Mais de meio milhão de brasileiros iniciaram um negócio no setor de moda no país entre o primeiro semestre de 2020 e 2021. Parte deste movimento é de pequenos empreendedores dentro do ambiente digital, aumentando o terreno das “marcas nativas digitais verticais” (DNVB). / Foto: Charlota Blunarova (Unsplash)
[24.11.2022]
Por Vanessa Rouvier, Vice-presidente Grande Florianópolis da ADVB/SC e CEO da Le Scarpin
Falar sobre Moda, ao meu ver, é falar sobre tendências – e, talvez mais do que isso, é falar também sobre inovação. Você talvez esteja se perguntando o motivo dessa minha visão, mas eu explico: a moda sempre teve um papel muito importante na sociedade, é através dela que repensamos a nossa cultura de consumo, tornando-se assim um verdadeiro reflexo do momento que vivemos.
Esse “andar junto” da moda com as tendências é o que nos faz encontrar também novos caminhos – e isso vai muito além do que vestimos e calçamos. Você talvez não saiba, mas a moda é um dos setores que mais movimenta capital e gera empregos ao redor do mundo.
Um estudo recente realizado pelo Sebrae sobre o tema, utilizando dados da Receita Federal, revelou o incrível número de aproximadamente meio milhão de brasileiros que empreenderam no segmento de moda entre o primeiro semestre de 2020 e 2021. Esse número representa um aumento de mais de 15% se compararmos com os anos de 2018 e 2019.
É claro que olhar os números “puros” é também não ter um grande retrato sobre a realidade, mas quando nos atentamos ao fato de que esse aumento dos empreendedores aconteceu justamente dentro de um período de pandemia, mostra que o brasileirou encontrou, na moda, uma possibilidade de criar novos negócios.
O E-COMMERCE COMO ALIADO
Curiosamente, nesse momento, também aconteceu um fenômeno que possibilitou esse “boom” de empreendedores na área: enxergar no e-commerce um “acessório” indispensável em um mundo que fica cada vez mais conectado.
A oportunidade de levar seus produtos para novos lugares da própria cidade, estado, país ou mundo – os sonhos não podem e nem precisam ter limites, não é mesmo? – serviu como chamariz para que nascessem marcas que se aproximaram mais dos seus clientes em um momento onde saber manter o contato era fundamental.
DNVB – UM NOVO PASSO EM DIREÇÃO AO CLIENTE
É interessantíssimo para mim, também como empreendedora do segmento de moda, enxergar que esse movimento dos pequenos empreendedores encontra-se dentro do ambiente digital, aumentando cada vez mais o terreno das DNVBs (Digital Native Vertical Brand), também conhecidas como marcas nativas digitais verticais.
Esse processo, de uma marca vertical, significa que essas marcas englobam todos os processos que fazem parte de um negócio, indo desde a produção do que oferecem até o atendimento ao cliente. É importantíssimo dizer que esse pensamento vai muito além do que normalmente encontramos dentro do universo do e-commerce. Aqui, a experiência do cliente precisa ser memorável e diferenciada antes, durante e depois dele efetuar uma compra. Se pudéssemos resumir de uma forma ainda mais clara, é possível dizer que o e-commerce é um “meio”, enquanto a DNVB é o “todo”.
Esse processo pode parecer simples, mas impactou o mundo dos negócios, fazendo com que grandes marcas e conglomerados olhassem de uma forma diferente para a experiência que ofereciam aos seus clientes anteriormente. Antes, era preciso se adaptar a um novo cenário e a um público que tornava-se cada vez mais exigente na forma que era atendido quando realizava suas compras.
Agora, mais do que vender produtos, é preciso saber vender bem a sua própria marca, para que existam pontos de conexão essenciais entre você e os seus clientes. Assim, ele terá o interesse despertado continuamente, para que se identifique com os seus valores e, por fim, sinta-se confortável para adquirir o que você entrega.
ESTRATÉGIA SEMPRE SERÁ FUNDAMENTAL
O motivo de entender tanto sobre esse meio e estar aqui hoje é por eu também ser uma empreendedora que tem um DNVB de luxo, a Le Scarpin. O nascimento dessa marca se deu já dentro do universo digital – como é essencial para esse grupo – e teve seu crescimento justamente no contato diferenciado com o público, prestando um contato de qualidade com o cliente desde o primeiro atendimento até o momento em que eles finalmente recebem seus produtos.
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Esse crescimento, é claro, passou por importantes questões de estratégias dentro do marketing digital que possibilitaram um crescimento contínuo e natural, conseguindo dessa forma alcançar até mesmo grandes personalidades, como Anitta, Luisa Sonza e a saudosa Marília Mendonça.
A MODA, COMO SEGMENTO, TAMBÉM DITA A “MODA DO MERCADO”
Depois de ver mais sobre esses movimentos que aconteceram nos últimos anos, é possível ver de uma forma mais clara como as ações podem desencadear em resultados que não esperávamos – e isso é incrível.
O mundo encontrou, mesmo em momentos difíceis, novos caminhos para seguir girando e encontrando assim a possibilidade de seguir com seus sonhos vivos. A moda foi – e, de certa maneira e por certo ângulo, sempre será – um reflexo do que somos como sociedade e, ao mesmo tempo, uma constante luz que iluminará aqueles que tem dentro de si a criatividade e a força necessária para inovarem, transformarem e, por fim, tornarem-se referência sobre o que é moda.
*A Associação de Dirigentes de Marketing e Vendas de Santa Catarina é parceira editorial do SC Inova do canal Inovação & Gestão, com artigos publicados quinzenalmente pelos diretores da entidades.
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