Um ambiente físico de qualidade deve funcionar com um hardware e um software voltado a gerar conexões e resultados efetivos. Estamos chegando à era da pós-inovação, onde o hype não basta. / Foto: Thiago Araújo
Por Jean Vogel*
O Ágora Tech Park, e mais especificamente o Ágora HUB – o Centro de Inovação do parque tecnológico, completou dia 28 de outubro, 7 meses de funcionamento. E nesse momento máquinas já trabalham na construção de nosso segundo prédio, o Ágora MOB, que contará com novos 6 mil metros para instalação de empresas e iniciativas de inovação, tecnologia, empreendedorismo e gastronomia – serão seis operações, que somam-se às três existentes no HUB, para oferecer um ambiente de convivência, conexão e happy hour.
No mesmo dia, a Associação Brasileira de Startups (ABStartups) divulgou a lista dos pré-finalistas de seu prêmio nacional, o Startup Awards, na qual o Ágora está entre os 10 principais hubs de inovação do país, uma indicação feita por voto popular. Como evidência do desenvolvimento do ecossistema do norte catarinense nos últimos, a região conta com a presença da comunidade empreendedora local, o Join.valle, e investidores e mentores indicados em outras categorias. Reflexo de um crescimento conjunto, desenvolvido a partir de redes.
Desenvolver um ambiente de inovação, e em nosso caso, um parque tecnológico, não é tarefa simples e trivial. Muito mais que o hardware – infraestrutura e ambientes físicos, o software é o elemento mais importante. Assim como na maioria dos dispositivos eletrônicos, é o software, um conjunto de instruções, regras e alternativas de funcionamento, que dá vida aos componentes físicos. Sem ele, um computador seria apenas um objeto sem função.
Assim também é nos ambientes de inovação. Sem um funcionamento alinhado, com regras de uso e, principalmente, instruções que fomentem a colisão de demandas, oportunidades e ideias, e a conexão de pessoas, empresas e instituições, seriam apenas espaços físicos e tradicionais, como qualquer prédio comercial no centro da cidade. Neste sentido, percebemos que o Ágora cumpriu um papel muito importante de ser um “agregador” do ecossistema local, ao receber 150 eventos, reuniões e encontros nos primeiros 150 dias de operação.
Sem fomentar a colisão de oportunidades, ideias e a conexão de pessoas, empresas e instituições, os ambientes de inovação seriam como qualquer prédio comercial no centro da cidade.
Fazer isso exige tempo, disposição e um constante processo de aprendizado. Afinal, estamos diariamente tratando de demandas do mercado privado, desde ideias que ainda não viraram um negócio, até multinacionais. Trabalhamos também com a academia, seja ela pública, privada ou comunitária. Com o poder público e com a sociedade em geral. Cada um destes atores possui seu mindset, demandas e objetivos únicos, entender e atuar como elo de conexão, auxiliando no processo de cooperação entre estes diferentes mundos é, e deve ser o principal papel de um ambiente, ou habitat de inovação.
Neste cenário há ainda um componente extremamente delicado: o protagonismo. Entendê-lo e zelar para que cada ator tenha o seu, é fundamental para que o ambiente se mantenha neutro e se transforme em um local onde todos estejam dispostos e abertos a cooperar. O ambiente não pode aparecer mais que seus clientes e parceiros.
A mindset do Ágora está direcionado a estas premissas, focado em oferecer um ambiente físico de qualidade: um hardware e um software voltado a gerar conexões e resultados efetivos, fugindo um pouco do hype e tratando a inovação e a tecnologia como meios para alcançar resultados, e não como ferramenta de marketing, pois quando esta “onda” passar e as empresas passarem a olhar a última linha, vamos começar uma nova fase, que talvez possamos chamar de “pós-inovação”, mas aí já é tema para abordarmos na próxima matéria.
Até lá, fica aqui uma pergunta: vocês acham que hoje a inovação é vista como marketing ou como ferramenta de resultado?
*Jean Vogel é diretor executivo do Ágora Tech Park
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