A trajetória do empreendedor que usa novas tecnologias para aproximar marcas e pessoas

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A trajetória do empreendedor que usa novas tecnologias para aproximar marcas e pessoas

Thiago Kriek, de Blumenau, criou a Lemonade, empresa que desponta como uma promessa em plataformas inovadoras para o mercado de comunicação e publicidade

Ao fundar a Lemonade, Thiago Kriek desponta a empresa de Blumenau como uma promessa global em plataformas inovadoras para o mercado de comunicação e publicidade

 

A história de Thiago Goldfeder Kriek, um blumenauense de 31 anos, pode ser contada em diversos capítulos: da primeira experiência profissional (na empresa do pai, que desenvolve tecnologia para o setor têxtil) ao período que passou na Nova Zelândia entre uma fazenda de uvas e uma empresa de segurança corporativa, ou na fase em que foi produtor de shows de blues em cidades do Brasil e da América do Sul.

Mas o que chama mais a atenção é o capítulo empreendedor, com todas as reviravoltas que um bom roteiro oferece: trabalhos desenvolvidos para grandes marcas (Cartoon Network, Starbucks, Qualcomm, Ambev e outras), várias participações no South by Southwest (SXSW), um dos mais badalados festivais de inovação do mundo, a quase falência e a volta por cima.

A conexão entre esses diferentes momentos é a paixão deste inquieto empreendedor por publicidade e propaganda e sua visão sobre como as novas tecnologias podem reinventar a conexão entre marcas e consumidores. Esse foi o propósito que levou Thiago a criar, em 2012, a DBAPPZ (Digital Branding Applications Ltda), focada em experiências interativas – uma espécie de laboratório de pesquisa e desenvolvimento de protótipos que pudessem ser aplicados em ações publicitárias, empreitada que começou graças a um investimento anjo.

Depois de ouvir diversos profissionais do mercado que o nome da empresa “não prestava”, ele resolveu mudar de rota. Criou a marca Lemonade, um acrônimo de Logic Engine for Mobile Native Development – um mecanismo de lógica para a criação de experiências interativas para dispositivos móveis. Surgiu a ideia de uma plataforma para aplicação de novas tecnologias (como realidade virtual ou aumentada) utilizada a partir de aparelhos celulares. O projeto precisou de mais de três anos para ficar pronto, com uma pequena equipe de desenvolvimento que tocava outros jobs em paralelo.

Thiago no estande do South By Southwest, em Austin (EUA). Participação no evento gerou visibilidade internacional à plataforma. Foto: Divulgação

“O Lemonade é uma forma de levar as marcas a fazerem coisas incríveis apenas utilizando o celular como recurso: microfone, geolocalização, câmera, bluetooth, acelerômetro, giroscópio. E isso pode ser feito sem contratar uma grande empresa para desenvolvimento. É só utilizar a plataforma para criar e hospedar as campanhas”, explica Thiago, que conheceu por dentro o mercado das grandes agências de publicidade.

A partir de um contato com o grupo Publicis, Thiago viu a oportunidade de atuar como produtor de tecnologia para o mercado de comunicação. Com isso em mente, na base do risco, se dispôs a fazer um período de colaboração com a agência, onde participou da elaboração de projetos especiais envolvendo novas tecnologias para campanhas de grandes empresas e eventos (Bradesco, Mastercard, entre outros).

“Somos uma empresa de inovação que une design e tecnologia para criar experiências extraordinárias e inesquecíveis”, define Thiago Krieck.

Com essa experiência na bagagem, resolveu se dedicar integralmente à Lemonade, que passou a contar com uma equipe própria e a atuar por meio de parcerias com outras empresas. Foi assim que a Lemonade começou a desenvolver aplicações de realidade virtual e realidade aumentada para grandes marcas e expôs o portfólio nas edições de 2014 e 2016 do disputado SXSW, festival que une tecnologia, música e cinema, na cidade de Austin, no Texas.

“As utilidades práticas que o Lemonade promove são infinitas e pavimentam o caminho para o uso mais criativo e interativo da internet, bem além das telas de computadores e celulares”, definiram, em artigo publicado no portal Propmark, os diretores da Associação EraTransmidia, Rodrigo Arnaut e Henrique Prado, sobre os destaques brasileiros no South by Southwest (SXSW) 2016.
O aporte que não veio, a quase falência e a retomada

Naquele ano, a Lemonade negociava a entrada de um investidor na participação da empresa, o que acabou não dando certo. Sem a perspectiva do aporte, os negócios quase foram à lona. Mal chegado aos 30 anos, Thiago se via realizado como profissional – teve sua empresa escolhida como desenvolvedora do mês da Qualcomm no Brasil, atuou como instrutor do McCann Worldgroup para as agências do México e do Brasil, recebeu prêmios de inovação da Duke Energy e da Cartoon Network – mas, com o cenário incerto da Lemonade, sentia a vontade de largar tudo e ficar um tempo do outro lado do mundo.

Foi quando se lembrou do tempo em que organizava as turnês de grupos internacionais de blues, entre 2008 e 2011: “Essa foi a minha escola comercial. Fui agente e produtor, acompanhava as bandas pela América Latina e negociava”, lembra. Foram 40 shows de nomes como Nuno Mindelis, Blues Etílicos, Igor Prado Band e vários que ele buscou direto da fonte: os norte-americanos James Wheeler, Lynwood Slim, Billy Flynn, Kim Wilson, Kirk Fletcher, entre outros.

Eventos que levam experiência de realidade aumentada a shoppings, como este, em Curitiba, são a nova aposta da Lemonade. / Foto: Divulgação

“No meio dessa crise, pensei: estou há cinco anos trabalhando de 12 a 15 horas por dia. Não é agora que vou abandonar”, decidiu. Depois de um primeiro semestre muito ruim, reestruturou sua área comercial e o jogo virou. Os últimos seis meses salvaram o ano com lucro, fazendo projetos como a experiência de realidade virtual para comemorar o Natal, contratado pela Caixa Econômica Federal. No final de 2016 já garantiu um faturamento de pelo menos R$1 milhão para a empresa em 2017. Um dos focos da Lemonade são os produtos para grandes centros comerciais, como o Lemonade Experience e o Lemonade Realidade Virtual, que passaram por  shopping centers em várias cidades (Curitiba, Fortaleza e outras), mostrando aos visitantes como é possível utilizar novas formas de interagir com drones, jogos, robótica e realidade aumentada.

Hoje, Thiago aposta que pode fechar o ano com um faturamento de R$4 milhões e continua buscando um investidor – mas preferencialmente de fundos internacionais. A experiência no South by Southwest 2017, ainda que com poucos recursos, rendeu propostas e boas perspectivas de negócios na Europa e na Ásia, o que mantém Thiago com fé em seu próximo objetivo:

“Atingi minha meta dos 30 anos. Agora estou buscando atingir a minha meta dos 35”.