Idealizada no Vale do Silício pelo professor Leandro Piazza, a 49 Educação chega a Florianópolis para ajudar jovens universitários que querem empreender mas não se encaixam no sistema tradicional de ensino.
Os avanços tecnológicos e a disrupção nos mais diversos modelos de negócio na indústria e nos serviços têm provocado um desalento em significativa parcela de jovens em idade universitária. Dados do Censo Escolar (2015) apontam que a taxa de evasão no Ensino Superior acumulada em cinco anos foi de 49% para aqueles que entraram numa faculdade em 2010 – entre os motivos apontados estão a falta de identificação com o curso e a desinformação na opção por uma carreira profissional. E o problema deve se agravar nas próximas gerações, como alerta o Fórum Econômico Mundial: 65% das crianças que estão na escola primária hoje irão trabalhar com profissões que ainda nem existem.
Com o foco de suprir uma demanda de jovens universitários que têm interesse em empreender e desenvolver negócios inovadores, mas não se encaixam no modelo educacional tradicional, o professor Leandro Piazza – que atua há oito anos em universidades da região – foi ao Vale do Silício e idealizou a 49 Educação, espécie de “Startup University”, voltada para a aplicação prática e rápida na criação de startups e negócios inovadores.
“Meus alunos me perguntavam como criar uma startup, vinham com boas ideias, eu oferecia alguns caminhos, eventos pontuais, mas muitos não seguiam adiante por não saberem como estruturar seu negócio de forma prática e desanimavam. Não quero estimular que os universitários abandonem seus cursos, mas oferecer um complemento“, explica.
No início de 2019, durante uma imersão de três meses em Stanford (EUA), Leandro estruturou a 49 Educação no programa Accelerate your Startup. Como é comum entre as startups, a própria 49 “pivotou”, mudando o conceito inicial: um escola para desenvolver as chamadas soft skills, habilidades comportamentais como comunicação interpessoal e pensamento crítico – muito mais valorizadas atualmente pelos empregadores, como ele aponta.
Ao vivenciar a cultura do Vale do Silício, porém, Leandro se uniu à universitária Bibiele Natalie para trazer ao Brasil algo mais amplo. Após uma pesquisa com mais de dois mil estudantes universitários, os fundadores viram as principais necessidades dos jovens e criaram uma metodologia própria. Inspirada na Singularity University e na Draper University of Heroes (que não tem sala de aula, prova nem diploma), o método CHAMP representa o acrônimo das cinco habilidades dos profissionais do futuro citadas pelo Fórum Econômico Mundial: conteúdo, habilidade, atitude, mentoria e prática.
A primeira turma terá início em março de 2020, em Florianópolis.
O nome 49 surgiu como referência às primeiras pessoas que chegaram para habitar a Califórnia, em 1848, durante a Corrida do Ouro. No ano seguinte, 1849, alguns dos locais começaram a empreender em outras áreas além da mineração e ficaram conhecidos como os 49ers, primeiros empreendedores da região que representam a cultura de determinação e progresso do Silicon Valley.
“ABERTURA” NESTE SÁBADO (14) COM WORKSHOP DE BRET WATERS, PROFESSOR E EMPREENDEDOR NO VALE DO SILÍCIO
Para marcar a chegada do projeto a Santa Catarina, Leandro convidou um de seus mentores no Vale do Silício para um workshop no próximo sábado (14.09), na sede da Associação Catarinense de Tecnologia. Professor da Universidade de Stanford, Bret Waters já ajudou a formar mais mil alunos a partir da expertise adquirida no maior polo de inovação e alta tecnologia do planeta.
No workshop de oito horas que será ministrado em Florianópolis, Bret ensina de forma prática a “metodologia do Vale do Silício”, passando por processos como design thinking, lean startup, modelagem financeira e outros modelos projetados para levar os produtos ao mercado. Também será discutido sobre plataformas de lançamento efetivas e sobre as diversas maneiras de financiar uma startup, desde investidores-anjo até capital de risco.
Bret atuou como mentor-chefe no programa de aceleração da Academia Europeia de Inovação por meio de uma parceria com a Universidade de Stanford, Berkeley e o Google. Ele também fundou três empresas de software e uma delas, a Tivix, que desenvolve soluções na nuvem e aplicativos mobile, foi vendida para a indiana Kelton Tech. Há 12 anos, o professor também compartilha seu conhecimento voluntariamente no Miller Center for Social Entrepreunership, ajudando empreendedores a desenvolver e buscar recursos para projetos sociais, como meio ambiente e empoderamento econômico feminino.
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