Com o impulso do maior projeto imobiliário do Paraná, desenvolvido na área onde funcionava um autódromo internacional, surge um polo emergente de inovação. / Imagem: Divulgação PARC Autódromo
[23.07.2025]
Por Ecosystems.Builders
No mapa do Paraná, Pinhais pode parecer discreta: com menos de 62 km² e cerca de 127 mil habitantes, é a menor cidade do estado em extensão territorial. Nem por isso, o município vizinho à capital Curitiba deixou de buscar uma nova vocação econômica, centrada no desenvolvimento de um ecossistema de inovação e tecnologia. Desde 2023, Pinhais vem fortalecendo seu ecossistema local por meio da iniciativa Conecta Pinhais, que reúne governo municipal, universidades, empreendedores, Sebrae/PR, IFPR e outras instituições em uma governança estruturada.
Fruto desse movimento, a cidade já promoveu programas de pré-incubação e aceleração, como o Acelera Pinhais, lançado em maio de 2024 e que capacitou 13 startups em sua primeira edição. Startups como Bike Fácil, que captou R$ 9,1 milhões da Finep, além de True Work e Checkmob, são exemplos do potencial emergente do território. O Conecta Pinhais também foi semifinalista no Prêmio Nacional de Inovação e tem levado o município a protagonizar eventos como o ConectaPR.
Um dos vetores dessa trasformação é o maior projeto imobiliário em desenvolvimento no Paraná, que fica no limite da cidade com a Capital: o PARC Autódromo, um bairro planejado erguido sobre a área onde funcionava o antigo Autódromo Internacional de Curitiba, desenvolvido pela incorporadora BairrU e planejado por Jaime Lerner e o escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados.
Desativado em 2021, o Autódromo ocupava a maior área subutilizada da região metropolitana — com o projeto, a região espera ter um salto no desenvolvimento econômico, com geração de empregos, novas oportunidades de negócios e valorização do espaço. No centro do projeto, está um ambiente de inovação, que está em fase pré-operacional mas que já é parte da governança do ecossistema local: o Pista Innovation Hub nasce com a proposta de acelerar a nova economia regional, conectando startups, empresas, universidades e o poder público.

“Queremos criar uma nova centralidade de inovação, na qual grandes e médias empresas da região podem se conectar com startups e instituições de ensino, criar novos negócios, promover encontros e usufruir de um ambiente que materializa todos os preceitos da Nova Economia e da sociedade plural do século XXI”, afirma Carlos Eduardo Rodrigues, diretor de Operações da Bairru.
A inspiração veio da ideia de cidade aberta e multifuncional, baseada na lógica dos 15 minutos — onde trabalho, moradia, lazer e mobilidade coexistem num mesmo território. A primeira fase do projeto, já em construção, prevê prédios de uso misto, praça coberta, coworking, cafés e restaurantes. Ao final da implantação, o bairro deverá abrigar cerca de 8 mil moradores em 3,5 mil unidades residenciais.
“A grande questão era: como dar vida a uma grande área desativada de maneira a seguir os ‘mandamentos’ do urbanismo moderno e sustentável? A resposta veio de maneira simples e direta: crie uma forma de ocupação constante, que as pessoas irão até lá”, relembra Fernando Bau, CEO da Bairru Urbanismo, que idealizou o projeto ao lado do urbanista Jaime Lerner (ex-prefeito de Curitiba por três mandatos e duas vezes governador do Paraná), autor do traçado original.
Projetado para ser um bairro aberto, sem muros, com mais de 300 mil m² de áreas públicas, o PARC também é um projeto de reconfiguração social e econômica, com localização estratégica (fica a cerca de 20 minutos do centro de Curitiba e do Aeroporto Afonso Pena) e um desenho urbano que aposta na convivência, no acesso à natureza e na integração entre usos diversos.

Na visão dos empreendedores, a presença de um hub será um estímulo ao emergente ecossistema tech que vem colocando Curitiba e região em destaque no país e também em rankings internacionais, como o mais recente Global Startup Ecosystem Report, da Startup Genome, e o Startup Ecosystem Index, da Startup Blink. A Grande Curitiba já legou ao mercado de tecnologia nacional diversos unicórnios (Ebanx, MadeiraMadeira e Olist), além de ser referência em smart cities. com o evento anual Smart City Expo Curitiba.
“Muitos achavam que Lerner estava louco quando fechou a rua XV de Novembro, no centro da cidade, aos carros. Mas todos se beneficiaram com essa iniciativa pioneira: tornou a ocupação mais democrática e incentivou o comércio e os serviços. É um exemplo de acupuntura urbana que inspirou nosso propósito”, afirma Bau.
No caso de Pinhais, a acupuntura urbana se traduz na oportunidade de reposicionar o município como um polo de inovação, em diálogo com a região metropolitana de Curitiba e com um ecossistema que nasce local, mas mira o mundo.
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