“Queremos ser um ponto de referência em indústria 4.0 para o Brasil”

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“Queremos ser um ponto de referência em indústria 4.0 para o Brasil”

Entenda como a Vertical Manufatura da Acate, junto com outras entidades estaduais e nacionais, formou um cluster para levar inovação ao segmento industrial do país, que responde por 14% do PIB.

Entenda como a Vertical Manufatura da Acate, junto com outras entidades estaduais e nacionais, formou um cluster para levar inovação ao segmento industrial do país. 

[FLORIANÓPOLIS, 05.09.2021]
Reportagem: Fabrício Rodrigues – scinova@scinova.com.br

O conceito de indústria 4.0 – que engloba as principais inovações tecnológicas (computação em nuvem, robótica, internet das coisas etc.) aplicadas à manufatura – se tornou o grande paradigma do setor industrial em todo o planeta. Esta nova revolução, que nasceu como um projeto estratégico do governo da Alemanha, tem como premissas conectar estas tecnologias para melhorar processos, desenvolver produtos de maneira mais acelerada (na pegada das startups, que prototipam rápido para falhar ou acertar o quanto antes) e pensar novos modelos de negócios (como a indústria automobilística tem feito com os carros autônomos e compartilhados).

E o Brasil, como se integra a essa nova mentalidade produtiva? Esta é a missão na qual a Vertical Manufatura, criada em 2012 na Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), se inseriu nos últimos anos, em conjunto com outras entidades estaduais e nacionais, como a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a Associação Brasileira Internet Industrial (ABII), a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) e a Associação Comercial e Industrial de Joinville (Acij): “queremos ser um ponto de referência em indústria 4.0 para o Brasil“, resume Tulio Duarte Christofoletti, diretor da Vertical Manufatura e COO da HarboR, empresa com sede em Florianópolis que desenvolve soluções de controle de produção e qualidade para a indústria.

Com representantes de 53 empresas, a Vertical Manufatura é, entre as 13 que compõem o programa da Acate, a que conta com maior número de participantes. Quando ela começou, não havia a perspectiva tão clara sobre a indústria 4.0 e de algumas dessas novas tecnologias emergentes para o segmento, lembra Tulio.

“Começou um pouco devagar, com apenas sete integrantes, que não eram concorrentes diretos. Começamos a expandir o escopo e o entendimento sobre o uso de novas tecnologias na indústria e também para ajudar as empresas da região, a maioria de pequeno e médio porte, a enfrentar a concorrência da China e a aplicar esses novos conceitos da indústria 4.0 que os alemães disseminaram. Com o tempo, o grupo cresceu rápido, com participantes bem ativos em nossas reuniões”, destaca o empresário, que coordena a Vertical há quatro anos. O primeiro diretor foi Rafael Bottós, fundador da Welle Laser, fabricante de máquinas a laser.

Do total de participantes, 53% são microempresas, 30% são de pequeno porte, 4% de médio porte e 13% são grandes empresas – e 17% das integrantes atendem o mercado internacional. Nem todas são companhias de base tecnológica: há tradicionais representantes do setor têxtil como Altenburg e Marisol, além de universidades como UFSC e Univali.

Foi por meio das interações com a Vertical Manufatura que algumas empresas do estado começaram a repensar processos e iniciar projetos rumo ao conceito de indústria 4.0. Foi o caso da Tecnoblu, com sede em Blumenau e especializada na produção de tags, etiquetas e botões para o setor de confecção. Há alguns anos, a empresa convidou a Vertical Manufatura para falar sobre as inovações da indústria 4.0 em um evento e, a partir daquele debate, a Tecnoblu entendeu a necessidade de entrar neste novo ciclo produtivo.

“Tomamos a decisão de colocar a companhia no modelo de indústria 4.0  e o caminho a ser seguido está dentro da Vertical. São vários estágios que a empresa precisa passar, é uma trajetória difícil a ser seguida e, por meio do apoio da Vertical, conseguimos encurtar caminhos, conhecer outras empresas aqui do estado, que tem um porte semelhante ao nosso, e assim estamos criando a estrutura necessária para as implementações”, explica o empresário Sergio Pires, sócio da Tecnoblu.  

A empresa conta com 280 funcionários e tem unidades em Novo Hamburgo (RS) e Vitória de Guimarães (Portugal). “A integração ao conceito de indústria 4.0, de ter conectividade e visibilidade em tempo real de informações, é fundamental para o novo projeto de atendermos o mercado europeu. Não se trata apenas de robôs trabalhando, mas de conectar a empresa aos clientes. A Vertical foi muito importante para termos uma nova visão sobre todo esse processo“, complementa.

A própria Harbor tem se desenvolvido em função de soluções voltadas para a indústria 4.0. Em 2016, a empresa com sede em Florianópolis lançou no mercado um sistema (hardware + software) que cuida da execução da manufatura, mostrando com informações em tempo real (e acessíveis pela web à distância) o que acontece na linha da produção, calculando também perdas e problemas no maquinário. Algo que não era acessível a indústrias de pequeno e médio porte até então (em função de custos e complexidade operacional), mas que hoje já é utilizado por 55 empresas do país, que geraram ganho médio de 22% em produtividade, calcula Tulio.

Tulio Christofoletti, diretor da Harbor e da Vertical Manufatura: “acreditamos no valor do associativismo e é uma responsabilidade fazer a indústria 4.0 avançar no país”. / Foto: Fabrício Rodrigues

EVENTO EM JOINVILLE IMPULSIONA CLUSTER 4.0 NO PAÍS

Hoje, a indústria 4.0 é o tema que concentra as principais discussões da Vertical Manufatura. Tanto que a articulação saiu do ambiente catarinense e começa a ganhar contornos nacionais com a participação de outras entidades e a organização de eventos – como o “Imersão 4.0”, que acontecerá no Ágora Tech Park (Joinville), no dia 28 de maio e que terá como público alvo os decisores (diretores e gestores de empresas) da indústria de manufatura.

Em março passado, a Vertical participou de uma ampla reunião em Joinville junto aos demais participantes do Cluster 4.0 para definir o calendário de eventos e ações do grupo neste ano. O primeiro passo será com o “Imersão 4.0” que, na visão de Claudio Goldbach, diretor da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), pretende mostrar como “os provedores de solução terão que trabalhar em conjunto, como se fossem uma junta médica, sem viés comercial, para apresentar diagnósticos e tratamentos para as maiores dores observadas nas consultas”.

O evento terá a participação de especialistas de mais de 50 empresas de TI, que irão mostrar como a indústria 4.0 é viável e necessária ao país – uma vez que o setor industrial responde por 14% do PIB brasileiro.  

Como destaca Tulio Christofoletti, “nós temos liderado o grupo de Manufatura porque acreditamos no valor do associativismo e é uma responsabilidade fazer a indústria 4.0 avançar no país. Foi algo que o Paulo Narciso Filho, CEO e fundador da empresa, trouxe há alguns anos e começamos a estudar internamente, mas que é preciso compartilhar com a cadeia produtiva nacional e gerar inovação a partir disso”.  

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