Por um governo integrado e eficiente — como o exemplo catarinense da máquina pública empodera o ambiente de inovação

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Por um governo integrado e eficiente — como o exemplo catarinense da máquina pública empodera o ambiente de inovação

Trata-se de um governo como parte do todo, como agente de conexão — um posicionamento bastante diferente do governo típico atual no Brasil.

“Para fomentar a construção de uma economia de mercado forte e um meio propício para criação de negócios, é necessário contar com uma agenda que crie mecanismos tanto internos quanto externos para diminuir a rigidez da máquina pública”. Foto: reunião Pacto pela Inovação SC.


[26.01.2021]


por Beatriz Testoni, analista de Investimentos no Catarina Capital

O Estado brasileiro gasta mal. Uma análise realizada em 2019 pelo Banco Internacional de Desenvolvimento do gasto fiscal na América do Sul revelou que o Brasil chega à marca de 4,4% do PIB apenas desperdícios e grandes ineficiências, o que demonstra que é possível melhorar os serviços públicos sem a necessidade de aumentar o gasto público. Neste mesmo relatório do BID, também foram destacadas as práticas que, segundo o estudo, apresentam com maior resultado em reverter a ineficiência pública: aumentar a transparência e forte investimento público, especialmente em educação.

No mesmo contexto, desde 2017 é divulgado anualmente o Ranking de Competitividade dos Estados, uma ferramenta para balizar as ações dos governos estaduais e suportar a elaboração de políticas baseadas em evidências. A construção de um Estado com elevados padrões socioeconômicos, dessa maneira, é um desafio mais concreto com reforço de análises quali e quantitativas. Na classificação geral, Santa Catarina ocupa a segunda posição — um fator importante, mas também generalista. Como é a prática dos rankings, existem pilares para a análise, com escolha minuciosa e ponderação de critérios. Nos 9 pilares de Competitividade dos Estados, o estado catarinense já ocupava a primeira posição em Sustentabilidade Social e Segurança Pública. Mas no ranking de 2020, Santa Catarina também alcançou a liderança em Eficiência da Máquina Pública, um dos — senão o mais importante — dos pilares.

Para fomentar a construção de uma economia de mercado forte e um meio propício para criação de negócios, é necessário uma agenda que crie mecanismos tanto internos quanto externos para diminuir a rigidez da máquina pública. Os ótimos efeitos nos indicadores de custo, transparência e eficiência que permeiam o executivo, legislativo e judiciário são também um reflexo da proximidade entre as instituições catarinenses. O reflexo é direto no desenvolvimento econômico, que está intimamente relacionado a um ambiente positivo para investimento e inovação.

Seguindo a reflexão sobre a maturidade de Santa Catarina como um ecossistema de inovação global, afirmar que o governo e outras instituições público-privadas são extremamente engajadas não é apenas verdadeiro mas também justo de ser reconhecido. A proximidade com o Observatório de Inovação no Setor Público da OCDE, envolvendo conferências e estudos, também reflete que o estado está fazendo o dever de casa, buscando se conectar com instituições que podem prover as melhores iniciativas para atingir níveis cada vez mais elevados em qualidade do serviço público.

Em 2020, Santa Catarina assumiu a liderança no pilar “eficiência da máquina pública” no Ranking de Competitividade dos Estados brasileiros.

Outro grande exemplo é o Pacto pela Inovação, onde 29 entidades firmaram um compromisso para incentivar e desenvolver ao todo mais de 60 projetos de inovação pelo estado. O Pacto, assinado em 2017, estabeleceu quatro grupos temáticos de trabalho para condução das atividades — Conhecimento e Talentos, Acesso a Capital e Atração de Investimentos, Infraestrutura e Redes & Colaboração.

Desde 2014, há também a Rede de Centros de Inovação, inciativa do Governo do Estado por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), composta por 15 cidades e com 19 centros de inovação em operação ou em construção/viabilização, com o objetivo de fomentar todo o território e fortalecer o ecossistema estadual.

Muitos podem considerar apenas mais uma ação política culminando em mais prédios-elefantes brancos, mas o que ocorre é de fato o desenvolvimento de uma rede entre todos os centros, coordenada desde a capacitação das equipes gestoras até as ações em cada uma das regiões.

O trabalho desenvolvido localmente em prol do empreendedorismo e da inovação é, de fato, bastante representativo. Existe um altíssimo nível de colaboração no território catarinense, onde as instituições atuam de maneira coordenada e engajadora dos líderes da comunidade de empreendedores, criando fluxos de trabalho que são realmente produtivos, com foco e com objetivos comuns entre esses stakeholders do ecossistema.

Trata-se de um governo como parte do todo, como agente de conexão — um posicionamento bastante diferente do governo típico atual no Brasil, usualmente desconectado das reais demandas da nossa sociedade e, infelizmente, mais preocupado consigo mesmo do que com a sociedade que o compõe.

*Artigo originalmente publicado no Medium

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