Um novo paradigma bate em nossas portas mentais: os próximos passos da nossa evolução serão guiados pela hiperconectividade, inteligência artificial e robótica.
[19.03.2021]
Por Alexandre Adoglio, CMO na Sonica e empreendedor digital.
Escreve semanalmente sobre Cultura Digital para o SC Inova
O desenvolvimento histórico da tecnologia se confunde com a própria evolução humana, e de como esta influencia molda nossos hábitos, sobrevivência e cultura.
Desta evolução que vem desde a invenção da escrita, que levou 3.000 anos para alcançar 50 milhões de usuários, percebemos como a humanidade absorveu cada inovação, sua velocidade e características que acompanharam, ou motivaram, o desenvolvimento da sociedade.
Podemos então observar como está se destacando a tecnologia intelectual nos últimos tempos, reorganizando nossa visão de mundo e modificando os nossos reflexos mentais, trazendo uma velocidade não natural a tudo que nos cerca, podendo se desdobrar em muita coisa boa, e ruim. Nunca na história humana fomos tão afeitos às modificações promovidas pela tecnologia desenvolvida por nós mesmos, a ponto de já falarmos em transformação da cognição no setor acadêmico, sentindo na pele os efeitos digitais em alunos, professores e demais profissionais da educação.
“O problema crucial não é criar novos empregos. É criar novos empregos nos quais o desempenho dos humanos seja melhor que o dos algoritmos” YUVAL NOAH HARARI
Observando a equação de Moore, que nos diz que a velocidade dos chips produzidos duplicam a cada 18 meses, temos a inevitável sinergia entre a Computação Quântica e a Engenharia Neuromórfica, que irá nos levar a uma qualidade e rapidez de processamento que nossa imaginação talvez nunca alcance. Temos um novo paradigma batendo em nossas portas mentais, no qual as máquinas a serviço do homem passam a ser máquinas integradas ao ser humano, admitindo que os próximos passos da nossa evolução serão guiados pela hiperconectividade, inteligência artificial e robótica.
Por mais complexo que o mundo contemporâneo possa parecer, e com todas as adversidades que estamos encontrando desde os níveis mais básicos de sobrevivência, é fato que a tecnologia nos moldou para melhor, transfigurando as sociedades de fechadas para abertas e pela primeira vez nos colocando num horizonte de humanidade total integrada, ou uma tribo só.
Pierre Lévy, em sua obra Cibercultura (Editora 34), afirmou que a rede de computadores seria um universo que permitiria às pessoas conectadas construir e partilhar inteligência coletiva sem submeter-se a qualquer tipo de restrição político-ideológico, ou seja, a internet deve ser um agente humanizador porque democratiza a informação e humanitário porque permite a valorização das competências individuais e a defesa dos interesses das minorias.
Corroborando este cenário, observamos como as principais ferramentas online estão focadas nas necessidades mais básicas do ser humano, e como estas estão sendo pensadas como suporte tecnológico para muito do que vem acontecendo, principalmente em tempos de pandemia. Situação que gerou uma pesquisa sobre como o online está impactando a vida das pessoas, em um novo termo da psicologia: Obesidade Digital. Nesta pesquisa sobre o tema, as pesquisadoras Marcia Cassitas Hino, Taiane R. Coelho, e Daniela Leluddak, concluíram, após mais de 300 entrevistas com pessoas de gêneros diversos e classes sociais, que o uso mais intenso da tecnologia está causando um aumento do cansaço e da ansiedade nas pessoas.
Nunca fomos tão conectados e solitários ao mesmo tempo, surgindo em nosso horizonte uma série de desafios de cunho ético e moral, que serão colocados a prova em uma breve encruzilhada futura. Não pela escolha entre ON e OFF, mas sim pela vontade de que tipo de sociedade queremos para nosso futuro.
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Este foi o tema da palestra sobre Cultura Digital apresentada no evento online de inovação Fastbuilt Experience 2020. Confira na íntegra aqui:
A apresentação em PDF está disponível neste link:
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