Enquanto o mercado ainda parece pouco maduro para essa ideia, os empreendedores focam em serviços financeiros para desbancarizados
No final de 2015, Adriano Miguel da Silveira era o responsável pela área de TI de uma empresa na Grande Florianópolis quando um colega da indústria perguntou se ele conhecia uma solução para a pilha de cheques com os quais trabalhava todos os meses e que demandava atenção com armazenamento, compensação, erros de preenchimento, entre outros contratempos.
Embora o talonário de papel esteja se tornando um animal em extinção para as novas gerações, acostumadas às transações digitais, ainda é um meio de pagamento corrente entre empresas e prestadores de serviço. “Quando eu me deparei com essa demanda, pesquisei e vi que mensalmente são compensados 3 milhões de cheques por mês no Brasil. Existia um nicho de mercado, sem dúvida”, argumenta Adriano, formado em Ciências da Computação e que atua no mercado há 20 anos.
Assim, poucos meses depois, começou a desenvolver uma solução do tipo “cheque digital”, que pudesse identificar dados do emissor com apenas um clique, não fosse extraviado, tivesse rastreabilidade e não esperasse dois dias úteis até ser compensado – alguns dos vários contratempos pelos quais passam os portadores de cheques. Em março de 2016 ele montou a equipe hoje é o SD Bank, uma fintech com sede em Palhoça (SC) e que diversificou o portfólio de serviços para atender também pequenas empresas e profissionais desbancarizados com soluções digitais. A equipe é composta por quatro sócios – entre eles Adriano, fundador, e o investidor Joi Losso Parente Junior – e outros dois colaboradores, além de um staff jurídico e de comunicação.
Em meados do ano seguinte, quando participavam da turma de capacitação do programa Startup SC, eles lançaram o app do cheque digital, mas começaram a se deparar com outras dificuldades. “Na prática, nós desenvolvemos um instrumento de pagamento que fazia a intermediação entre comprador e vendedor, por meio de uma conta no SD Bank. Então precisaríamos de uma grande base de usuários, por isso mudamos a estratégia e passamos a desenvolver soluções triviais para pessoas físicas e jurídicas, que podem utilizar o cheque digital, que é uma exclusividade nossa”, explica o CEO. Hoje a empresa conta com 2 mil usuários e espera chegar aos 10 mil até o final do ano. A ideia é que o cheque digital seja uma transação pré-datada que pode ser gerenciada por meio da conta online.
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Ao longo do desenvolvimento da empresa, ele também acompanhou a explosão das fintechs: “quando começamos, o radar FintechLab contava umas 60 empresas, hoje são mais de 500”, comenta. Essa pulverização do mercado trouxe outro desafio, que é buscar um diferencial no mercado. Nas contas para pessoa física, o SD Bank não cobra mensalidade, apenas margens sobre taxas, como TED e saque. E a aposta para pessoas jurídicas, deve ser lançada em breve, é uma plataforma de gestão de cobrança de boletos, com valores abaixo do que o mercado oferece atualmente, em torno de R$ 5. “Estamos propondo uma margem pequena para que o valor seja bem menor, cerca de metade do que custa hoje. Vamos usar diversos parâmetros para o usuário acompanhar durante o processo de cobrança”, adianta.
Depois de 15 anos sem usar cheque, Adriano passou a entender algumas vantagens que esse meio de pagamento ainda tem no mercado: “você pode repassar para outros caso precise de crédito, pode pagar em parcelas de valor diferente e, por ter jurisprudência permite uma cobrança de inadimplência mais rápida e melhor do que no cartão”. Mas o desafio do momento é ajudar seu mercado-alvo a entrar em definitivo no ambiente digital.
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