Criar uma cultura de inovação não tem relação direta com equipamentos, softwares e um ambiente supertech. É de investimento em gente que estamos falando e um dos principais elementos é a comunicação. Foto: Christina @ wocintechchat.com (Unsplash)
[21.12.2022]
Andressa Fabris, Diretora de Comunicação da ADVB/SC e Diretora da Alfa Comunicação e Conteúdo
Cenários complexos como o que estamos vivendo nos anos recentes, com pandemia, conflitos políticos, recessão na economia mundial e a transformação constante dos modelos de negócio, fizeram com que muitas empresas buscassem na inovação uma saída. Quem ainda não havia feito o exercício de se perguntar o que poderá matar o seu negócio, está começando a se dar conta de que não há outra alternativa a não ser criar uma cultura interna voltada para a inovação, de modo que todos na organização se desafiam constantemente a pensar o que pode ser melhorado, o que pode ser completamente transformado e até o que está fadado a extinção.
Mas, quais as ferramentas necessárias para criar esta mentalidade coletiva que vai tornar a empresa mais resiliente e perene? Há quem responda que a chave está na tecnologia, porém criar uma cultura de inovação não tem relação direta com equipamentos, softwares e um ambiente supertech. É de investimento em gente que estamos falando e, eu ouso dizer, um dos principais elementos é a comunicação.
Para começar, todos devem saber quais são os objetivos da empresa, qual o ponto de partida e o de chegada. Não basta reunir a equipe e dizer que a partir de agora seremos inovadores. É um processo que precisa ser constantemente alimentado de informações, mantendo todos cientes sobre o que já foi alcançado e o que ainda precisa ser realizado. Também é preciso que cada um entenda o próprio papel e o que a empresa espera dele nesta jornada.
É sempre bom lembrar que a comunicação vai acontecer, a empresa querendo ou não. Se não houver cuidado, a rádio corredor toma conta do processo, enche de ruídos e torna o ambiente conflituoso. E onde há desarmonia, a inovação demora a chegar.
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É muito comum as empresas deixarem a comunicação interna acontecer de forma orgânica, sem processos bem definidos e, especialmente, sem alguém responsável por cuidar permanentemente desta área. Só quando a organização faz sua primeira pesquisa de clima e a comunicação é apontada como um problema, ela passa a ter alguma atenção. A primeira reação é pensar em ferramentas. Surgem aí os murais, as newsletters, os informativos; e se esquece do principal canal de comunicação que a empresa pode ter: a liderança.
O PAPEL DOS LÍDERES
Os líderes são as pessoas que vão criar um ambiente de confiança, fundamental para a troca de informações e a geração de novas ideias. É do líder que o time quer ouvir as novidades e as orientações. No entanto, os gestores precisam ser treinados e informados sobre este papel, a responsabilidade de ser um agente que vai fornecer a posição da empresa sobre os assuntos mais relevantes e também os mais polêmicos. Quando se trata de criar a cultura de inovação, a postura de líder comunicador se torna ainda mais importante, pois ele será o condutor, o guia, reforçando o caminho que a empresa está adotando.
É papel do líder também dar norte à sua equipe, posicionando constantemente o que a empresa espera do time. Pode parecer retrógrado, mas a comunicação cara a cara ainda é o melhor meio para isto. As reuniões, tão discriminadas, têm valor imenso quando se quer engajar todos em torno de um mesmo objetivo. Para não tornar este momento chato e que realmente poderia ser um e-mail, dá-lhe treinamento para as lideranças. Coloque também o feedback no rol de formações necessárias para um bom líder. Sim, o feedback, esta ferramenta que muitos têm dificuldade de pôr em prática, é um canal de comunicação importante porque dá a oportunidade de diálogo. Comunicação é isso: falar e ouvir.
COLABORAÇÃO
Trazendo um processo tão antigo como o da comunicação para o ambiente de startups, as metodologias ágeis, com a equipe cocriando este fluxo de informações, pode ser a chave. Em um ambiente colaborativo e diverso, trazendo para o contexto profissionais de diferentes áreas, cargos, idades, gênero, tempo de empresa e locais de trabalho, o time vai considerar possíveis ruídos, os hábitos das pessoas e o que é necessário saber da rotina de produção e do negócio como um todo, estabelecendo meios para que o diálogo aconteça da melhor forma. Assim, quando chegar o momento de escalar o negócio, a cultura da empresa não se perde. E aí, resta apenas celebrar as conquistas.
Aliás, está aí mais um importante meio de conversar com a equipe de forma descontraída. Pode não parecer, mas cada comemoração é um elemento forte de comunicação, um momento para reforçar os valores, os objetivos e o que se pretende como caminho para a empresa.
*A Associação de Dirigentes de Marketing e Vendas de Santa Catarina é parceira editorial do SC Inova do canal Inovação & Gestão, com artigos publicados quinzenalmente pelos diretores da entidades.
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