Iniciativa do Sebrae/SC que completa 10 anos abre inscrições para acelerar 50 startups catarinenses – em 2021, dez egressas foram vendidas para grandes empresas. Foto: Agência SC Inova
[11.03.2022]
Por Fabricio Umpierres, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br
Há exatos dois anos, a eclosão da pandemia tirou do ambiente de startups um de seus principais combustíveis, os eventos presenciais que motivavam troca de experiências,contatos profissionais e até mesmo a criação de novos negócios. O barco seguiu em modo digital desde então, com o retorno gradual de algumas atividades e até de alguns eventos (como o Startup Summit híbrido, em outubro passado), mas nada era como antes.
Até o encontro desta quinta (10) no Centro de Inovação Acate Primavera, em Florianópolis, que marcou o primeiro MeetUp presencial do programa Startup SC em dois anos – e que abre uma agenda que terá também eventos em Blumenau, Joinville e Chapecó nas próximas semanas. Com um público de cerca de 400 pessoas que lotou novamente o vão do CIA, como nos (nem tão) velhos tempos, o StartupSC anunciou também o início das inscrições – que podem ser feitas até o dia 10.04 neste link – para o programa de capacitação que já ajudou a desenvolver 320 startups (e 1.040 empreendedores) de 28 cidades catarinenses nos últimos 10 anos.
Em 2021, foram tantas empresas inscritas (mais de 400) que o excesso de demanda no “funil” criou um novo programa, o Jornada Startups, parceria entre ACATE e Sebrae/SC que atendeu 144 novos negócios com mentorias online e diagnóstico de maturidade das soluções. O Jornada segue neste ano, com perspectiva de envolver até 150 startups que não forem selecionadas no programa de capacitação mas que demonstrem potencial de mercado.
Criado em 2012, o Startup SC ajudou a formar algumas das empresas inovadoras que mais cresceram no estado desde então (leia aqui nossa matéria sobre os primeiros cinco anos do projeto), com uma metodologia de workshops realizados aos finais de semana sempre com empreendedores do mercado de tecnologia local. “Não cobramos nada pela participação no programa, nem inscrição ou equity das empresas, apenas dedicação – e isso cobramos bastante”, comentou Alexandre Souza, idealizador e gestor do StartupSC no Sebrae/SC.
Assim como nos últimos anos, serão selecionadas 50 startups do estado para as turmas de Florianópolis (20), Blumenau, Joinville e Chapecó (10 cada). Ao final da capacitação, 25 delas receberão um apoio de R$ 50 mil cada por meio de edital da Fundação de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação de Santa Catarina (Fapesc).
Em 2021, 10 egressas do programa foram vendidas para grandes empresas: Clínica nas Nuvens (Xanxerê, para a Bionexo), PagueVeloz (Blumenau, para a Serasa Experian), Atar B2B (Timbó, para a Porto Seguro), CredPago (Joinville, para a Loft), CodeMoney (Florianópolis, adquirida pela também catarinense Asaas), CUCO Health (Florianópolis, para a Raia Drogasil), Smarket (Florianópolis, para a Neogrid), Lett (nascida em SC mas que se estabeleceu em Belo Horizonte, também para a Neogrid), além de Mercos (Joinville) e Effecti (Rio do Sul), ambas compradas pela Nuvini, do investidor Pierre Schurmann.
EXIT: FIM DA JORNADA OU UM NOVO COMEÇO?
Em fevereiro passado, mais uma egressa do programa seguiu a tendência do early exit, a Equilbrium, startup de logística que nasceu há pouco mais de dois anos dentro do LinkLab, laboratório de inovação aberta da ACATE, recebeu dois aportes de seed capital e que foi comprada pelo Grupo Boticário. “Nesse novo momento, queremos ajudar a empresa a ter a melhor operação logística do país”, disse Fabio Nunes, cofundador da Equilibrium, convidado para um dos paineis do Meetup do StartupSC nesta quinta e que agora é diretor de inovação logística n’O Boticário.
“O exite é um novo começo. Porque também tem a pressão por resultados e metas, embora com alguma segurança financeira por ter vendido a empresa”, comenta o empreendedor manezinho, surfista e pescador, como se apresentou ao público.
“Desde o começo da Equilibrium buscamos o early exit. O plano era fazer uma rodada de investimentos e vender em cinco anos, mas tudo aconteceu em dois anos. Quando recebemos o primeiro aporte, faturávamos R$ 1 milhão e, no momento da venda, a receita era de R$ 4 miilhões”, lembrou. O negócio rendeu aos investidores um múltiplo de 10X o total aportado 18 meses antes.
Marcela Graziano, fundadora da Smarket, também antecipou os planos de venda de sua startup que desenvolvia automação de promoções para o varejo. “Em 2019 íamos captar uma nova rodada. Eu tinha uma ideia de quanto queria vender a empresa, mas se fosse atrás dos investidores primeiro, teria que ficar pelo menos seis anos comprometida com metas e resultados até buscar o exit. Poderia ter vendido por muito mais ou por nada, porque startup é risco. Mas um dos investidores (Eduardo Smith, atual CEO da Softplan) me perguntou se uma venda naquele momento faria sentido para a minha vida – e faria, por isso decidimos pelo processo de buscar um comprador”, detalhou a empreendedora durante o painel.
No início de 2021, a Smarket anunciou a aquisição pela Neogrid, de Joinville, que tinha sinergia de mercado e estava capitalizada pelo IPO realizado alguns meses antes. Agora mãe de um bebê de um ano e meio, Marcela entendeu que o exit foi a melhor escolha: “startup é timing”.
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