[SC no CASE & Startup Summit] Zygo e Decora: duas histórias distintas de exit do ecossistema catarinense

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[SC no CASE & Startup Summit] Zygo e Decora: duas histórias distintas de exit do ecossistema catarinense

Os empreendedores Lucas Prim e Gustavo Do Valle, fundadores de startups compradas por grandes empresas, compartilham suas trajetórias a partir do momento em decidiram vender seus negócios.

Os empreendedores Lucas Prim e Gustavo Do Valle, fundadores de startups compradas por grandes empresas, compartilham suas trajetórias a partir do momento em decidiram vender seus negócios.


[FLORIANÓPOLIS, 21.10.2020]
Redação SC Inova, na cobertura do CASE & Startup Summit

Lucas Prim, hoje, é um executivo da PagSeguro que trocou Florianópolis por São Paulo. Há alguns meses, ele respondia como CEO da Zygo, uma scale-up fundada ao lado de outros quatro sócios e que desenvolveu uma plataforma de fidelização de clientes utilizada por cerca de 2,3 mil restaurantes. Em julho de 2020, ele testemunhou seu segundo exit (venda de empresa) como empreendedor quando a Zygo foi adquirida pela PagSeguro

A decisão pela saída do negócio se deu pela dificuldade  em “seguir a trilha” traçada no venture capital: atingir o crescimento triple double em receitas ano após ano. Um dos principais obstáculos é a presença de poderosas fintechs e grandes empresas no mercado de aquisição da receitas e dados de consumidores.   

Daquela momento em diante, os empreendedores da Zygo, os investidores, conselheiros e advisors planejaram uma estratégia de saída criando “personas” de que perfil de empresas teriam interesse e enxergassem valor em uma aquisição. 

“Vender uma empresa é algo complexo. O quanto nosso negócio é relevante para os outros? De que maneira isso gera valor ou traz receita? Por isso, fomos estudando o perfil de possíveis compradores, planilhamos e buscamos contatos diretos para a negociação”, explica Lucas, que hoje consegue tirar um tempinho para escreveu em seu blog Biz4Devs.

Ele foi um dos convidados do painel “Como definir a estratégia de saída de sua startup”, que fez parte da programação do CASE & Startup Summit 2k20, que encerra na próxima sexta-feira (23.10). 

Do outro lado da linha (porque o evento foi online, claro), estava Gustavo do Valle, cofundador da Decora e um dos protagonistas do maior exit até hoje de uma startup catarinense, com a venda para a norte-americana Creative Drive em 2018 por US$ 100 milhões.

A empresa – que se consolidou como a maior produtora de imagens geradas por computador (CGI) do mundo, especializada na criação de ambientes 3D para decoração – vinha em um crescimento vertiginoso no início daquele ano quando os sócios, em uma viagem aos Estados Unidos, onde eles tinham cerca de 95% dos clientes. 

“Estávamos acelerando muito nossa produção, sentíamos que era o auge do valuation, sem concorrente direto. Mas trabalhando com inovação, novas tecnologias, você sabe que em algum momento vai surgir alguma outra startup com uma solução mais barata e melhor”, destacou.  

Após uma conversa informal com o maior cliente da Decora nos EUA, os sócios decidiram iniciar o processo de negociação para uma futura venda. “Na época, não tínhamos nenhuma estrutura formal de governança. Contratamos um M&A externo e começamos a fazer um mapeamento de possíveis compradores, se faria sentido vender para um cliente. Mas ao longo desse processo, a Decora continuava numa trajetória de crescimento muito acelerado, e isso nos trouxe propostas melhores, até fecharmos o deal, em 2018″. 

E neste ano, a Creative Drive, que havia comprado a Decora à época, foi adquirida pela gigante Accenture, que além de consultoria atua também com produção de conteúdo visual em 3D. 

O EMPREENDEDOR E O DESALINHAMENTO COM O INVESTIDOR

Outra diferença entre as trajetórias é que, enquanto a Decora seguiu sem investidores externos até o exit, a Zygo (que surgiu com o nome de SumOne), já havia recebido aportes de fundos, como Astella e Cventures. Para Lucas, “o empreendedor tem que ter um desalinhamento com o venture capitalist. É o VC que tem que pensar na saída, pois o foco do fundador é construir uma empresa com clientes satisfeitos, porque é o propósito”. Na visão de Gustavo, é conflito é parte necessária do processo. “Funciona como uma balança: o fundo busca um empreendedor e vice-versa, cada um com seu perfil”.  

E o exit, ou a perspectiva do dinheiro cair na conta do empreendedor, não pode ser o objetivo final: “não espere que a felicidade maior seja a hora de vender a empresa. Isso acontece no dia a dia, o ser humano precisa ser útil para ser feliz. E o processo de venda é doloroso, mas a vida continua”, ressalta Lucas. 

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