[OPINIÃO] Uma startup de 15 anos – como se manter atualizado e relevante

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[OPINIÃO] Uma startup de 15 anos – como se manter atualizado e relevante

BuscaOnibus: Do pionerismo aos obstáculos da digitalização, pandemia e vários outros percalços, uma jornada sobre resiliência no ambiente do empreendedorismo inovador.

Do pionerismo aos obstáculos da digitalização, pandemia e vários outros percalços, uma jornada sobre resiliência no ambiente do empreendedorismo inovador. / Foto: Betina Humeres (Divulgação)


[12.04.2024]
Por José Almeida, fundador e CEO da BuscaOnibus 

Em 15 anos de estrada, passamos pelo caminho da inovação e do pioneirismo, demos de cara com alguns obstáculos da digitalização, fomos surpreendidos com uma pandemia e ainda assim nos mantivemos como referência no mercado. A jornada fez com que priorizássemos estar sempre alinhados com nosso propósito e nos manteve resilientes para chegar onde estamos.  

Quando entramos no mercado, em 2009, poucas empresas possuíam venda on-line de passagem e os recursos para o consumidor eram limitados – apenas cartões de créditos brasileiros eram aceitos e poucas bandeiras de cartão eram permitidas – era um período em que o e-commerce ainda dava seus primeiros passos.  

Percebemos que quase não existiam agências on-line que concentrassem ou vendessem passagens de várias viações – esse tipo de site só foi surgir por volta de 2012, ainda com a experiência do usuário como um assunto distante para o mercado como um todo. Nós fomos pioneiros ao concentrar diversas empresas em um só site, sempre fomos uma plataforma que informa e compara preços, e não de venda de passagens.  

Nos primeiros três anos de empresa, nosso trabalho com as viações era em formato de publicidade e o surgimento de mais sites de venda e-commerce possibilitou o direcionamento do passageiro para a agência que faz a venda, após a escolha da melhor opção de passagem, que é a forma como continuamos a operar. Demorou para que as viações entendessem a nossa proposta. Em 2018, a penetração no mercado digital beirava 10%, o que colocava esse método de venda como baixa prioridade. 

Assim, quando empresas maiores perceberam que no nosso site era um gerador de leads – por sermos um canal de aquisição e não de venda – passamos a ser mais visados por eles. A venda de passagens não chegou a ser considerada uma opção por nós, por algumas razões, a principal era que a empresa era constituída em princípio apenas por mim, não possuía um time para suporte. Então, estruturar a parte burocrática e atender à exigência de atendimento 24 horas não eram uma possibilidade dentro da minha jornada empreendedora. 

Quando atingimos uma maturidade que nos permitia entrar nesse setor de vendas, julgamos que não seria vantajoso, pois o mercado já estava cheio de outras plataformas com esse serviço. De qualquer forma, estávamos consolidados com a nossa proposta de ser um site de comparação de preço e o objetivo de apresentar o melhor preço ao passageiro. 

“Demorou para que as viações entendessem a nossa proposta. Em 2018, a penetração do mercado rodoviário no digital beirava 10%”. / Foto: Annie Spratt (Unsplash)

DORES DO CRESCIMENTO

Durante todo esse período de crescimento e construção da empresa passamos por muitos obstáculos, de início, o fato de eu não ser brasileiro foi um empecilho para o registro da empresa e com isso, não podíamos fazer parcerias formais. Além disso, o mercado era muito fechado, não éramos vistos como parceiros e sim como concorrência às vendas no guichê físico.  

Com a superação desses desafios, os smartphone se popularizaram e a demanda por uma versão mobile do site se tornou uma prioridade, assim como a busca constante por um bom ranqueamento no Google e demais buscadores, onde a meta é manter o alcance orgânico para sermos competitivos no ambiente online.   

Para além dos empecilhos advindos da digitalização, a pandemia foi nosso maior desafio. Com o crescimento das vendas on-line, seguimos líderes nesse modelo de negócio, mesmo com o aumento da concorrência.  

PONTOS DE VIRADA 

Por conta disso, começamos a investigar alternativas de receita e analisando as demandas do mercado de transportes chegamos ao nosso spin off, o TravelBI. A ferramenta é uma solução de inteligência de dados de viagem que surge com o objetivo de ajudar as empresas na tomada de decisão, como expansão de rotas, disponibilidade de serviços e precificação dinâmica de passagens.  

Para empresas que estavam começando a se estruturar no setor, essas informações eram muito valiosas e estas foram nossos primeiros clientes. Pouco tempo depois, grandes viações nos procuraram, mas já foi um processo mais difícil por conta da resistência dos times internos dessas empresas que estavam acostumados com um jeito de lidar com a informação e tinham certa resistência à novidade. Além disso, percebemos que algumas entidades do turismo também possuíam interesse pelos nossos dados, assim como algumas GovTechs, porém não é uma frente que tenha avançado por conta da burocracia governamental – e que acaba sendo menos atrativa por isso.  

Os obstáculos que enfrentamos e as oportunidades que abraçamos ao longo dessa jornada de 15 anos fizeram com que nos colocássemos em uma postura de constante adaptação. Atualmente, nos encontramos em um momento estável e em um mercado que tem cada vez mais o usuário no centro e, por isso, tem buscado inovar e se equiparar às vantagens e práticas mais comuns no transporte aéreo. 

Os metabuscadores seguem relevantes, pois proporcionam uma experiencia ágil e facilitada ao viajante. Eles também são fonte de informação para as empresas que buscam tomar decisões mais estratégicas e assertivas. Tais aspectos favorecem nosso posicionamento como uma startup, sim, de 15 anos, e que tem em sua essência o impacto e a inovação para o mercado, assim como a resiliência na jornada empreendedora.