Profissionais e empreendedores de empresas catarinenses, como Rachel Filipov, da Hexagon (foto), opinam sobre o impacto da legislação da União Europeia sobre proteção de dados, a GDPR, para empresas e usuários
Nas últimas semanas, o debate sobre a regulamentação de proteção de dados (general data protection regulation, ou GDPR) estabelecida desde o dia 25 de maio pela União Europeia tem tirado o sono de empresas que detém informações de usuários do Velho Continente – especialmente aquelas que lidam com software como serviço (SaaS). A medida, em resumo, prevê que usuários possam checar que informações as empresas guardam sobre eles e determina que a coleta e o uso de dados pessoais sejam feitas apenas sob consentimento explícito.
Mas ainda que a legislação se aplique especificamente a clientes na União Europeia, empresas brasileiras sinalizam que novas normas também devem ter efeitos aqui no país. A catarinense Hexagon Agriculture, divisão do grupo sueco Hexagon e que com sede em Florianópolis, criou um comitê global multidisciplinar especialmente para adequar aspectos jurídicos referentes à nova lei.
“Vejo tudo isso como positivo. Tanto do ponto de vista do consumidor/cliente, que será menos bombardeado com informações irrelevantes, quanto do ponto de vista dos líderes de marketing”, opina Rachel Filipov, responsável global para GDPR compliance da Hexagon Agriculture. “Isso nos obriga a ser cada vez mais criativos e explorar diferentes oportunidades”. Um terço das vendas da Hexagon global – que desenvolve soluções de tecnologia para mercados como mineração, agricultura e sistemas geoespaciais – é para o mercado europeu.
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Outra empresa catarinense com relevante presença internacional, a Cheesecake Labs, que faz desenvolvimento e design de aplicativos personalizados, vê reflexos da lei no dia a dia dos brasileiros. “Os usuários vão notar que há um controle muito maior sobre quem tem acesso às suas informações pessoais e quais informações estão sendo coletadas, principalmente em sites e apps que fornecem serviços globalmente”, comenta o gerente de produto Bruno Guerios.
Segundo Matheus Dellagnelo, CEO da Indicium, empresa de Inteligência de Mercado, apesar de ser uma diretriz europeia, o Brasil já segue os mesmos passos com a aprovação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (PL 4060/2012) pela Câmara do Deputados. “Assim que for aprovada pelo Senado e sancionada pelo Presidente, ainda existe um prazo de 18 meses para adaptação às novas regras. Enquanto isso, grandes empresas que têm negócios fora do Brasil já começam a se adequar e mesmo as pequenas que tenham dados pessoais de contatos de qualquer país da UE estão, sim, sujeitos ao GDPR”, ressalta. Criada em 2017, a empresa tem traçado alguns cenários possíveis para estar dentro da regulamentação brasileira, quando ela surgir.
O recado mais importante para o usuário, opina Cassio Brodbeck, CEO da Ostec Business Security, especialista em segurança virtual corporativa, é manter o alerta com relação à privacidade na internet: “tilize apenas aplicativos ou sites que realmente são confiáveis, com reputação comprovada. Forneça o mínimo de informações a seu respeito, e busque a área de privacidade ou configurações de softwares e apps – embora parte sejam ativadas de forma padrão, é possível desativar determinados recursos”.
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