Financiamento para projetos de software: como a Involves buscou recursos para o time de TI e inovação

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Financiamento para projetos de software: como a Involves buscou recursos para o time de TI e inovação

Empresa de Florianópolis utilizará linha do BRDE para desenvolver seu software, ampliar mercado e gerar mais resultados aos clientes.

Empresa de Florianópolis utilizará linha do BRDE para desenvolver seu software, ampliar mercado e gerar mais resultados aos clientes

Fundada há quase dez anos em Florianópolis, a Involves – desenvolvedora de um software utilizado por grandes marcas e indústrias no segmento de trade marketing –  tornou-se uma referência no ambiente de tecnologia em Santa Catarina pelo fato de ter se desenvolvido apenas com recursos próprios, o chamado bootstrapping, em vez de buscar outros investidores ou fundos de capital de risco para acelerar os negócios.

E isso mantendo um ritmo de crescimento acelerado – ao longo de quatro anos a empresa viu o faturamento saltar de R$ 2 milhões para R$ 18 milhões.

A necessidade, porém, de avançar em algumas frentes (desenvolvimento de produto, área comercial e internacionalização) fez os sócios considerarem algumas alternativas até então inéditas na trajetória da empresa.

“O caminho natural das startups é buscar um fundo de investimento. Até hoje nós operamos no azul, com fluxo de caixa positivo, mas entendemos que era preciso acelerar um pouco alguns projetos por necessidade de mercado. Decidimos então atrelar as estratégias: primeiro buscar uma linha de financiamento e, em um segundo momento, por um fundo de venture capital“, detalha André Krummenauer, CEO e um dos fundadores da Involves.

Por meio do programa BRDE Inova, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), a Involves obteve um financiamento de R$ 8,8 milhões, de um investimento total de R$ 11 milhões, para o projeto de desenvolvimento de sua equipe de inovação e do software Agile Promoter, utilizado hoje por empresas do porte de L’Oreal, Nestlé, Motorola, Danone, Samsung e outras.

Esta é uma das maiores operações de financiamento para empresas de software feitas pelo programa BRDE Inova“, destaca Felipe Castro do Couto, gerente de Planejamento da agência do BRDE em Santa Catarina.

“Na nossa atuação neste mercado, conseguimos flexibilizar a exigência de garantias reais para operações até R$ 1 milhão por meio de parcerias e da utilização de fundos de aval. No caso da Involves, em função dos valores envolvidos e o fato de ser uma empresa de maior porte, a opção de garantia utilizada foi uma carta-fiança emitida por outra instituição financeira“, detalha. A operação, de longo prazo, tem duração de oito anos com 24 meses de carência. Na visão do banco de fomento, não bastam bons números de receita – a capacidade operacional da empresa para executar o projeto foi outro componente fundamental. “Ficamos impressionados com a maneira como a empresa está estruturada – o projeto em questão era extremamente complexo mas a Involves demonstrou um nível de maturidade financeira e operacional para viabilizar o financiamento”, ressalta Couto.

A obtenção de garantias é um dos principais desafios para empresas de base tecnológica na hora de buscar um financiamento. “Todo o dinheiro dos sócios está na empresa, não tínhamos garantias reais, como bens e imóveis. O caminho foi buscar a garantia diretamente em um banco, numa linha de atacado – e ainda assim estávamos um pouco abaixo do faturamento mínimo, que era de R$ 30 milhões por ano”, comenta André. Mas o crescimento da empresa ao longo dos últimos anos – somado à organização financeira e o histórico positivo – ajudou a garantir a operação.

Os sócios fundadores da Involves: com recursos para inovação atendidos pelo projeto, o passo seguinte é focar na expansão internacional e do time de vendas. / Foto: Divulgação Involves

O projeto envolve, basicamente, o custeio da equipe de inovação e desenvolvimento do software que é o carro-chefe da empresa – e que representa quase um terço dos 150 colaboradores da Involves. E o desafio tecnológico é tornar o Agile Promoter uma ferramenta de recomendação aos clientes, por meio de camadas de machine learning, deep learning e inteligência artificial, além de mudanças na interface e na estrutura do banco de dados. “Buscamos recursos para financiar a inovação que queremos entregar para os clientes, fazendo com que eles vendam mais e também gerem mais empregos. É um ciclo virtuoso focado em tecnologia”, diz o cofundador da Involves.

Para empresas de pequeno porte que demandam financiamento para projetos de inovação, o BRDE tem soluções de crédito adequadas a cada projeto, de acordo com Couto. “Para projetos de menor porte, por exemplo, indicamos parceiros como as cooperativas de crédito, que oferecem nossos produtos em todas as regiões do estado, permitindo maior capilaridade aos programas do Banco.” No caso de startups que buscam investimentos, a opção é o fundo Criatec 3, no qual o BRDE é cotista – algumas empresas de tecnologia em Santa Catarina já foram investidas pelo fundo de venture capital.

APOSTA NO CRESCIMENTO NO SETOR DE TECNOLOGIA

“No início do ano passado fizemos uma mudança em nossa assessoria contábil, já de olho na necessidade de termos um plano estruturado de financiamento e também já pensando em M&A (fusões e aquisições) e entrada de novos sócios. E para o projeto do BRDE também buscamos uma assessoria especializada para entender nossas demandas, ir a fundo na empresa e escrever o projeto, traduzindo nossas necessidades ao financiador”, detalha André.

Com os recursos para inovação atendidos pelo projeto, o passo seguinte da empresa é focar em possíveis aquisições, na expansão internacional e do time de vendas, além do processo de captação de recursos por meio de fundos de venture capital. Em 2018, a Involves espera crescer 50% frente ao ano passado, fechando o ano com uma receita em torno dos R$ 27 milhões.

O setor de tecnologia, um dos que menos foi afetado durante a crise econômica do país nos últimos anos, continuará sendo um dos focos de atuação do BRDE em Santa Catarina. “Acreditamos que o segmento vá se manter em crescimento nos próximos anos. As entidades, como a Acate, vêm se fortalecendo, assim como as empresas do setor e as startups que estão surgindo. Temos interesse em ampliar a oferta de crédito buscando novas fontes de recursos – e vamos buscá-los – para atender as demandas deste mercado”, conclui.

Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br 

 

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