Health Chess, de São José, cresce com sistema de gestão e faturamento para médicos e cooperativas

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Health Chess, de São José, cresce com sistema de gestão e faturamento para médicos e cooperativas

Criada há pouco mais de cinco anos, empresa fatura R$ 2 milhões ao ano auxiliando profissionais de saúde no gerenciamento de rotinas e finanças

Criada há pouco mais de cinco anos, empresa fatura R$ 2 milhões ao ano auxiliando profissionais de saúde no gerenciamento de rotinas e finanças

No mercado de tecnologia para o setor de saúde, a “corrida do ouro” das startups (health techs) passa geralmente por soluções voltadas a grandes laboratórios, hospitais, indústria farmacêutica ou mesmo inovações focadas no paciente. Mas há também outras demandas neste mercado, tecnologicamente até mais modestas, com alto potencial de negócio. Por exemplo, sistemas de gestão voltado a profissionais de saúde autônomos e cooperativas de médicos. É nesta ficha que a startup Health Chess Tecnologia, com sede em São José (SC), tem apostado – e com sucesso – no mercado nacional.

A ideia partiu de um médico anestesologista, Gustavo Luchi Boos, e foi posta em prática em 2012 por dois profissionais da área de TI, os analistas de sistemas Edimar Chipil, 33 anos, e Ezequiel Weingartner Rodrigues, 30 anos, hoje os responsáveis pelos dois sistemas desenvolvidos pela Health Chess. Enquanto Edimar, CIO, cuida do software utilizado individualmente pelos médicos, Ezequiel (CTO) lidera o time de produto voltado às cooperativas. Ao todo, a empresa conta com 19 colaboradores, atende cerca de 5 mil profissionais de Medicina no Brasil e fatura R$ 2 milhões ao ano.

“Começamos desenvolvendo um formulário, algo bem simples, voltado para anestesiologistas. Com o tempo, fomos agregando outros módulos, como gestão de faturamento e laudos para parte clínica”, conta Edimar, CIO da Health Chess. A adesão à plataforma foi muito rápida. Nos primeiros seis meses de atuação, já tinham como clientes os principais grupos médicos e cooperativas de anestesiologistas da Grande Florianópolis – o interesse trouxe também os primeiros sócios investidores, também da área de saúde. Em dois anos, levaram a solução para profissionais de quase todo o Brasil. Ao todo, 72 grupos e 13 cooperativas de médicos – que atuam em grandes clínicas e hospitais como o Sírio Libanês e o Albert Einstein – utilizam o sistema.

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Para vencer o grande volume de soluções de gestão concorrentes, a saída foi inserir o máximo de funcionalidades no sistema, desde o agendamento de consultas até a anamnese (parte clínica), o envio de arquivos de faturamento e o retorno financeiro ao médico. Como se trata de um perfil de profissional independente, que faz um grande volume de procedimentos, não raro a gestão financeira acaba sendo um tanto caótica.

“Um grupo de 20 médicos chega a fazer até mil cirurgias em um mês. Os profissionais de endoscopia atendem dezenas de pacientes num só dia. Então ele precisa de um sistema completo de gerenciamento senão pode perder muito dinheiro. E se ele tem segurança nessa gestão, consegue dar mais atenção ao paciente”, resume o CIO. Uma das principais dores deste mercado é a identificação das glosas, a falta ou atraso de pagamento ou o questionamento de operadores de saúde com relação a procedimentos, medicamentos e materiais. Somente no ano passado, o sistema conseguiu identificar um total de R$ 4 milhões que poderiam ser glosados e que foram repassados aos profissionais.

O CIO Edimar Chipil: tamanho e complexidade do mercado brasileiro é desafio, mas também oportunidade, para o crescimento da statup. / Fotos: Health Chess / Divulgação

“Há na atividade médica uma produção muito grande de documentos que não raro, são extraviados. O potencial de aumento de receita varia muito de acordo com cada grupo, mas já vimos casos em que isso chegou a representar até 30% dos recursos. Agregamos inovação, segurança, rentabilidade, produtividade e organização, em tempo real”, afirma Edimar.

O modelo é de assinatura mensal por usuário, que varia entre R$ 180 a R$ 220 – o valor é cobrado apenas dos profissionais de medicina (residentes, secretárias ou administradores que eventualmente utilizem o sistema não precisam pagar). Além de permitir o controle efetivo dos processos internos e externos da atividade médica, o sistema está integrado com as tabelas de procedimentos médicos como a da Associação Médica Brasileira (AMB), Sistema Único de Saúde (SUS) e Classificação Brasileira Hierárquica de Procedimentos Médicos (CBHPM).

Nos primeiros anos, a empresa conseguia dobrar anualmente o volume de médicos utilizando o sistema. Com a crise, não foi possível manter o ritmo, mas ainda há um mercado gigantesco a ser explorado, afirma Edimar: “hoje temos um universo com mais de 430 mil profissionais no Brasil que podemos atingir. Tivemos oportunidades na Argentina e no Uruguai, mas nosso foco no momento é no mercado nacional. Precisamos mostrar que fazemos bem aquilo que propomos, depois partiremos para a América Latina”.

Outro fator que torna o Brasil um mercado estratégico para a empresa é a complexidade do sistema de faturamento médico, que por um lado serve como barreira de entrada a concorrentes internacionais. “A gama de convênios aqui no Brasil é muito grande, isso gera muitas configurações para o sistema. Em outros países o mercado é mais concentrado e fica mais fácil. A realidade aqui é complexa, tivemos um empenho muito grande para desenvolver nosso software. Tanto é que, há alguns anos, uma grande empresa da Dinamarca tentou implementar um sistema aqui no Brasil e não conseguiu”, recorda Edimar.

Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br