Nos últimos meses, volume de negócios da empresa dobrou, resultado da maturidade no atendimento online a clientes e no uso de tecnologias que reduzem burocracia e facilitam serviços. / Foto: Terraz/Divulgação
[FLORIANÓPOLIS, 09.09.2020]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br
No início do ano passado, o mercado imobiliário de Santa Catarina passou a contar com a primeira empresa totalmente digital para oferta de aluguéis: a Terraz Digital surgiu como resultado de parceria entre a imobiliária Terraz, que atuava há 18 anos em Florianópolis, com a Brognoli Imóveis, uma das mais tradicionais do setor, com mais de 60 anos de atuação.
O objetivo da união era oferecer aos consumidores uma forma simplificada e menos burocrática de alugar um imóvel – descomplicando desde o processo de captação de clientes até a visita, análise de crédito e contratação digital. Exatamente um ano após de chegar ao mercado, veio a pandemia e a necessidade de isolamento social – um fator de risco para as empresas que dependiam de um atendimento físico com clientes e não tinham processos online estabelecidos.
Para a empresa, o novo cenário ajudou a acelerar os negócios.
“Praticamente dobramos o volume de locações nos últimos três meses em comparação com o final de 2019” detalha o diretor de Operações André Lima. No ano passado, a empresa era responsável por fechar em torno de 10% do total de imóveis da Brognoli. O número aumentou no início de 2020 e atualmente, em plena pandemia, responde por 27% do volume de locações.
“Hoje a Terraz se tornou um dos nossos principais canais de negócio”, ressalta Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli. “As imobiliárias precisam conversar com uma diversidade maior de personas e para isso é fundamental ter essa atuação em diversos canais. Há quem prefere um contato mais físico, por isso a importância de lojas físicas, e há quem já transite 100% no digital”. Desde 2017, a Brognoli estava conversando com startups no ecossistema de tecnologia da capital catarinense e desenvolvendo projetos em seu laboratório de inovação no LinkLab da Acate.
Para André, da Terraz, este é o resultado de uma evolução natural no processo que ele chama de “esteira digital”, que se baseia não apenas no uso de tecnologias que automatizam processos e qualificam oportunidades de negócio (leads), muitas delas desenvolvidas por startups do ecossistema de Florianópolis, mas também na lógica de atender o cliente em qualquer plataforma online que ele estiver.
“O cliente já é digital, o mercado é que em geral não estava preparado para oferecer um serviço mais simplificado, mais ágil. Quem consegue atender a essa demanda tem boas perspectivas no atual cenário”, ressalta.
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ECOSSISTEMA DIGITAL AJUDA A DESENVOLVER NOVAS SOLUÇÕES PARA O MERCADO
Formado em Administração na UFSC, André já conhecia várias das novas metodologias e ferramentas digitais que empresas da região usavam para captar e fidelizar clientes, do inside sales largamente utilizado pela Exact Sales ao inbound marketing popularizado pela Resultados Digitais. Outras empresas da região, como a Rede Vistorias, também ofereciam serviços que facilitavam parte do processo e da intermediação que as imobiliárias fazem entre locatários e proprietários.
E com o tempo, novas startups surgiam a partir do projeto de inovação aberta da Grupo Brognoli, como a Woliver, plataforma que se propõe a automatizar processo de locação e gerir a experiência dos cliente, o Núcleo de Inteligência Artificial (NIA), utilizando IA com processamento de linguagem natural (NLP), o Bloco, um hub de negócios e consultoria de inovação para o setor imobiliário e a plataforma de metabusca Ayla.
“Começamos a fazer esse desenho de inovação há mais de dois anos e fomos acoplando alguns novos serviços e produtos na Terraz, que tinha mentalidade mais digital, como uma startup, e era ávida por novidades”, lembra Barbosa, da Brognoli.
E essa “mentalidade digital” fez com que a Terraz experimentasse mais na oferta de produtos e serviços – e também no perfil da equipe, que não era formada apenas por corretores, como nas imobiliárias convencionais. Nesse período de mais de um ano em parceria com a Brognoli, “testamos pelo menos uns seis modelos de aplicação da metodologia de inside sales, cada um deles com metas completamente diferentes – tanto que em certo momento mudamos a função de praticamente todos dentro da equipe”, explica.
“Nesse processo digital, o cliente passa por etapas com diferentes profissionais mas ele nem percebe, pois o processo é o mais simplificado possível – nas avaliações positivas que recebemos, o destaque nem é o fato de sermos digitais, mas sim o atendimento humano. Desenvolvemos uma metodologia própria que se assemelha a uma máquina de vendas, com a equipe trabalhando como um relógio. Isso torna o processo mais simples e dá confiança ao usuários”, comenta André.
Desta experiência da pandemia sairá um novo perfil de consumidor no setor imobiliário?
“Este cenário sem dúvida acelerou todo este desenvolvimento de serviços digitais e a automação de uma série de processos. Em breve será possível até fazer uma compra ou venda de imóvel totalmente digital, ou a aquisição de um seguro”, avalia o CEO da Brognoli. “A chave é ter uma diversidade de canais e de modelos de atuação, pois o cliente – seja ele o locatário ou o proprietário – não busca apenas um canal como solução: pode ser o digital, o físico ou um caminho híbrido. Isso gera um valor que poucas imobiliárias no Brasil conseguem entregar e é o resultado de mais de dois anos de investimento em inovação”, resume.
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