Evento ajudou a “furar a bolha” do ambiente de inovação local levando 4 mil pessoas, quase 10 vezes o público das últimas edições, para conhecer tendências tech, startups e fazer negócios. / Fotos: agência SC Inova
[JOINVILLE, 10.11.2023]
Por Fabrício Umpierres, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br
Um dos indicadores de evolução de um ecossistema de inovação é o nível de engajamento da comunidade local. Estes ambientes tech nascem em bolhas, dentro de empresas, de universidades e grupos sociais de empreendedores e profissionais liberais. Deste caldo, surge a necessidade de compartilhar conhecimento e fazer negócios, o que explica a importância da realização de eventos para consolidar esse movimento chamado “ecossistema”, que precisa da participação, em consonância, do setor público, privado, academia e, óbvio, da população local.
Nesse aspecto, o crescimento de público (e da abrangência) visto na 10a. edição da ExpoInovação – evento liderado pela Softville e correalizado pelo Sebrae/SC nos dias 7 e 8 de novembro, com diversos outros apoiadores – aponta para uma notável evolução no engajamento social do ecossistema de Joinville. Ao longo de dois dias, cerca de 4 mil pessoas lotaram o ExpoCentro em um ambiente aberto unindo a feira de negócios a cinco palcos com trilhas de conhecimento, em áreas como produto/tecnologia, gestão de pessoas e marketing.
Este volume de público superou em quase dez vezes a média de público dos eventos de anos anteriores, que aconteciam em espaços para cerca de 500 pessoas.
“Joinville é uma cidade rica e precisa de um grande evento. Saímos em 2019 com muita empolgação da Expoinovação e tínhamos muita confiança para a edição seguinte, mas a pandemia impediu. Começamos fazendo os primeiros encontros para 300 pessoas, superamos a Covid, levamos 500 pessoas no último evento – mas o potencial era para muito mais”, ressaltou na abertura o presidente do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia, professor Modesto Hurtado Ferrer.
Ele não citou 2019 por acaso. O ano é considerado um marco para o ecossistema com o início das operações do Ágora Tech Park, um parque tecnológico integrado ao maior complexo empresarial multissetorial da América do Sul (Perini Business Park) e que conta hoje com mais de 100 operações, integra empresas de serviço a startups, entidades do ecossistema e soma 1,5 mil empregos gerados, com faturamento anual em torno de R$ 800 milhões (o que representa 2% do PIB do município). No evento, o Ágora – um dos patrocinadores do evento – apresentou o projeto de seu novo prédio, o UNI, que servirá como um laboratório aberto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para conectar empresas a universidades e o ambiente de inovação. A inauguração será em meados de 2024.
Na feira de negócios da ExpoInovação, dezenas de startups locais e empresas de serviço conectadas ao ecossistema dividiram espaço com grandes empresas locais que já estão desenvolvendo projetos de inovação aberta. Nos palcos com programação paralela, faltaram cadeiras em muitas palestras de profissionais que atuam na região e que estão liderando projetos inovadores – o que mostra uma sede dos participantes em agregar referências e novos conhecimentos.
“Um ecossistema é construído por muitas mãos e entidades, e o empreendedorismo inovador é fundamental para melhorar competitividade. Estamos vivendo um marco para a cidade”, destacou Jayme Dias, gerente regional Norte do Sebrae/SC, na abertura da Expoinovação. Mapeamento de startups lançado pelo Sebrae em 2023 mostra que Joinville se consolidou como segunda cidade do estado em volume de novos negócios inovadores: o Startups Report Santa Catarina 2023, mostrou que a cidade do Norte catarinense tem hoje 253 startups, o que representa 13% do total deste perfil de empresa em SC.
SANDBOX PODE ESTIMULAR INOVAÇÃO LOCAL
Um incentivo para o ecossistema foi a promulgação, no dia 16 de outubro, do sandbox municipal. A nova lei, proposta pela Prefeitura e com emenda elaborada pelo vereador Alisson Julio, prevê espaços para que empresas startups possam testar produtos, modelos e tecnologias antes de inseri-los no mercado, com isenção e redução de impostos municipais. As empresas poderão fazer uso temporário de espaços públicos, abertos ou fechados, como áreas em distritos industriais, universidades e incubadoras tecnológicas.
“Esta é uma lei que vem para desburocratizar e incentivar inovações. O mais importante para o empreendedor é a liberdade para inovar”, afirmou o prefeito Adriano Silva, que lembrou do avanço de Joinville no Índice de Cidades Empreendedoras divulgado neste ano pela Endeavor e a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP): em terceiro lugar, a “Manchester catarinense” divide o pódio com a líder São Paulo e Florianópolis, segunda colocada.
O secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcelo Fett, resumiu o papel que o governo pretende ter com os players locais: “queremos cocriar políticas públicas para um ecossistema que já é maduro, como Joinville. Essa é a receita para desenvolver um estado cada vez mais produtivo”.
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