Uma ideia errada, bem executada, levará você ao seu destino mais rápido. Mas o destino não será aquele aonde você queria chegar primeiro. / Foto: FORTYTWO (Unsplash)
[11.08.2022]
Por Claiton Pacheco Galdino, presidente da ADVB/SC*
Nos últimos anos, o discurso em favor da execução em detrimento das ideias tem sido avassalador. Ao falar de ideias nos ambientes de negócios, logo alguém vem e diz: “uma ideia não vale nada, o que vale é a execução”.
Já houve bastante barulho em torno do tópico de ideias versus execução, não quero aumentar ainda mais, até porque eu também sou um defensor da execução como essencial. Mas eu gostaria de trazer uma nova dimensão para isso, fazendo uma pergunta: que tipo de ideias você está executando?
Deixe-me explicar. Devido ao quase linchamento público das ideias, você pode estar executando um dos seguintes tipos delas:
Ideias erradas
Óbvio que ninguém executa deliberadamente ideias erradas. O problema surge quando se perde de vista a big picture e ficamos presos à execução somente. Uma ideia errada sempre o levará a um destino errado. Uma ideia errada, bem executada, levará você ao seu destino mais rápido. Mas o destino não será aquele aonde você queria chegar primeiro.
Ideias medíocres
Suas ideias são medíocres? Se sim, então a execução não importa. Você deve parar de executá-las agora. Isso evitará que incontáveis horas de trabalho suas e de sua organização sejam desperdiçadas. A razão é simples: ideias medíocres, não importa quão bem sejam executadas, ainda darão resultados medíocres.
O que escrevi acima pode parecer idiota, mas, em muitas ocasiões, fico surpreso ao ver times inteiros se dedicando a ideias que são muito ruins e, por algum motivo, estão sendo executadas, no estilo “segue o fluxo”.
Boas ideias
“O bom é inimigo do ótimo.” À primeira vista, escolher boas ideias para executar faz todo sentido. Mas, na realidade, é a coisa mais arriscada a fazer. Vou dar-lhe três razões para apoiar o meu argumento.
Boas ideias não são ideias diferenciadas e provavelmente o mercado que você deseja explorar está cheio de gente com boas ideias semelhantes, portanto, competindo entre si usando uma estratégia quase idêntica. O resultado? Mesmo se você executá-la muito bem, ainda pode se perder na multidão.
Boas ideias tornam você complacente. No curto prazo, as empresas podem até se sair bem. Isso traz uma sensação de dever cumprido e em alguns casos até uma certa arrogância. Uma vez que as empresas se contentam com boas ideias, elas param de exigir ideias mais inovadoras ou disruptivas de seus times.
Boas ideias podem tornar sua empresa vulnerável: se sua concorrência está ocupada executando ideias “mais ou menos”, pode parecer uma boa opção. Mas quando sua concorrência está fazendo algo ótimo, fazer o “bom” o torna vulnerável.
Ideias inovadoras
Ouvimos muito que ideias não valem nada sem execução, mas as ideias inovadoras pertencem a um nível diferente. Elas não têm preço. Grandes ideias não surgem do nada, a única maneira de obter essas ideias é construindo a capacidade interna da organização.
Para ter ideias inovadoras é preciso várias ideias boas, descartar muitas delas, filtrá-las, fundi-las para, quem sabe, chegar a uma grande ideia. As grandes ideias são as que mais importam. Grandes ideias são aquelas que te dão resultados 10 vezes maiores.
E quanto à execução?
A execução é o que faz a inovação acontecer, claro. Sem execução, as ideias permanecerão na sala de reuniões. Algumas organizações construíram a excelência na execução como seu ativo mais precioso e portanto não devem desperdiçá-lo com ideias medíocres, erradas ou mesmo boas. Em vez disso, devem aproveitá-lo ao máximo, aplicando-o em ideias inovadoras.
Portanto, se a execução é sua principal força, pare de minar a importância das ideias. Em vez disso, acompanhe as mentes cheias de grandes ideias. Quando as melhores ideias são conduzidas por meio de uma ótima execução, a mágica da inovação acontece.
*A Associação de Dirigentes de Marketing e Vendas de Santa Catarina é parceira editorial do SC Inova do canal Inovação & Gestão, com artigos publicados quinzenalmente pelos diretores da entidades.
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