Depois de consolidar conexão com o mercado do Canadá, empreendedores catarinenses querem fortalecer parceria com Emirados Árabes – e replicar experiência para colocar o estado no mapa da inovação global. / Fotos: Divulgação ACATE
[FLORIANÓPOLIS, 16.08.2024]
Por Fabricio Umpierres, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br
Consolidada como um dos principais ecossistemas de inovação do Brasil, Santa Catarina projeta há anos a internacionalização dos negócios locais e, a cada edição do Starup Summit, a vontade de “ir para o mundo” ganha força entre entidades e empreendedores catarinenses.
Em meio aos 10 mil participantes do maior evento de negócios realizado anualmente em Florianópolis, e que encerra nesta sexta (16), estão algumas comitivas internacionais com pessoas curiosas em conhecer um estado relativamente pequeno dentro do panorama nacional e que não está no mapa global de inovação – mas que surpreende pela quantidade de startups e de entidades conectadas, o que se convencionou chamar de “ecossistema de inovação”.
Para Peter Hawkins, um dos líderes da Câmara de Comércio Brasil-Canadá, Santa Catarina é a “Los Angeles do Brasil”. “Vocês são inteligentes, tem a própria cultura e um ótimo clima, inovação e ideias incríveis. Assim como LA exportou a cultura americana com Hollywood, vocês também estão prontos para conquistar o mundo”, disse ele em painel de negócios globais no Startup Summit 2024. Ele veio em missão promovida pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) com empresas e instituições do Canadá, país onde a entidade tech de SC inaugurou no uma sede no ano passado, para começar a construir de fato uma conexão com o país norte-americano.
Como destaca Henrique Bilbao, empreendedor catarinense que vive no Canadá e que ocupa a vice-presidência de Internacionalização da ACATE, estas missões já trouxeram 30 empresas canadenses nos últimos três anos para conhecer o ambiente tech de Santa Catarina. “Fizemos a coisa certa, que é primeiro criar essas conexões de maneira regular, trazendo entidades e empreendedores, até criarmos nossa sede lá, o que traz confiança para essa relação”, avalia.
Confira aqui nossa cobertura do Startup Summit
E como os canadenses estão percebendo Santa Catarina? “Eles conhecem Rio, São Paulo, sabem o tamanho dessas metrópoles e um pouco da diversidade do Brasil. Aqui em SC, eles viram que as startups podem ser menores, mas têm uma escalabilidade maior, e é isso que buscam, projetos para serem tracionados lá fora e ganhar o mundo, não apenas se tornarem empresas canadenses”.
PRÓXIMOS PASSOS DA EXPANSÃO
A experiência com o Canadá levou a ACATE a entender os caminhos e desafios da internacionalização e o objetivo agora é replicar o modelo para outros países. Um destes destinos será os Emirados Árabes Unidos, comenta Lisandro Vieira, empreendedor e diretor do Grupo de Trabalho de Internacionalização da entidade.
“O primeiro passo foi recentemente, com a visita do governador Jorginho Melo e de empresários de SC, depois recebemos uma comitiva árabe a Florianópolis. E agora a ACATE foi escolhida como um dos cinco hubs brasileiros para levar cinco startups para expor na maior feira de tecnologia do país, que reúne mais de 200 mil visitantes em uma série de eventos”, explica Vieira, que será o “embaixador” da entidade no emirado – um modelo no qual empreendedores catarinenses ficam responsáveis por ajudar a abrir portas e conexões com outros países.
Depois dos Emirados Árabes, o projeto de internacionalização deve ser replicado na Europa, especificamente na Itália, Portugal e Alemanha, onde a ACATE já conta com algumas parcerias.
Como destaca Vieira, o caminho para o ecossistema catarinense crescer é entrar no mercado externo. “Santa Catarina hoje ocupa o segundo lugar nos principais rankings de empreendedorismo inovador e startups, em vários aspectos. Dentro do Brasil é muito difícil ser primeiro ou crescer mais do que São Paulo, mas lá fora nós competimos em nível de igualdade, e há muito mercado para crescermos. O empreendedor catarinense tem capacidade para internacionalizar, então estamos fazendo um trabalho de base, de mudança de mindset para incentivar as empresas locais a terem apetite pelo mercado externo, seja por moeda, tributação, investimento, cliente ou parceiros de negócio”, resume.
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