Agrotech criada em Florianópolis em 2021 pretende atender mil produtores com uma nova cadeia produtiva para o setor de criação de peixes e camarão no Brasil.
FOTO: Jorge Oliveira (CEO) Filipe Martins (CTO) e Álvaro Leal – Sócio Fundador
[FLORIANÓPOLIS, 22.08.2022]
Lúcio Lambranho, especial para o SC Inova
Em novembro de 2021, três jovens empreendedores perceberam que os problemas enfrentados pelo trio na produção de camarão em cativeiro em uma fazenda no sul da Bahia eram os mesmos dos demais criadores do crustáceo no país. Principalmente após o aumento mundial dos preços das commodities agrícolas com a pandemia, insumos que fazem parte dos produtos de nutrição usados pelo setor aquícola nacional.
Da fazenda Maricanes em Canavieiras (BA) nasceu a Meu Pescado, agrotech criada em Florianópolis e que tem uma solução de gestão para fazendas de criação de peixe e camarão. Em menos de um ano, a comercialização da plataforma já conquistou 100 propriedades como clientes e a startup anunciou na última semana uma rodada anjo, liderada pelo fundo Aimorés com participação da Bossanova Investimentos.
“O Meu Pescado nasceu de uma necessidade de dois dos três sócios da empresa. Ao criar a empresa não imaginávamos que a nossa dor era a dor de inúmeros produtores no país, isso fez com que, um projeto inicial focado apenas para nossa propriedade, se tornasse uma solução para inúmeros produtores no Brasil”, explica Álvaro Leal, um dos fundadores da empresa.
Esse projeto desafiador fez com que ele e Alexandre Giraldi, engenheiros de formação e criadores de camarão se unissem ao coordenador de projetos e também engenheiro Jorge Oliveira para mudar e contribuir para o avanço nas comercializações do setor. “O ramo aquícola movimenta em torno de 10 bilhões de reais por ano no Brasil e passa por momentos difíceis, principalmente devido ao aumento das commodities”, completa Álvaro.
Desde junho deste ano, a empresa faz parte do Programa Jornada Startups 2022 e foi uma das 141 selecionadas no projeto desenvolvido pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e o Sebrae/SC. No programa, empresas em estágios que vão da ideação até a fase de operação buscam validar seus modelos de negócio e gerar demanda pelas suas soluções.
A relação da empresa com o ecossistema catarinense aconteceu naturalmente, pois os três sócios são nascidos em Florianópolis. Em 2004, conta Leal, eles receberam um convite do governo do estado da Bahia para produzir nesta área e resolveram investir na produção de camarão na fazenda no sul do estado nordestino, base para o novo negócio de gestão dos três catarinenses.
“Antes do surgimento da empresa não houve nenhuma incubadora ou qualquer curso de formação, porém isso de deve ao fato de que nossa operação surgiu a aproximadamente um ano, e desde então tudo vem acontecendo com muita agilidade. Estar presente em Santa Catarina é um grande privilégio para a nossa empresa. Há de fato um ecossistema presente no estado que contribui muito para o nosso avanço e de outras startups. O Sebrae SC, por meio do Alexandre Souza, faz um trabalho encantador no estado”, ressalta Leal, que também ´é responsável .
PRÓXIMOS PASSOS: CONECTAR CADEIA PRODUTIVA DO PAÍS
Com o investimento, a empresa pretende estar em todos 27 estados e alcançar a marca de 1.000 propriedades clientes “em um curto período de tempo” com a união da vários elos da cadeias produtiva. “Além de continuar atuando na gestão das propriedades, através de uma ferramenta de gestão, o Meu Pescado tem como objetivo ampliar a conexão entre compradores e produtores, facilitando e profissionalizando a forma de comercialização do setor.
Atualmente, grande parte da produção nacional é levada a Centrais de Abastecimento (CEASA) em todo o Brasil. Com nossa operação, elos da cadeia anteriormente não existentes, podem se conectar, encurtando caminhos e facilitando a transação comercial. Toda essa operação acontece com o selo de garantia Meu Pescado, que envolve requisitos legais, como: fiscal, ambiental, rastreabilidade do produto e confiabilidade”, aponta o sócio fundador sobre a nova estratégia da agrotech.
A empresa Aprimore Agro, proprietária da marca Meu Pescado, não recebeu apoios do setor público ou privado no desenvolvimento do projeto antes da divulgação do investimento anjo. “Todo o inicio do projeto foi suportado e financiado pelos próprios sócios fundadores. O apoio desses fundos que acreditaram no nosso projeto está acelerando nossa operação”, afirma o CEO, Jorge Oliveira. O investimento, segundo o sócio, não pode ser divulgado.
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