Para Diego Ramos (foto), diretor da recém-criada Vertical Smart Cities da Acate, pandemia fortalece importância dos municípios e a necessidade de desenvolver iniciativas inovadoras e criativas para atrair talentos.
[FLORIANÓPOLIS, 23.09.2020]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br
A expansão dos setores de tecnologia e de economia criativa foram alguns dos principais fatores que impulsionaram o desempenho de Florianópolis no recente ranking Connected Smart Cities, que colocou a cidade no segundo lugar entre as mais “inteligentes” e conectadas do país, logo após São Paulo. No ano passado, a capital catarinense ocupava a sétima posição.
O estudo, desenvolvido pela consultoria Urban System, destaca a expansão econômica de Florianópolis, especialmente nos setores de TI (crescimento de 9,3% frente a 2019) e de Economia Criativa (2,9%). O resultado – amplamente comemorado por empreendedores e representantes do setor público e privado local – aponta também para uma competição cada vez maior entre as cidades para atrair talentos e projetos de tecnologia.
“Os jovens hoje não escolhem apenas onde querem trabalhar, mas especialmente onde querem viver. A expansão do trabalho remoto e a necessidade de mão de obra qualificada no setor de tecnologia geram uma competitividade entre as cidades, que precisam por sua vez contar com infraestrutura de conectividade para oferecer condições de receber não só esses trabalhadores, mas também empresas e projetos”, define o empresário Diego Ramos, coordenador da recém-criada Vertical de Negócios Smart Cities da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate).
A iniciativa, lançada em julho passado, reúne cerca de 15 empresas que desenvolvem algum tipo de solução inovadora para cidades – de processos digitais a turismo inteligente, big data, conectividade, entre outras.
“O objetivo é ser um hub de empresas motivadas a criar soluções para os problemas das cidades, ser um espaço para debater e pensar soluções com gestores públicos – e podemos também receber ideias e projetos de outras regiões, tornando Santa Catarina um grande laboratório. Com a pandemia, as cidades ganharam um protagonismo inédito na história recente“, ressalta Diego, diretor executivo da Teltec Solutions, com sede em Florianópolis.
O grupo de Smart Cities surge após uma experiência de outras verticais de negócio da Acate que gerou, entre 2018 e 2019, uma pré-incubadora para soluções para cidades inteligentes, o Living Lab. Durante oito meses, startups validaram com apoio do poder público uma série de projetos de conectividade, agricultura familiar, mobilidade e turismo digital, entre outros.
“Os jovens hoje não escolhem apenas onde querem trabalhar, mas especialmente onde querem viver” diz Diego Ramos, da Vertical Smart Cities da Acate.
“O projeto nos motivou a criar esta vertical após atingirmos alguns objetivos, como criar uma mentalidade de ecossistema, de ofertar novos serviços digitais e de ver como gestores públicos começaram a se envolver com as startups. Isso leva a informação para dentro da prefeitura e fomenta uma nova mentalidade, se desgarrando de práticas do passado”, lembra.
DISTRITO 48: TRANSFORMAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DA CAPITAL EM HUB DE INOVAÇÃO
Outro projeto que está em desenvolvimento em Florianópolis é o Distrito 48, iniciativa que pretende transformar o centro histórico da Capital em um “habitat de inovação”, atraindo empresas de tecnologia em conexão com comércio e potencial já instalado de bares e restaurantes da região – as bases da Economia Criativa, que também foi um dos pontos que melhorou o posicionamento da cidade no ranking da Urban Systems.
No final de 2019, a Câmara de Vereadores aprovou uma lei que prevê incentivos fiscais às startups que se instalarem nos limites da área definida pelo Distrito 48 – que leva esse nome em função da localização longitudinal (meridiano) da cidade. Em função da pandemia, o cronograma de revitalização da área e lançamento acabou sendo postergado, provavelmente para 2021.
A articulação envolve algumas das principais entidades associativas da região – como CDL, ACIF, Associação FloripAmanhã, Sebrae, Floripa Convention & Visitors Bureau e Floripa Conecta – poder público municipal e universidades (UFSC e Udesc). A inspiração vem de várias outras cidades, mas especialmente da italiana Bologna, um centro gastronômico e universitário que também vem atraindo também empresas de tecnologia, como ressalta o professor Luiz Salomão Ribas Gomez, que fundou em 2016 o CoCreation Lab, uma pré-incubadora de projetos de Economia Criativa no centro histórico de Florianópolis.
Mas há outros benchmarks também, como a revitalização dos centros urbanos de cidades como Houston e Detroit, além do projeto do Porto Digital, um polo de tecnologia na área histórica do Recife que reúne 330 empresas e cerca de 11 mil trabalhadores.
“O futuro depende de muita parceria entre empresas, entidades e poder público”, defende Diego Ramos, da Vertical Smart Cities e também vice-presidente de Relacionamento da Associação Catarinense de Tecnologia. Nesta função, o objetivo é criar uma ponte entre o setor produtivo e poder público (executivo, legislativo) para ampliar o entendimento sobre o mercado de tecnologia, especialmente a necessidade de formação de mão de obra e o apoio a projetos de inovação para a comunidade.
“A crise do coronavírus acentuou a desigualdade digital e os governos precisam agir, colocar isso como prioridade. A falta de conectividade é o maior entrave para o desenvolvimento de cidades inteligentes – e cidades com essa característica geram cidadãos inteligentes, com mais oportunidades”, resume.
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