Startup, que há dois anos entrou no batch da aceleradora catarinense Hards, inaugura unidade no Ágora Tech Park, em Joinville, apostando no potencial da indústria e do ecossistema de inovação do estado. / Foto: Divulgação
[JOINVILLE, 12.05.2022]
Por Lúcio Lambranho, especial para a Agência SC Inova
Do Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana de Recife (Pernambuco), ao mercado global de robótica móvel, mas com uma passagem de aceleração pelo ecossistema de inovação de Santa Catarina. Usando essas referências geográficas é possível resumir a trajetória da Brisa Robótica, startup pernambucana especializada na conversão de máquinas em veículos autônomos.
Tendo clientes entre grandes empresas no portfólio como a Vale e a holandesa Vanderlande, a empresa instalou em abril passado sua primeira operação no Brasil no Ágora Tech Park, em Joinville. Desde 2020, quando ingressou no primeiro batch da aceleradora Hards em Florianópolis, a Brisa também tem apostado no mercado industrial catarinense para oferecer suas soluções por meio de softwares e dispositivos que dão vida útil a máquinas da indústria consideradas obsoletas.
Santa Catarina foi um divisor de águas na história da Brisa Robótica, comenta Thiago de Freitas, CEO da startup. “Em 2020, mesmo não sendo a princípio uma empresa local, fomos muito bem recebidos na Hards e tivemos apoio de todo o ecossistema, podendo citar entre eles a Acate, a Fiesc e a Fundação Certi. Acho que um grande diferencial do Estado, além de uma excelente infraestrutura, é a integração entre os diversos eixos, com a colaboração plena em busca do fortalecimento da economia, especialmente da indústria e da logística”.
“Além desta proatividade”, explica, “há um forte entendimento aqui de que soluções tecnológicas podem fazer parte deste processo, com grande apoio às startups. No mais, a forte vocação para a engenharia, um parque fabril extremamente consolidado em toda a cadeia, geram oportunidades de negócios e de parcerias, nesta busca constante de sermos uma empresa de excelência a nível global. Aqui se acredita que é possível fazer – e se faz”.
Além da matriz em Recife, e do espaço na Hards na capital catarinense, a empresa está presente no espaço Cubo em São Paulo e no HUB de Inovação Global da ABB em Vasteras, na Suécia. Dentro da escolha por Joinville como nova casa está nos planos da empresa a expansão dos times comercial e de engenharia na cidade ao longo do segundo semestre de 2022.
“A escolha de Joinville é natural, pelo pujante pólo industrial consolidado que a cidade possui, além da posição geograficamente estratégica em relação ao pólo logístico Catarinense, Blumenau, Curitiba e à própria Florianópolis. O Ágora tem uma infraestrutura de ponta, dentro do complexo multissetorial do Perini Business Park, que realmente foi concebido para potencializar conexões entre o ecossistema de inovação e casa perfeitamente com o que estávamos buscando”, completa Freitas.
“A chegada da Brisa ao Ágora é fruto da boa articulação e do espírito de colaboração que se tem no ecossistema catarinense. Recebemos a equipe por meio de um contato da Hards, entendendo que este seria um ambiente propício para a alavancagem do negócio aqui no Brasil bem com a construção de parcerias estratégicas”, ressalta Ricardo Fantinelli, coordenador de Inovação do Ágora Tech Park. “Além da possibilidade de se conectar a empresas de diversos segmentos existem oportunidades latentes de desenvolvimento de novos projetos de inovação que envolvam tecnologia de ponta”.
NOVO ROUND DE INVESTIMENTOS AINDA NESTE ANO
A Brisa Robótica, segundo o CEO, está inserida em um mercado que classifica como “em franca expansão em nível global” com um crescimento médio projetado de 25% ao ano até 2030. E com um mercado nacional que segue a mesma onda, com a crescente adoção por parte das empresas, especialmente as indústrias, das chamadas tecnologias 4.0. Um exemplo é a Pollux, empresa joinvilense de soluções para robótica industrial (e praticamente vizinha ao Ágora, onde está a Brisa) e que foi vendida no início do ano passado para a Accenture, multinacional líder em consultoria de gestão.
Dentro deste cenário de crescimento de soluções de automação e robótica, a empresa já conseguiu captar um investimentos de R$ 2,3 milhões, segundo Freitas. O principal deles foi anunciado em junho de 2021 de R$ 1,2 milhão liderado pelo Fundo Anjo, que é gerido pela DOMO Invest e pertence ao BNDES. A rodada também teve as participações da gestora Urca Angels, de Guilherme Bonifácio, fundador do iFood, e de Gabriel Domingos, diretor de marketing da Vivo. A Brisa vai seguir neste processo em 2022. “Estamos abrindo a nossa rodada de investimento series A, agora em junho. Devemos captar ao longo do segundo semestre de 2022”, projeta o CEO.
A empresa criou a solução Windrose, composta por kits multifuncionais para a automatização de veículos. A transformação, segundo a Brisa, acontece sem nenhuma mudança de infraestrutura física ou um novo software e a empresa assume o compromisso na adaptação das unidades e das interfaces WMS, ERP e MES integradas. Segundo a startup, além de ganhos em segurança e eficiência em processos já existentes, a automatização através do sistema é capaz de gerar métricas relacionadas à produtividade das máquinas, que são coletadas e analisadas pelos clientes.
A trajetória da empresa começou em 2015 a partir do encontro de Freitas, que é engenheiro eletricista, com o francês David Bensoussan, engenheiro de sistemas, cofundador da startup. Os dois trabalhavam numa mesma empresa alemã de tecnologia que estava no começo de um projeto de formação de sistemas de automação. A dupla criou um cortador de grama autônomo para a nova área da empresa e, em 2018, com a volta do CEO da Brisa para o Brasil, os sócios trouxeram esta solução para o mercado nacional.
Hoje também produzem devices com câmeras, radares GPS e sensores. Estes equipamentos são inseridos em empilhadeiras, rebocadoras e paleteiras, que se tornam máquinas inteligentes sendo que uma das aplicações é a docagem autônoma de iates.
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