Startup de Joinville, que gerencia meio milhão de cabeças de gado, recebeu aporte de R$ 3 milhões do fundo SP Ventures e espera manter crescimento de 30% ao mês
Controlar custos da fazenda e acompanhar a cria, recria e período de engorda de gados de corte. A solução que a JetBov, de Joinville (SC), começou a desenvolver há pouco mais de três anos já é utilizada em mais de 400 fazendas e ajuda a gerenciar cerca de 500 mil cabeças de gado no país.
Fundada pelos empreendedores Xisto Alves e Giovani Zamboni, amigos desde os tempos que cursavam juntos a escola técnica, a startup recebeu recentemente um aporte de R$ 3 milhões do fundo SP Ventures, gestora especializada em agrotechs, que já havia recentemente investido em outra empresa inovadora catarinense, a Horus Aeronaves. Com os recursos, a JetBov deve abrir em breve uma frente de desenvolvimento e negócios no mercado paulista.
Em 2014, quando ainda trabalhavam em outras empresas, os amigos decidiram que era hora de empreender, embora ainda não tivessem definido um foco de atuação. A ideia de atuar com agronegócio foi trazida por Xisto, um lageano de família de pecuaristas que cresceu ouvindo problemas relacionadas à gestão do negócio. Foi a deixa para começarem a estudar o mercado, “que é absurdamente grande e trazia uma série de oportunidades, porque há cerca de dois milhões de fazendas no Brasil”, diz Giovani, diretor de tecnologia. Antes da JetBov, ele trabalhou em diversas empresas de tecnologia de Joinville, de grandes como a Datasul e a Neogrid até startups como a ContaAzul, enquanto Xisto atuava como professor e consultor em projetos de desenvolvimento de sistemas e gerenciamento de projetos.
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Para entender o que exatamente este público precisava, eles lançaram uma pesquisa, respondida por 80 produtores, que identificou como principal demanda alguma solução que ajudasse na gestão das fazendas. “Começamos a desenvolver o sistema a partir de cadastro de animais, depois a pesagem, relatório, custeio, inventário e manejo”, detalha o cofundador. Ainda em 2015, quando eles testavam a precificação e os serviços, surgiram os primeiros seis clientes.
A partir dali, lembra Giovani, a dedicação dos sócios passou a ser integral no projeto: “entramos em 2016 atrás de investimento. Tínhamos sido finalistas no ano anterior do InovAtiva Brasil, do Ministério do Desenvolvimento (MDIC), nos inscrevemos para a Aceleratech (ACE) e recebemos um aporte e ao mesmo tempo fomos selecionados para o programa de capacitação StartupSC”.
Os dois programas aconteciam durante o mesmo período, o que forçou Giovani e Xisto a se mudaram para São Paulo entre maio e outubro e, nos finais de semana, vinham para Santa Catarina participar das atividades do StartupSC. Durante esses seis meses, só sobravam os domingos para a família. Mas a correria foi fundamental para o desenvolvimento da empresa. “Aprendemos a crescer. Tínhamos começado aquele ano com 16 clientes e fechamos com 80. Em novembro contratamos o primeiro funcionário’’, ressalta Giovani.
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Eles também desenvolveram um novo modelo de precificação, passando a cobrar valores variáveis de acordo com o número de animais, a partir de R$ 29,90. Entre as quase 500 fazendas que utilizam a plataforma de gestão, há pequenas e grandes propriedades, algumas com mais de 9 mil cabeças. Recentemente, começaram a testar a solução em países vizinhos, como Paraguai e Bolívia. Por meio do sistema, é possível registrar diversas informações do dia a dia nas fazendas, como manejo sanitário, controle de área de pastagem, castração, nutrição, além de registrar custos indiretos na produção, entre outras atividades.
“Quem produz tem muitas dificuldades e pouco poder de negociação com os grandes frigoríficos. Queremos dar mais força ao produtor na hora de vender a carne” – Giovani Zamboni, CTO da JetBov
Com o aporte recebido pela SP Ventures, a JetBov pretende ampliar a equipe de 14 pessoas para até 40 no final de 2018, além de investir no desenvolvimento de produto e na área de sucesso do cliente (customer sucess). Em 2017, a taxa de crescimento mensal foi de 30%, um ritmo que eles esperam ao menos manter neste ano. Na opinião do cofundador, “há muito espaço para inovar e crescer, especialmente na cadeia bovina. A cadeia produtiva de suínos já trabalha há anos de forma diferenciada e a tecnologia aplicada na colheita de grãos, por exemplo, é muito superior à de qualquer cadeia animal”.
Como visão de futuro, a JetBov vê como objetivo mexer na cadeia de valor da pecuária: “hoje a demanda é por gestão nas propriedades, mas queremos mudar a cadeia de produção de carne no país. Quem produz tem muitas dificuldades, pouco poder de negociação com os grandes frigoríficos, além de enfrentar outras questões como atravessadores. Queremos dar mais força ao produtor na hora de vender a carne”, resume Giovani.
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