“Nos últimos anos, assistimos a uma crescente preocupação da promoção da arquitetura e do urbanismo relacionados ao bem estar”, comenta o empresário Daniel Dimas (foto).
[05.01.2020]
por Daniel Dimas*
A tecnologia e a inovação são aliadas da construção civil não apenas na busca pelo aumento de produtividade e a redução de desperdícios, mas também na criação de produtos de excelência alinhados às altas expectativas dos consumidores. O setor, tradicionalmente resistente à inovação, já foi considerado o segundo mais atrasado digitalmente no mundo, segundo estudo da Harvard Business Review citado aqui no portal. Nesse contexto, ainda há muito a avançar.
Mas também há bastante a comemorar. Nossa empresa decidiu apostar alto na inovação há quase uma década, quando isso ainda não era comum no setor. Buscamos proximidade com o segmento de tecnologia de Florianópolis para identificar soluções que melhorassem processos, oferecessem soluções diferenciadas aos consumidores e aumentassem a eficiência no canteiro de obras.
É um caminho sem volta. Hoje, investimos aproximadamente 2% do faturamento anual em inovação e o resultado da estratégia é visível, com melhorias nos processos de todos os setores da empresa – do canteiro de obras às vendas.
Nas obras, um painel de controle apresenta dados sobre suprimentos – o que inclui projeção de demandas e controle de compras -, cumprimento de tarefas, disponibilidade de pessoal e quantidade e qualidade dos serviços executados. Também há controle próximo e ágil do planejamento de médio prazo, o que facilita, por exemplo, a definição da necessidade de mão de obra para diferentes etapas da construção do empreendimento. As ferramentas melhoram o controle do orçamento e do cronograma de trabalhos.
Mas a inovação não deve ficar restrita a equipamentos, controles e ganhos de eficiência. Ela precisa impactar positivamente a vida das pessoas.
Isso já vem ocorrendo. Nos últimos anos, assistimos a uma crescente preocupação da promoção da arquitetura e do urbanismo relacionados ao bem estar (movimento que vem de antes da pandemia, quando surgiram as ideias de gentilezas urbanas na arquitetura e das cidades para as pessoas). O passo seguinte, óbvio, já foi dado, com a criação de projetos que têm o morador ou usuário, no caso de imóveis comerciais, no centro da preocupação de engenheiros e arquitetos.
Faltava ao setor uma forma de “medir” e normatizar esse trabalho. O recém-lançado D/Mys, no bairro do Estreito, em Florianópolis, será o primeiro de Santa Catarina a receber a certificação Fitwel, dada a projetos que visam o bem estar dos moradores e ocupantes de um edifício.
A certificação nasceu em 2014, ainda como projeto do governo americano, com o objetivo de promover uma estratégia preventiva de saúde pública. Hoje, a operação é do Center for Active Design (CFAD), uma organização sem fins lucrativos que se dedica a reorientar o foco das práticas de design e planejamento urbano para apoiar uma vida saudável e melhorar a qualidade de vida.
O Fitwel possui mais de 60 estratégias que podem ser usadas na construção civil, baseadas em mais de 3 mil estudos acadêmicos, em uma espécie de guia para o bem estar, mostrando que as condições físicas do ambiente podem ajudar a promover práticas mais saudáveis.
Para isso, muitas vezes intervenções simples já fazem toda a diferença. Neste empreendimento, os projetos de engenharia vão contemplar soluções que limitem a propagação de ruídos, melhorem a ventilação e aumentem o conforto térmico, ofereçam espaços de convívio social e incentivem hábitos de vida saudável, com a oferta de bicicletas compartilhadas e a criação de ambientes que estimulem o uso de escadas.
A inovação pode transformar a vida das pessoas. Cabe a cada um de nós fazer o necessário para que essa mudança seja para melhor.
*DANIEL DIMAS é diretor da Dimas Construções, com sede em Florianópolis
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