Com várias cidades listadas em ranking de ecossistemas, o ponto-chave agora é: como podemos evoluir? O potencial da vez no estado são os negócios de biotecnologia. / Foto: Jucelio Floresta (Unsplash)
[26.05.2025]
Por Paulo Bornhausen, Secretário Executivo de Articulação Internacional e Projetos Estratégicos de Santa Catarina
O novo Global Startup Ecosystem Index 2025, da StartupBlink, confirma aquilo que em Santa Catarina já percebemos há tempos: quando o poder público cumpre seu papel de indutor da inovação, os resultados aparecem.
O ranking coloca oito cidades catarinenses — Florianópolis, Joinville, Blumenau, Rio do Sul, Criciúma, Itajaí, Chapecó e Lages — entre os melhores ecossistemas de startups do mundo. Estamos atrás apenas de São Paulo no número de cidades listadas, o que demonstra a força da nossa rede estadual de inovação.
Esses resultados não são obra do acaso. São fruto de uma política pública estruturante, construída com responsabilidade e visão de futuro. Em 2011, iniciamos o movimento no governo do Estado para implantar o Programa Catarinense de Inovação (PCI), um programa de Estado – e não de governo – que estabeleceu um marco legal e estratégico para o setor.
A partir daí, iniciamos o planejamento, ouvindo todos os ecossistemas em 13 regiões e prospectando oportunidades e condições para novos negócios. Todo este potencial foi interconectado dentro da mesma visão, à época, conduzida na Secretaria de Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina, onde eu era o titular.
Com o PCI, estabelecemos os primeiros 13 núcleos regionais que precederam a implantação dos Centros de Inovação, iniciando assim o movimento para que Santa Catarina tivesse uma cultura de inovação aderente em todo o território e de forma descentralizada. Os Centros de Inovação Regionais conectaram o conhecimento gerado nas universidades com o dinamismo das empresas e o apoio do poder público. Depois vieram os prédios, mas o ecossistema nas regiões já estava bem definido e interligado.
Formamos um verdadeiro sistema estadual de inovação — conectado, colaborativo e competitivo. Os centros tornaram-se catalisadores do empreendedorismo tecnológico em todas as regiões, transformando vocações locais em oportunidades globais. Cidades como Florianópolis, que lidera em capital humano e densidade de startups, e Joinville, que alia indústria e tecnologia, são apenas dois exemplos do potencial que ajudamos a desenvolver.
O setor privado fez seu papel com excelência, e o Estado, ao invés de atrapalhar, criou o ambiente para que a inovação prosperasse. Resultado: mais startups, mais negócios, mais talentos retidos e reconhecidos mundialmente.
O PCI foi o instrumento da manutenção do modelo econômico descentralizado e com as mesmas condições para todas as regiões catarinenses. Nestes quase 15 anos, vimos os resultados no aumento da participação de tecnologia e inovação no PIB estadual, de 5% para 7,5%. Também estamos vendo nossos ecossistemas regionais em rankings mundiais, como o Global Startup Ecosystem Index 2025.
O ponto-chave, agora, é como podemos evoluir na próxima década? Vamos dobrar o jogo, ou seja, com a base tecnológica já montada, com a cultura da inovação já instalada e o ingresso no mundo das fintechs, é hora de Santa Catarina ir para a deep tech. O potencial da vez no nosso estado é a biotech.
Os negócios de biotecnologia já instalados aqui nos dão a condição de sermos um dos grandes do Brasil e do mundo na próxima década, com segmentação para as vertentes animal, vegetal e humana, como para a indústria alimentícia, a farmacêutica e o agronegócio. O potencial é de ofertar biotecnologia para produtos de altíssimo valor agregado.
Ouvimos repetidamente durante Brazilian Week, em Nova York, há alguns dias, que as três áreas decisivas no futuro global são a biotecnologia, a cibersegurança e a inteligência artificial. Para Santa Catarina, com o desenvolvimento em biotech, as outras duas áreas vêm embarcadas, para garantir a proteção da saúde humana e animal. Andam juntas.
Nenhum estado no Brasil possui hoje a condição de base que montamos para dar este salto para uma sociedade de classe mundial com capacidade de pular o Brasil e ajudar o nosso país. Esta não é uma leitura romantizada, como já ouvimos quando iniciamos a consolidação dos ecossistemas, quase 15 anos atrás. Com os recursos que eram destinados a presídios que não obtiveram licença para a construção, pudemos colocar de pé a estrutura dos Centros de Inovação Regionais, consolidando a cultura que hoje está em todo o território.
Este é o caminho. Continuar apostando em conhecimento, tecnologia e inovação como motores de desenvolvimento sustentável e inclusão econômica para todos os catarinenses.
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