[OPINIÃO] ESG: um privilégio para grandes empresas?

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[OPINIÃO] ESG: um privilégio para grandes empresas?

Para startups ou PMEs, a aplicação das políticas de governança podem iniciar com uma estruturação inicial clara dos direitos e deveres de cada envolvido, políticas de transparência e cultura de feedback e compliance

Para startups ou PMEs, a aplicação das políticas de governança podem iniciar com uma estruturação inicial clara dos direitos e deveres de cada envolvido, políticas de transparência e cultura de feedback e compliance. / Imagem: DALL-E/SC Inova


[28.02.2024]

Por Enrico Dias, empreendedor e presidente do Conselho Mudando o Jogo (CMJ/SC) 

A aplicação de estratégias ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e de Governança) para além de um passe para as empresas e startups se autointitularem sustentáveis e inclusivas, são também práticas e processos que permitem que a organização tenha parâmetros para avaliar o ambiente de trabalho, conhecer colaboradores, compreender a comunidade e gerar impacto na relação com o cliente.  

Implementar tais práticas é desafiador para corporações que possuem uma área estruturada destinada a este objetivo, mas para pequenos negócios e jovens startups, o desafio pode parecer um pouco maior. É fundamental, portanto, que a adoção dos princípios de ESG seja adequada à realidade e ao momento que cada negócio vive, para não se tornar um privilégio dos negócios já consolidados e tampouco uma ação de greenwashing ou social washing

A governança é essencial para os negócios que querem crescer e dentro do contexto ESG, pode ser vista com prioridade. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) compreende que “governança corporativa é um sistema formado por princípios, regras, estruturas e processos pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas, com vistas à geração de valor sustentável para a organização, para seus sócios e para a sociedade em geral”. Sabe-se, por exemplo, que negócios alinhados às políticas de compliance tendem a ter maior atenção de futuros investidores e possivelmente maior lucratividade para os acionistas. 

Para startups novas ou pequenos negócios a aplicação das políticas de governança podem iniciar com uma estruturação inicial clara dos direitos e deveres de cada envolvido, políticas de transparência da área financeira e decisória, ter o aporte de um conselho consultivo, desenvolver uma cultura de compliance e estabelecer uma cultura de feedback para identificação e correção de problemas.   

ESTRUTURA SÓLIDA, POTENCIALIDADES E REDUÇÃO DE RISCOS 

Uma governança bem delineada serve, portanto, como base para as demais estratégias ESG, facilitando a criação de políticas e práticas bem estruturadas e com maior potencial de aderência ao negócio. Ter consciência sobre a importância da governança desde os passos iniciais na trajetória de uma organização permite uma série de benefícios, especialmente, que os princípios de diversidade, equidade e transparência sejam absorvidos e vividos de modo mais orgânico. A governança também evidencia a importância de áreas base de qualquer empresa, seja ela inovadora e disruptiva ou mais tradicional, como jurídico, financeiro, entre outras. 

Sem estes pactos, a empresa fica vulnerável a efeitos negativos em diversos setores. A falta de transparência pode resultar em decisões financeiras inadequadas, levar ao desperdício e afetar negativamente a imagem da organização para os investidores. Já a não conformidade com leis e regulamentos pode ter como consequência a aplicação de multas e penalidades que afetam a reputação e saúde financeira. Para além disso, sem uma estruturação da governança, o ambiente interno tende a ser prejudicado com conflitos entre acionistas, gestores e outras partes interessadas. 

É notável ainda como negócios com boa governança têm grandes diferenciais, como maior acesso a capitais devido a sua credibilidade, sustentabilidade e resiliência frente a crises, tomadas de decisões mais ágeis e claras, sem contar com a atração e retenção de profissionais qualificados. 

ESG NECESSÁRIO E ACESSÍVEL 

Para pequenos e médios negócios ou startups em fase inicial, empecilhos de tamanho de equipe ou mesmo uma receita mais enxuta pode fazer com que a estruturação de uma área de governança pareça inviável. Para esse tipo de empresa que o Conselho Mudando o Jogo (CMJ) se direciona. Afinal, ter um conselho consultivo não deveria ser um privilégio de empresas grandes ou já consolidadas, com alto nível de maturidade e capacidade de investimento.  

O board as a service orienta empresas, diretores e investidores para consolidar uma gestão eficaz, transparente, sustentável e de impacto social – itens da metodologia ESG e princípios básicos de governança. É um sistema que pode garantir que a organização

 esteja mais propensa a receber investimentos, crescer sua produtividade. A estrutura externa, no entanto, se diferencia de um conselho tradicional, pois é além de ser diversa, multidisciplinar e especialista, é acessível, não onera a operação e ainda agrega ao trazer uma perspectiva diferenciada do mercado e do negócio. 

Incorporar boas práticas de governança desde o começo é essencial para qualquer negócio que aspire ao sucesso sustentável e ao crescimento a longo prazo. Para startups, isso não apenas ajuda a mitigar riscos, mas também serve como um diferencial competitivo importante. Entendemos que as políticas de compliance para modelos de negócios inovadores como as startups e a adaptação da governança corporativa são metas possíveis de serem alcançadas, além de necessárias. A atuação do conselho colaborativo permite a pequenos negócios o entendimento desse cenário, a visão de viabilidade e as conexões e referências para de fato tornar o ESG uma realidade em qualquer negócio. 

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