facial desenvolvido pela Payface, de Florianópolis, que levantou uma rodada de R$ 3 milhões em junho passado e foi selecionada para um programa de aceleração no Qatar. A ferramenta conecta por biometria facial o rosto de cada usuário com os mais diferentes meios de pagamento utilizados pelos varejistas.
ABERTURA DO SISTEMA FINANCEIRO
Outra tendência é o open finance, cenário em que além dos bancos, várias organizações podem oferecer produtos financeiros, obedecendo a regulações pré-estabelecidas. No open finance, o cliente será dono de seus próprios dados. “Essa abertura do sistema financeiro vai permitir um acesso a dados nunca antes visto pelas fintechs brasileiras. Os grandes bancos têm hoje o que pode ser considerado um monopólio de dados, devido à concentração de consumidores”, comenta Guilherme Verdasca, CEO da fintech open banking Transfeera.
A empresa, que também tem sede em Joinville, teve um 2020 de expansão – resultado da digitalização impulsionada pela pandemia – e recebeu investimento de R$ 3 milhões em outubro passado, liderado pela GooDz Capital em conjunto com as paranaenses Honey Island Capital e Curitiba Angels, além da paulista Bossa Nova Investimentos.
“Quando há uma abertura, ou seja, o cliente pode escolher compartilhar suas informações bancárias com qual instituição escolher, sendo ela fintech ou não, passa a existir uma expansão do mercado, gerando mais competição e possibilitando a entrada de novos players, com novos serviços, novas tecnologias que vão revolucionar o dia a dia do consumidor”.
Este horizonte de mudanças – e o potencial de crescimento do setor – vem colocando as fintechs no radar prioritário dos fundos de investimento de risco.
“Existe uma tendência de mais investimentos em qualquer segmento voltado à digitalização e democratização do acesso aos serviços financeiros e também outros que estejam baseados em mobilidade”, opina Marcelo Wolowski, CEO da Invisto e diretor do Grupo de Investimentos da Associação Catarinense de Tecnologia.
“Um dos desafios para as fintechs é atrair novas rodadas de investimentos de alto valor em um mercado no qual grandes players prevalecerão. Ao mesmo tempo, muitas empresas de software consolidadas, que já tem o seu próprio ecossistema construído, passarão a oferecer serviços financeiros aos clientes“, acredita.
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