Criação de rede de incubadoras estimula desenvolvimento de startups e ecossistemas regionais em SC

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Criação de rede de incubadoras estimula desenvolvimento de startups e ecossistemas regionais em SC

Após 23 anos de atuação na Grande Florianópolis, MIDITEC expande metodologia para as incubadoras de Joinville, Blumenau, Brusque e Chapecó.

Após 23 anos de atuação na Grande Florianópolis, MIDITEC (mantida por ACATE e Sebrae) expande metodologia para as incubadoras de Joinville, Blumenau, Brusque e Chapecó. Modelo, que prevê compartilhamento de mentores e consultores, é inédito no país. 


[FLORIANÓPOLIS, 22.10.2021]
Por Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br 

Desde a década de 1990, as incubadoras de empresas de base tecnológica se consolidaram como um dos principais celeiros da inovação e de novos negócios de TI em Santa Catarina. Cada uma à sua maneira, de acordo com as realidades regionais e com metodologias próprias, elas ajudaram a construir o diversificado ecossistema de tecnologia que transformou o estado em referência internacional.

A novidade neste ano em Santa Catarina é a criação de uma rede de incubadoras em diversas cidades-polo do estado, que seguem a mesma metodologia de desenvolvimento de startups e passam a compartilhar experiências, mentores, consultores e oportunidades de negócio para as startups. 

Este é o modelo que vem se consolidando a partir da expansão do MIDITEC, incubadora gerenciada desde 1998 pela Acate e mantida pelo Sebrae/SC, que levou sua metodologia e estrutura de apoio a quatro importantes polos de tecnologia do estado: Joinville (Softville Ágora), Blumenau (Instituto Gene) e Brusque (Centro de Incubação, Tecnologia e Inovação – CITI) e Chapecó. Além disso, implantou a metodologia na criação e desenvolvimento da incubadora Fermento, iniciativa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel SC), Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e Sebrae SC. Atualmente, são 50 empresas incubadas na rede e a expectativa é chegar a 75 negócios até o fim deste ano. 

Em 23 anos de atividade, o MIDITEC graduou mais de 130 empresas na Grande Florianópolis, que empregam cerca de 3 mil pessoas. Em 2020, as egressas tiveram um faturamento estimado de R$ 1,5 bilhão. Eleita três vezes como a melhor do país pela Anprotec (entidade que representa parques tecnológicos e incubadoras), foi considerada também uma das cinco melhores do mundo, de acordo com o ranking UBI Global por duas edições (2018 e 2019). 

“Durante os primeiros 23 anos, quando esteve mais voltada à região da Grande Florianópolis, a incubadora foi aprimorando uma metodologia que ajudou mais de 130 startups, como a RD Station, Ahgora, Pixeon, Arvus, entre outras. Foram resultados que consolidaram o modelo, trouxe prêmios e reconhecimento”, lembra o presidente da ACATE Iomani Engelmann, ele mesmo um egresso do MIDITEC na década de 2000.

“Agora, pelo compromisso da ACATE de apoiar outras incubadoras, e com o apoio do Sebrae/SC, a metodologia será implantada em seis outros programas de incubação do estado, em apenas um ano. Será uma rede catarinense colaborativa e com modelo único no país”. 

Softville Ágora, em Joinville: primeira parceria da rede MIDITEC, oficializada em janeiro de 2021. / Foto: Divulgação Ágora Tech Park

A primeira a fazer parte da rede MIDITEC foi a Softville Ágora, nova unidade da tradicional incubadora de Joinville (com 26 anos de fundação) no parque tecnológico Ágora Tech Park. A parceria foi oficializada em janeiro, com o lançamento do edital: em poucas semanas, cerca de 50 startups de diversas regiões se inscreveram, das quais 15 foram selecionadas para a primeira turma.

A qualidade e o nível de maturidade das startups impressionaram os responsáveis pela seleção dos projetos. “Isso reflete a evolução do ecossistema de inovação da região e o interesse de empreendedores em estarem neste ambiente participando de um programa com players tão importantes como Ágora, Acate e Sebrae”, comenta Fabiano Dell’Agnolo, presidente da Softville.

“Em poucos meses”, acrescenta, “percebemos como este trabalho compartilhado traz resultados práticos, com as startups amadurecendo seus produtos e modelos de negócio e crescendo. Essa hiperconexão, que não se limita a uma única região, é muito rica. Não só os empreendedores estão aprendendo neste processo, mas todos nós também”.  

Além de Joinville, Blumenau passou a fazer parte da rede, com a integração do Instituto Gene em meados deste ano. Criada em 1996 como projeto de extensão da FURB, a incubadora já atendeu mais de 200 projetos – em 2020, as empresas graduadas representaram um faturamento de R$ 136 milhões, com um total de 600 postos de trabalho gerados. Atualmente, são oito projetos no programa de incubação, cinco destes já utilizando a metodologia MIDITEC. Segundo o gerente do Instituto Gene, Yuri Apolônio, os demais entram no processo no início de 2022. 

Instituto Gene, com sede no Centro de Inovação de Blumenau, criou uma linha do tempo para homenagear as egressas da tradicional incubadora. / Foto: Divulgação

Desta experiência, ele destaca duas principais vantagens desta metodologia às startups: o acompanhamento mais próximo das empresas envolvidas e a disponibilidade de ferramentas que auxiliam os empreendedores a desenvolver suas iniciativas, de acordo com o nível de maturidade de cada negócio. “Por estar na rede MIDITEC, participamos de diversos eventos que aproximam as empresas envolvidas e geram networking, com temas extremamente relevantes, além da disponibilidade de consultores especialistas e a conexão com a ACATE”, ressalta Yuri.

Após a implantação total da metodologia, diz o gerente, “pretendemos aumentar o número de empresas participantes. Provavelmente manteremos o nosso edital de seleção em fluxo contínuo, mas as avaliações serão realizadas sempre de forma periódica. Nossa meta é ser referência regional no apoio a startups em estágio pré-escala”.

EM BRUSQUE, INCUBADORA “RENASCE” COM PARCERIAS  

Criado em 2010 para apoiar o desenvolvimento do mercado de TI no Vale do Itajaí, o Centro de Incubação, Tecnologia e Inovação de Brusque (CITI) passou alguns anos desativado em função das dificuldades de manutenção da estrutura e equipe. Em 2019, o projeto foi reativado durante a gestão do presidente Vanderlei Leão Albino, a partir de parcerias com entidades do ecossistema de inovação, e o CITI se tornou um polo regional da ACATE. “Nestes últimos anos, desenvolvemos projetos conjuntos com instituições públicas e privadas, como Associação Comercial e Industrial (ACIBR), Sebrae, Fapesc, FIP e IFC Brusque”, ressalta Vanderlei. 

Em Brusque, incubadora do CITI ganhou impulso como parte da rede MIDITEC – e quer apoiar startups de cidades vizinhas. / Foto: Divulgação

A partir da retomada, a incubadora também se tornou associada à rede MIDITEC, neste segundo semestre. “Trabalhar com uma metodologia validada traz mais segurança aos incubados e à nossa jornada de incubação, que agora está repleta de ferramentas que ajudam no processo e no acompanhamento rápido e eficaz das startups. A conexão e os eventos trazem temas atuais e relevantes de maneira leve e participativa”, resume. 

Atualmente, o CITI conta com seis projetos no Programa de Incubação, dos quais quatro fazem parte do projeto piloto da metodologia MIDITEC. “Trabalhamos com fluxo contínuo que permite que novas startups entrem na incubadora após uma avaliação prévia. Queremos realizar um processo seletivo maior para uma entrada conjunta no início de 2022”. Segundo Vanderlei, a ideia é criar conexão com cidades vizinhas (Guabiruba, Botuverá, Nova Trento, São João Batista e Tijucas), fomentando a inovação na região e atuando como um hub regional. 

“O primeiro objetivo é conhecer a incubadora parceira, entender o funcionamento e o processos”, explica Gabriel Sant’ana, diretor executivo da ACATE. “Na sequência, apresentamos a metodologia MIDITEC em um workshop para então treinar os representantes da incubadora, que vão executar o passo a passo”. Além de capacitar a equipe local, o MIDITEC acompanha a implantação piloto em cinco startups – em alguns casos, apoiou também o processo de seleção de novos incubados. 

PROJETO PIONEIRO DE FOOD SERVICE SE INTEGRA À REDE

Profundamente impactado pela pandemia, o setor de bares e restaurantes de Santa Catarina entrou no ecossistema de inovação em 2020 com o Centro de Inovação em Gastronomia (CIGA) e, em julho passado, rendeu frutos com a criação da incubadora Fermento, voltada para o desenvolvimento de empresas de food service. O projeto – que busca empresas que desenvolvam soluções inovadoras para desafios como meios de pagamento, custos de venda, open delivery, e-commerce, produtividade (automação, equipamentos), gestão financeira, entre outros – também utiliza a metodologia do MIDITEC e integra a rede estadual de incubadoras. 

“O mercado já vinha sofrendo uma revolução digital, seja pelo crescimento do delivery, seja pela relevância cada vez maior da presença digital”, diz Raphael Dabdab, presidente da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) de Santa Catarina. “O momento é de retomada e de recuperação financeira e a inovação, portanto, é uma questão-chave para sobrevivência e diferenciação”, resume. 

Na visão de Jefferson Reis Bueno, gerente de inovação do Sebrae/SC, “com o papel de oferecer consultoria em diversas áreas do negócio, a incubadora é um degrau no desenvolvimento das empresas e se caracteriza como uma vitrine bastante positiva pelos empreendedores que dela participam. Isso por conta do seu objetivo cotidiano, que é fazer crescer cada vez mais o terreno fértil das startups no estado”. 

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