O CIA Sapiens, inaugurado no parque tecnológico do Norte da Ilha, é resultado de uma união considerada “improvável” quando foi projetada, há pouco mais de cinco anos. Fotos: Caio Graça
Um espaço de 8 mil metros quadrados localizado em grande parque tecnológico público-privado em Florianópolis, onde já atuam uma dezena de empresas do setor de TI, acabou se tornando a representação do chamado de “ecossistema de inovação” na Capital catarinense.
O Centro de Inovação Acate Sapiens, inaugurado no dia 12 de dezembro de 2018, é resultado de uma articulação iniciada há mais de cinco anos envolvendo os mantenedores do Sapiens Parque (Governo do Estado e a Fundação Certi/UFSC) e um consórcio de empresas privadas liderados pela Associação Catarinense de Tecnologia (Acate). O financiamento do projeto de um condomínio de empresas foi viabilizado graças a um modelo inédito no Brasil que permitiu a utilização de uma linha dedicada a inovação, por meio de programa do BRDE com recursos da Finep.
Na época, lembrou o diretor superintendente da Fundação Certi no evento de inauguração do CIA Sapiens, José Eduardo Fiates, “era uma ideia doida, pois parecia que o projeto não seria viável”. Foi o então presidente da Acate, Rui Gonçalves, que em 2012 reuniu dez investidores com o objetivo de construir um prédio da entidade no parque tecnológico do Norte da Ilha – um trabalho que se manteve como prioritário nas gestões posteriores.
A Associação à época funcionava como um condomínio de empresas de tecnologia, no bairro Trindade, e o conceito de “Centro de Inovação” só surgiria com a mudança para uma nova sede, na rodovia SC-401, em 2015. Foi neste mesmo ano que o projeto do prédio da Acate no Sapiens foi formalizado graças a uma outra inovação gerada na cidade, desta vez no modelo de financiamento: “não havia até então uma forma de viabilizar recursos coletivamente para empresas se instalarem em um parque tecnológico, pois isso não era usual”, comentou ao SC Inova o gerente de Planejamento da agência do BRDE em SC, Felipe Castro do Couto.
O banco, porém, tinha experiência no modelo de financiamento coletivo para a agricultura familiar, o que ajudou a replicar alguns passos para a área de TI. Foi assim que, com recursos do programa BRDE Inova com a linha Finep Inovacred, foi encontrada a equação para tirar o projeto do papel. “O sucesso desse projeto se deve à articulação do ecossistema – dificilmente seria possível fazer algo semelhante em outro lugar do país”, ressalta Couto. Projetos catarinenses respondem por quase metade dos recursos aprovados pelo banco regional para fomento à inovação nos três estados da região Sul.
Uma das primeiras empresas a se instalar no CIA Sapiens, há pouco mais de um ano, foi a NPU, que conta com 20 colaboradores e atua com software para gestão de projetos e implantação de ERP para a construção civil. “Nós enxergamos a perspectiva de um ambiente propício para desenvolver uma empresa de tecnologia, com os líderes mais próximos, conversando, trocando ideias e isso é muito forte. Isso não acontecia no local onde estávamos sediados antes”, destaca o CEO Marcel Rodrigues. “Acompanhamos o Sapiens há muito tempo e quando a Acate decidiu vir para o parque tecnológico nos deu um impulso forte, em função da dinâmica de eventos, palestras e networking que acontece nesses ambientes”.
A Associação Comercial e Industrial (ACIF), parceira da Acate no escritório de representação internacional em Boston (EUA), migrou a sede da regional Norte para o Centro de Inovação, enquanto a prefeitura de Florianópolis criou um espaço de apoio a empreendedores no local. “Temos agora uma grande responsabilidade por gerir espaços que são verdadeiras máquinas de geração de empreendedores e negócios inovadores”, comentou o presidente da Acate, Daniel Leipnitz.
FLORIANÓPOLIS: SALTO DA TI EM CINCO ANOS
Durante os cinco anos do projeto CIA Sapiens, Florianópolis viu seu ambiente de tecnologia e inovação expandir rapidamente: o número de empresas de TI praticamente dobrou entre 2011 e 2017 (hoje são mais de 12,6 mil na Capital e cidades vizinhas), surgiram diversas aceleradoras – como o Darwin Startups iniciativa que nasceu na Fundação Certi e que hoje está sediada na Acate – programas de capacitação para empreendedores, laboratórios de inovação aberta e, mais recentemente, uma rede de Centros de Inovação, com unidades no Continente (Soho), Centro (Acate Downtown) e SC-401 (CIA Primavera). Na visão de Fiates, “o ecossistema que Florianópolis tem hoje seria impensável há cinco anos”.
O Sapiens Parque também ganhou novos inquilinos neste período, como a Softplan, maior empregadora de TI em Florianópolis (são mais de mil colaboradores na cidade) e que criou um programa de inovação corporativa para atrair startups e desenvolver novos negócios.
“Santa Catarina é um grande balão de ensaio, um terreno fértil para termos experiências bem sucedidas“, opina Marcelo Camargo, gerente do Departamento de Fomento à Inovação da Finep. Segundo ele, ideias que deram certo no estado como o Sinapse da Inovação – que ajudou a desenvolver mais de 400 empresas de base tecnológica – serviram como referência para um projeto nacional que a financiadora vai lançar em 2019 para desenvolver o empreendedorismo inovador, chamado Centelha.
Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br
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