Startup Ayla cria tecnologia para facilitar processo de locação ao consumidor e reduzir em até três vezes o custo de aquisição de clientes às imobiliárias na Grande Florianópolis, comenta o CEO Bruno Nascimento (foto).
[FLORIANÓPOLIS, 28.04.2020]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br
O modelo de “portais de metabusca” – que concentram diversas ofertas e agilizam ao consumidor a compra de serviços, de passagens aéreas a hospedagens e comida, por exemplo – começa a chegar ao mercado imobiliário com a criação da Ayla, startup de Florianópolis que usa tecnologias como inteligência artificial, chat bots e big data para facilitar a busca de imóveis para o consumidor e reduzir o custo de aquisição de clientes para as imobiliárias.
O projeto começou há pouco mais de um ano, no laboratório de inovação da Brognoli Imóveis no LinkLab Acate, em Florianópolis. A “dor” do mercado era: como aumentar a taxa de conversão das milhares de pessoas que buscam imóveis todos os meses, mas que não fechavam contratos por não encontrarem a oferta ideal?
Na visão de Bruno Henrique Nascimento Costa – designer de produto que trabalhava na área de Locação da Brognoli e hoje é CEO da Ayla – o caminho deveria ser o inverso: primeiro vá conhecendo detalhadamente o cliente, suas necessidades de acordo com o momento de vida e condições financeiras, e depois oferte um imóvel dentro do que ele precisa. Mesmo que a oferta ideal esteja em uma empresa concorrente – uma disrupção no modelo convencional de aluguel de imóveis.
Com a plataforma, explica Bruno, “abrimos a possibilidade de buscar os imóveis em diferentes imobiliárias parceiras, agendar visitas e ao mesmo tempo realizar o processo de análise de crédito instantânea. Ao final, direcionamos o usuário à imobiliária para fechar o contrato”.
VALIDAÇÃO ANTES DE DESENVOLVER A TECNOLOGIA
A validação da ideia se deu inicialmente sem uso de tecnologia: “tínhamos dois pré-vendedores que ouviam a motivação dos clientes: que momento de vida eles passavam, que tipo de imóvel eles precisavam e podiam alugar. Nós fazíamos a busca em vários portais e mandávamos manualmente o link para eles. Nosso carro-chefe foi o público de estudantes em Florianópolis”, detalha o CEO.
“O locatário não tem hoje um poder de comparação eficiente. Ele acaba transitando em várias imobiliárias muitas vezes vendo o mesmo imóvel – e em nenhum momento é considerado o momento de vida. O mercado convencional, e até mesmo as plataformas digitais ditas tão alinhadas com a experiência do cliente, não resolve esta questão”, ressalta Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli Imóveis, empresa que desde 2017 criou uma célula de inovação e relacionamento com startups no programa de inovação aberta LinkLab.
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A capacidade de escalar o projeto veio com o desenvolvimento do robô Ayla (que depois deu nome à startup), que faz uma série de perguntas aos usuários da plataforma enquanto busca na base o que seriam as melhores ofertas para aquele perfil de cliente. Cada informação relevante (faixa etária, preferências, valor do aluguel etc.) gera uma tag que alimenta o sistema de inteligência artificial e, com o aumento da oferta de imóveis, tende a gerar recomendações mais assertivas.
“O tempo médio de permanência nos imóveis aqui na região é de aproximadamente 18 meses. Com isso, é possível acompanhar o ciclo de vida e de interesses do usuário – se ele precisa se mudar para um local maior, ou em outra região, e ir enviando recomendações à medida de suas necessidades”, explica o empreendedor.
Depois de incubada pela Brognoli, a Ayla se tornou uma empresa independente que hoje conta com outras oito imobiliárias parceiras na Grande Florianópolis e disponibiliza em torno de 2 mil ofertas de aluguel. Oficialmente no mercado há pouco mais de três meses, a startup está negociando a entrada de outras 15 empresas do setor na plataforma.
“Quando a imobiliária recebe o lead, já com pré-qualificação de crédito, é um trabalho imenso que foi poupado de prospecção. O cliente, por sua vez, não precisa ficar buscando ofertas e recebendo notificações e ligações de várias imobiliárias”, resume Bruno. O custo médio de aquisição de clientes neste segmento, calcula Bruno, é de aproximadamente R$ 1,5 mil. No modelo da Ayla, só há custo à imobiliária se houver um contrato fechado por meio do uso da plataforma – que cobra R$ 570 por operação, um terço do valor estimado por aquisição na maneira convencional.
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A proposta de valor da startup passa também pelo mercado de incorporadoras: “como um subproduto, podemos entender qual é a demanda existente de imóveis em determinada região e como as construtoras podem supri-la, no médio prazo”, antecipa Barbosa, da Brognoli. “É uma informação hoje só obtida a partir de estudos específicos de tendência ou de maneira mais aleatória”.
A Ayla é uma das várias startups que foram desenvolvidas pela Brognoli no programa de inovação aberta LinkLab: a Woliver, por exemplo, desenvolveu uma solução white-label para que as imobiliárias ofereçam uma jornada completa de atendimento digital aos consumidores; já a Bloco atua como uma consultoria de transformação digital às empresas do setor, que também faz conexão delas com outras startups.
O time da Ayla hoje conta com cinco pessoas, além de uma empresa parceira (Jungle Devs) que desenvolve a tecnologia – a Brognoli foi uma das investidoras do projeto. Para o segundo semestre deste ano, a ideia é além de ampliar a rede de imobiliárias parceiras, entrar no segmento de venda de imóveis.
Mas a visão é de gerar inovação no longo prazo, comenta Bruno: “uma das principais tendências na área de proptechs (empresas de tecnologia para o setor imobiliário) está na geração de experiência positiva para o morador. Nosso propósito, por meio de uma plataforma de tecnologia, é acompanhar a jornada de vida e desenvolvimento dos clientes, entender o que ele precisa e futuramente até conectar com outros serviços”.
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