Entrevista: Fapesc espera investir cerca de R$ 200 milhões em fomento a pesquisa e inovação em SC em 2024

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Entrevista: Fapesc espera investir cerca de R$ 200 milhões em fomento a pesquisa e inovação em SC em 2024

Para o presidente da Fapesc Fabio Wagner Pinto, desafio é “mostrar capacidade de execução” para ampliar orçamento e buscar mais recursos

Para o presidente Fabio Wagner Pinto, desafio é “mostrar capacidade de execução” para ampliar orçamento e buscar mais recursos, via empresas mistas e outras fontes de financiamento. Confira a exclusiva ao SC Inova. / Foto: Divulgação


[FLORIANÓPOLIS, 07.03.2024]

Por Fabrício Umpierres, editor – scinova@scinova.com.br 

Depois de um 2023 de transição no governo estadual, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) prevê um ano com maior capacidade de investimento e captação de recursos. No ano passado, a autarquia executou um orçamento de R$ 155 milhões e, para 2024, a perspectiva é ampliar os recursos para algo entre R$ 200 e R$ 220 milhões, afirmou o presidente Fabio Wagner Pinto em entrevista exclusiva ao SC Inova.  

Uma parte significativa dos recursos empenhados em 2023 foi para o maior projeto de investimentos da história da entidade: mais de R$ 111 mihões aportados para estruturação de laboratórios (infraestrutura e aquisição de equipamentos) em 19 instituições de ensino superior em 14 cidades de Santa Catarina. Deste total, R$ 80 milhões foram alocados em 2023. “Para este ano, queremos ter na manga mais projetos para buscarmos uma ampliação de nossa meta de recursos”, detalhou Fabio.

Nesta entrevista, ele aborda também a relação da autarquia catarinense com a financiadora pública de projetos de CT&I do país, a Finep, o potencial de pesquisa em diversas regiões do estado e uma iniciativa em conjunto com o setor privado para apoiar a internacionalização de empresas inovadoras de Santa Catarina.

SC INOVA – Presidente, como você avalia esse primeiro ano de gestão à frente da Fapesc, em ano de transição de governo, e o que está sendo planejado para 2024?

FABIO WAGNER PINTO – É uma oportunidade ímpar estar à frente de uma área no governo que costuma trazer boas notícias, como lançamento de editais de fomento a empreendedores e pesquisadores. 2023 foi um ano de aprendizado, com muitas mudanças administrativas, onde fomos conhecer as necessidades do setor e também buscar conexões com entidades como a IAI (organização intergovernamental formada por 19 estados-membros das Américas) e o Belmont Forum (grupo internacional de organizações e órgãos de fomento à pesquisa) para pensar em políticas públicas e pesquisas sobre mudanças climáticas. E para nos preparar para essa emergência, precisamos levar pesquisa e inovação para áreas como proteção e defesa civil. 

Nós chamamos as universidades e fomos mapeando as oportunidades e necessidades, onde faltam laboratórios para enfrentar a dengue, problemas ambientais etc. Lançamos um grande edital para os laboratórios das IES, nunca teve nada nesse porte, que também inclui a nova versão da plataforma que mostra as pesquisas realizadas em cada laboratório – a ideia é ser mais compartilhado, termos multiusuários.

Santa Catarina é um dos poucos estados que tem uma política orçamentária de investir 2% do ICMS em programas de ciência, tecnologia e inovação. E quem utiliza esses recursos? Entidades como Epagri e Fapesc. Temos que mostrar capacidade de executar esses recursos. Em 2023, executamos um orçamento de R$ 155 milhões. Para 2024, estimamos um pouco mais, entre R$ 200 e R$ 220 milhões. Quero ter cartas na manga para abraçar mais do que isso, quem sabe chegar até R$ 250 milhões. Por isso, estamos conversando por exemplo com a Celesc, que tem verbas de investimento obrigatório da Aneel, para projetos como a eletrificação da frota, entre outras entidades. 

“Para este ano, queremos ter na manga mais projetos para buscarmos uma ampliação de nossa meta de recursos”, diz o presidente da Fapesc. / Foto: Divulgação

SC INOVA –  Quais os próximos passos em termos de foco para investimentos? 

FABIO WAGNER PINTO – Lançamos recentemente editais para mulheres empreendedoras e pesquisadoras (leia mais aqui). O Mulheres+Tec está na terceira edição e já apoiou projetos muito importantes – como o da NanoScoping, que já tem 10 anos de desenvolvimento, tem presença global mas que naquele momento o recurso foi fundamental. Um projeto que saiu do laboratório da universidade para o mercado e que foi reconhecido no ano passado em premiação da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

No dia 29.02 apresentamos um edital para pequenas e médias empresas fazerem registro de patentes (proteção de desenho industrial e softwares). Propriedade intelectual é fundamental, porque registrar a ideia dá dinheiro. E como fazer? Entender as necessidades das PMEs e usar a “escola” do INPI para fazer esse registro, liberando recursos para gerar mais patentes. Neste primeiro edital, vamos seleconar até 30 ideias [as propostas aprovadas receberão até R$ 35.000,00 e os selecionados terão capacitação e mentoria do INPI]

Em paralelo, temos uma série de movimentos de internacionalização, envolvendo a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), com o Canadá e a comunidade europeia, trabalhando em editais nesse sentido. Os Centros de Inovação podem agregar com suas empresas e incubadas, como elas podem vender serviços e produtos para o exterior.

SC INOVA –  E como está a relação com a FINEP? Há perspectivas de novos projetos cofinanciados para o ambiente de inovação em SC?

FABIO WAGNER PINTO – A relação é excelente, a FINEP tem o escritório do Sul aqui em Florianópolis e estamos muito próximos. No dia 26 de março vamos lançar na FIESC o Tecnova 3, um programa de fomento a ideias e promoção empreendedoras, para aceleração de projetos e com foco também em internacionalização. Serão R$ 30 milhões, sendo R$ 20 milhões de recursos federais e os outros R$ 10 milhões com recursos do estado.  

Nem todas as fundações estaduais de amparo à pesquisa no país tem essa política de investimento de parte do ICMS em CT&I, então estamos com muitas oportunidades. Essa é a cultura do estado.