Empresas catarinenses com dezenas de oportunidades de trabalho reforçam estratégias de RH e apostam em projetos de formação de talentos. A PremierSoft (foto), de Blumenau, criou um programa interno de capacitação remunerada. / Foto: Divulgação
[FLORIANÓPOLIS/BLUMENAU, 06.07.2021]
Por Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br
Enquanto o Brasil registrou, no primeiro trimestre de 2021, o maior volume de desempregados dos últimos anos (14,8 milhões de pessoas, ou 14,7% da população economicamente ativa, segundo o IBGE), nas empresas de base digital e tecnológica, a procura por mão de obra qualificada nunca foi tão grande – o que demonstra o abismo de capacitação em um dos setores mais estratégicos da economia do século 21 no país.
A grande procura do mercado de TI ainda é por desenvolvedores (“devs”), fundamentais para a construção de sistemas e softwares, mas a falta de profissionais se espalha por outras áreas do conhecimento.
“O mercado de serviços de tecnologia em si está muito concorrido. Não tem como elencar uma vaga específica como a mais difícil de encontrar. Todas são difíceis”, comenta Milton Felipe Helfenstein, diretor comercial (CCO) da Envolti, que atua como fábrica de software, outsourcing e consultoria para TI. Com 130 colaboradores, a empresa espera ampliar em 30% o total de novos funcionários – dos quais metade para postos em home-office e apenas 10% totalmente presenciais.
A desenvolvedora de aplicativo PremierSoft, de Blumenau, tem hoje 25 vagas abertas, que representam metade do total da equipe – e novas contratações estão previstas até o final de 2021, quando a empresa espera chegar a 100 colaboradores. No pós-pandemia, comenta o CEO Rodrigo Hülsenbeck, “pretendemos continuar preferencialmente com as vagas presenciais, mas entendemos que aqui na região faltam alguns perfis que buscamos e o home-office é uma alternativa que continuará presente”.
A empresa abriu recentemente um programa de capacitação remunerada, o AppAcademy, com três turmas: Desenvolvimento iOS, Desenvolvimento Android e Quality Assurance. “O resultado está sendo gratificante e está em nossos planos abrir mais turmas futuramente”, diz Rodrigo.
Segundo levantamento da GeekHunter, especializada no recrutamento de profissionais de tecnologia, atualmente 90% das vagas abertas na plataforma aceitam trabalho remoto, contra 25% em fevereiro de 2020, antes da pandemia. “A contratação deixou de ser local e passou a ser global. Empresas que não se adaptarem ao mercado de contratação remota ficarão fora do radar. Não é mais uma questão de escolha da empresa, mas sim dos candidatos”, analisa o CEO e cofundador Tomás Ferrari.
Uma das startups que mais cresceu no ano da pandemia, a fintech blumenauense PagueVeloz, começou 2020 com 65 colaboradores, saltou para 165 em dezembro (como noticiou o SC Inova) e já conta com 270 pessoas em um time que está com outras 100 vagas abertas até o final deste ano. As mais difíceis, destaca a head de Gente & Cultura, Raquel Parente, “são as que estão mais aquecidas no mercado, como Desenvolvedor de Flutter, Desenvolvedor FrontEnd e Backend”.
Olhando além das necessidades pontuais de contratação, a fintech deve iniciar no segundo semestre um programa de formação de líderes, além de incentivar rodas de discussão sobre desenvolvimento profissional, como o Papo de Nerds (em que um participante compartilha um projeto ou assunto com a equipe) e o Papo Veloz (com participação de toda a empresa online). “Essas rodas onde profissionais compartilham experiência e conhecimento são fundamentais para o crescimento sustentável do negócio”, ressalta Raquel.
GRANDES OU PEQUENAS, A DOR É A MESMA
A Dígitro Tecnologia, uma das pioneiras do mercado de TI em Florianópolis, tem atualmente 41 vagas abertas, o que representa 11% do total de colaboradores. Como a empresa contrata sob demanda de novos projetos, ainda não tem perspectiva de quantas outras vagas vai demandar até o final do ano, mas aposta na formação de talentos internos.
“Atualmente, não temos nenhum programa formal de capacitação. No entanto, neste ano aprovamos um valor maior para a contratação de estagiários, visando a formação de novos profissionais, retomando a prática de estágios de uma maneira mais expressiva. Além disso, estamos mais abertos a contratar profissionais mais juniores, com foco no desenvolvimento”, explica a gerente de Recursos Humanos da Dígitro, Mariana Polli.
Outra grande empresa do setor na capital catarinense, a Softplan, tem hoje 60 oportunidades de trabalho abertas – não só para TI, mas também para as áreas de Administração, Comercial, Marketing, RH, Suporte e Relacionamento com o Cliente. No ano passado, a empresa foi a primeira patrocinadora do programa DEVin House, iniciativa conjunta entre Senai e Acate que prevê capacitação “sob medida”, ao longo de nove meses de curso, para as empresas mantenedoras. Só dessa primeira turma, que teve 40 alunos, a Softplan contratou 12 novos profissionais.
A demanda é tal que outras duas turmas do DEVin House estão com inscrições abertas para interessados em uma vaga de trabalho em TI. São 90 vagas disponíveis, com inscrições até 27 de julho – e que podem ser feitas neste link: http://devinhouse.sesisenai.org.br/acate/
Cada uma das cinco patrocinadoras destas turmas (Teltec Solutions, BRy Tecnologia, Involves PariPassu) devem contratar, no mínimo, cinco alunos do programa, que terá aulas online a partir de 23 de agosto. Para 2021, estão previstas mais duas turmas do DEVinHouse e a expectativa é de iniciar a formação de 225 alunos neste ano, informa o gerente do Centro de Educação Digital do SENAI-SC, Fabiano Bachmann.
Pode parecer uma gota no oceano de vagas abertas no mercado local, mas o projeto se consolidou rapidamente e tende a ganhar escala nos próximos anos.
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