Digitalização e o “novo normal no campo”: como a tecnologia de precisão pode ganhar terreno na agricultura pós-pandemia

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Digitalização e o “novo normal no campo”: como a tecnologia de precisão pode ganhar terreno na agricultura pós-pandemia

Com sede em Florianópolis, a global Hexagon Agriculture aposta em nova necessidade de produtores – e também no impacto do câmbio – para ampliar competitividade no mercado interno e externo.

Com sede em Florianópolis, a global Hexagon Agriculture aposta em nova necessidade de produtores – e também no impacto do câmbio – para ampliar competitividade no mercado interno e externo. Fotos: Divulgação


[FLORIANÓPOLIS, 14.05.2020]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br 

O uso de tecnologias embarcadas pode ser uma estratégia para reduzir custos e ampliar a competitividade na agricultura, otimizando insumos e reduzindo desperdícios no manejo do solo, grãos e fertilizantes, por exemplo. De acordo com levantamento feito pela divisão de Agricultura da multinacional sueca Hexagon, a aplicação de tecnologia agrícola pode economizar em até 20% a utilização de insumos no controle de fertilização e gerar ganho de produtividade de até 30% na colheita.

Na visão de Bernardo de Castro, presidente da Hexagon Agriculture –  que tem sede em Florianópolis – a digitalização de processos e a busca por soluções que permitam a gestão remota no campo devem ser algumas das prioridades dos produtores rurais no pós-pandemia. “O novo normal no campo trará um cenário positivo para adoção de tecnologias de precisão”, opina.

A Hexagon Agriculture é resultado da aquisição pelo grupo sueco da Arvus, agrotech fundada em Florianópolis no início dos anos 2000 por Bernardo e outros dois sócios (Gustavo Raposo e Adriano Naspolini) e que foi a primeira empresa brasileira a desenvolver sistemas embarcados para agricultura. A divisão agro conta hoje com 170 colaboradores no país, dos quais 100 na capital catarinense. Em todo o mundo, a empresa tem aproximadamente 21 mil funcionários em 50 países e vendas líquidas de € 3,9 bilhões. 

“O novo normal no campo trará um cenário positivo para adoção de tecnologias de precisão”, opina Bernardo de Castro, presidente da Hexagon Agriculture. Foto: Divulgação

Até o pré-pandemia, o mercado brasileiro respondia por 70% dos negócios da empresa – que não divulga faturamento ou índices de performance. E a perspectiva era de otimismo, já que o setor de maquinário agrícola começava a esboçar uma reação em 2019. Mas neste primeiro semestre, marcado pela estagnação econômica, a Hexagon Agriculture afirma estar trabalhando de maneira mais “defensiva, com um pouco mais de precaução já que o nível de incerteza é muito alto ainda e não sabemos como o mercado vai voltar”, diz.

O fato dos principais concorrentes, no mercado nacional, serem empresas de fora também pesa a favor. “Eles serão mais afetados do que nós, em função da dependência de insumos importados – nós também usamos, mas em menor escala”.  

Nos 30% restantes, que representam clientes internacionais, o novo cenário pode mudar um pouco este balanço. “Com relação ao mercado externo, a alta do dólar nos deixa em posição mais competitiva. Estamos vendo oportunidades maiores fora do Brasil e podemos nos reposicionar em termos de preço”, comenta Bernardo.

REDUÇÃO DE CUSTOS E DIGITALIZAÇÃO DEVEM PRESSIONAR O AGRONEGÓCIO

Ainda que o agronegócio tenha sido um dos poucos segmentos econômicos a expandir no Brasil nos últimos anos, o executivo lembra que a indústria de máquinas não acompanhava o crescimento das safras e exportações. “O PIB do agro e a renda do produtor é uma coisa, o PIB da indústria e a intenção de investir é outra. Mas o driver que faz um produtor investir em maquinário é o mesmo que faz ele investir em tecnologia. Passada a pandemia, devido ao empobrecimento das operações, acredito que a redução de custos e a otimização da produção com uso de tecnologia será uma das prioridades”, opina o executivo.

Uma das ‘lições’ do distanciamento social, diz Bernardo, é a capacidade de fazer um gerenciamento remoto, sem precisar gastar com tempo e deslocamento para estar presente nas propriedades rurais. “O modelo low touch, com operações remotas também favorece nosso mercado. O desafio é ampliar a maturidade do mercado, ter mais conectividade no campo e capacitação dos usuários. Essa mudança não vai acontecer do dia pra noite mas a intenção de se tornar digital vai aumentar, assim como a clareza dos gestores para optarem por soluções que minimizem riscos e custos”, resume Bernardo.      


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