Parcerias no ecossistema de SC ajudam healthtechs a desenvolver soluções no combate à Covid-19

Voce está em :Home-Inovadores-Parcerias no ecossistema de SC ajudam healthtechs a desenvolver soluções no combate à Covid-19

Parcerias no ecossistema de SC ajudam healthtechs a desenvolver soluções no combate à Covid-19

Segunda reportagem sobre o legado das healthtechs pós-pandemia, confira inovações de startups catarinenses como TNS, Wier e Sensorweb.

Nesta segunda reportagem de nossa série sobre o legado das empresas de tecnologia de saúde contra a pandemia, confira as inovações que transformaram startups catarinenses como TNS (foto), Wier e Sensorweb. / Fotos: Divulgação


[FLORIANÓPOLIS, 25.04.2022]

REPORTAGEM: Lúcio Lambranho, especial para Agência SC Inova
EDIÇÃO: Fabrício Umpierres, scinova@scinova.com.br 

O ecossistema de inovação em Santa Catarina facilitou a parceria entre duas healthtechs na busca de uma solução para um problema recorrente no setor hospitalar, mas que se tornou ainda mais necessário durante a pandemia. Foi da união de esforços entre a Neoprospecta e a Sensorweb que surgiu um sistema inteligente de higienização de mãos com potencial de reduzir o número de infecções hospitalares e surtos por bactérias ou vírus, como a Covid-19.

A Neoprospecta desenvolveu o primeiro protótipo do produto dentro de um edital de inovação (Senai Sesi de Inovação, 2014) que apesar de funcional, acabou tendo o projeto paralisado por algum tempo, em busca de parceiros e oportunidades de mercado. Mas em 2020, com a pandemia, com edital de fomento da Finep a Sensorweb e a Neoprospecta perceberam um aumento na relevância do problema. E a Sensorweb assumiu o desenvolvimento do produto para desta vez levá-lo ao mercado com tecnologias mais atualizadas, foco no combate à Covid e higienizadores de álcool-gel. 

A ideia é ter um sistema que permite rastrear de maneira confiável o horário de uso e a quantidade de vezes que cada profissional utiliza o higienizador e registrar essas informações em uma plataforma de inteligência que vai identificar as áreas com maior aderência e onde é preciso reforçar a orientação de higienizar as mãos, permitindo a gestão dos programas de combate de infecção hospitalar.

O projeto, no entanto, encontrou uma complexidade técnica e operacional maior do que a inicialmente prevista, mas que deve se manter atrativo ao mercado mesmo com a redução dos efeitos da pandemia.

“Solicitamos a extensão de prazo à Finep para que a equipe pudesse dedicar mais esforços e recursos ao aperfeiçoamento do produto. Hoje estamos com um piloto em execução e trabalhando no aperfeiçoamento do processo produtivo. Mesmo com a passagem do pico da pandemia, pudemos ter o entendimento de que a temática será permanente, com o ‘novo normal’ exigindo um cuidado contínuo na prevenção à contaminação”, explica o CTO da startup, Victor Rocha Pusch

Fundadores da Sensorweb, Douglas Pesavento e Victor Rocha. Startup assumiu projeto inicialmente desenvolvido por outra para atualizar tecnologia.

Entre as dificuldades enfrentadas pela empresa durante a execução do projeto e com impacto direto no desenvolvimento do sistema foi a dificuldade em acessar pessoas-chave nas unidades de saúde, pois durante muito tempo estiveram sobrecarregadas com o impacto da pandemia e muito focadas em atingir resultados rápidos e práticos. “Por termos um produto ainda em desenvolvimento, necessitando ainda de ciclos de teste e melhoria, não tivemos as oportunidades que precisávamos”, avalia Pusch.

Além disso, afirma o empreendedor, uma crise internacional no fornecimento de componentes eletrônicos, com lockdowns em cidades importantes como Wuhan e Shenzen, também prejudicou a importação de módulos necessários ao projeto, o que exigiu reprojeto de alguns conceitos, para uso de tecnologias mais prontamente disponíveis.

“Como impacto indireto, durante a pandemia o mercado de trabalho para profissionais da área de tecnologia esteve bastante aquecido, fazendo com que a empresa tivesse dificuldades em encontrar profissionais-chave para participar do projeto. Mas sem a ajuda financeira do governo federal, muito provavelmente este projeto estaria ainda paralisado ou sendo desenvolvido de maneira muito mais lenta”, destaca.

“APPLE DO OZÔNIO” 

Usando como referência a empresa considerada como uma das mais inovadoras no mundo da tecnologia, a Wier quer ser conhecida no mercado como a “Apple do ozônio”. A startup de Florianópolis foi uma das healthtec que mais cresceram no mercado nacional com produtos voltados ao combate à pandemia. A empresa cresce 500% com tecnologia de plasma frio e ozônio para descontaminar ambientes. A entrada no mercado chegou por meio da rápida certificação dos equipamentos que a empresa já produzia, realizada após testes em laboratório de Biossegurança Nível 3, da USP. Depois destes testes, os equipamentos da Wier alcançaram a inativação de mais de 99,9% do vírus Sars-CoV-2. 

recursos foram fundamentais para que a gente pudesse de fato fazer inovação no Brasil
Bruno Mena, da Wier: “recursos foram fundamentais para que a gente pudesse de fato fazer inovação no Brasil”. / Foto: Divulgação

Para Bruno Mena, CEO da empresa, esse salto só foi possível com a ajuda dos três editais que a empresa ganhou da Finep. “Esses recursos foram fundamentais para que a gente pudesse de fato fazer inovação no Brasil e de algo que foi para o mercado e que vai gerar valor mesmo num cenário pós-pandemia. Isso corrobora a nossa visão de sermos a Apple do ozônio com o domínio das tecnologias de plasma frio e do ozônio”, avalia Mena.

Com as novas oportunidades de vendas dos produtos, a empresa pretende continuar crescendo 10% em 2022, 15% em 2023 e mais 20% em 2024.  Como mostrou o SC Inova em junho de 2201, a Wier tem clientes em todos os estados do Brasil e em outros 20 países e já comercializou mais de 30 mil equipamentos – segundo a empresa, a solução já impactou mais de 5 milhões de pessoas. 

Em 2020, a Wier cresceu 500% em relação ao ano anterior e, para 2021, a previsão é de dobrar o faturamento – na equipe, são cerca de 50 colaboradores. Sem investimento externo, a empresa deu seus primeiros passos por meio do programa Sinapse da Inovação, iniciativa do Governo do Estado de Santa Catarina e da Fapesc. Em 2014, foi incubada no Celta e selecionada para aceleração no programa Scale-Up Endeavor.

Até 2019, grande parte do crescimento foi puxado pelos produtos de descontaminação de ambientes e tratamento de água e efluentes. No mesmo ano, lançou uma linha residencial, com produtos de combate ao mofo e microorganismos em alimentos, ambientes e até mesmo na água da piscina, diminuindo os efeitos negativos do cloro.

INVESTIMENTO PRÓPRIO PARA TESTAR NOVO PRODUTO 

Em apenas quatro semanas, a TNS Nanotecnologia, empresa de Florianópolis incubada no CELTA, desenvolveu um produto virucida e antimicrobiano contra vírus envelopados (como o novo coronavírus) e não-envelopados com eficácia de até 99,999%. Com mais duas semanas, a startup conseguiu fazer com que o Protec-20 chegasse à marca de três toneladas do produto concentrado. 

A solução feita a partir de nanopartículas de prata para eliminar a propagação de diferentes vírus em diversos meios passou por testes realizados em laboratório especializado e se baseiam na norma ISO 18184, que dispõe sobre antiviral para produtos têxteis. Com a certificação, a empresa ganhou novos mercados e cresceu seu faturamento em 50%, como mostrou o SC Inova em maio de 2020.  

O desenvolvimento do produto ganhou, a certificação e escalonamento de aditivo antiviral livre de metais capaz de inibir coronavírus para aplicação em polímeros, têxteis e superfícies recebeu R$ 2,1 milhões do edital da Finep.

O principal problema, segundo Gabriel Nunes, da TNS, foi não conseguir contar, no auge da pandemia, com as universidades e os centros de pesquisas públicos de ponta no país.

“A parceria com a Finep foi imprescindível e determinante. Foi um grande catalisador para inserir o produto no mercado”, avalia Gabriel Nunes, diretor da TNS. O projeto teve uma contrapartida da empresa, especialmente diante das dificuldades criadas pela pandemia. O principal problema, segundo Nunes, foi não conseguir contar, no auge da pandemia, com as universidades e os centros de pesquisas públicos de ponta do Brasil. 

“Grande parte dos testes que gostaríamos de realizar para trazer celeridade e entregar a solução antes do prazo simplesmente não aconteceram. Caso a TNS e os sócios não fizessem um investimento por fora do projeto, além da contrapartida, para avaliar a performance do aditivo em outros laboratórios não públicos, nós estaríamos muito atrasados no cronograma. E pasmem, essas universidades ainda estão em lockdown e não abertas para fazer as pesquisas na celeridade que a gente precisa”, reclama o empreendedor.

LEIA TAMBÉM: