[Cultura Digital] ☺ Emoticons e a vida complexa dos Emojis

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[Cultura Digital] ☺ Emoticons e a vida complexa dos Emojis

Devido ao uso descomplicado e instantâneo, os emoticons e emojis se consolidam como umas das formas mais igualitárias de comunicação.

Devido ao uso descomplicado e instantâneo, os emoticons e emojis se consolidam como umas das formas mais igualitárias de comunicação, globalizando uma infinidade de emoções.


[14.08.2020]

Por Alexandre Adoglio*

Fomos impactados nas últimas semanas com a nova campanha da Apple, com mídia on/off e seu mote:  “Vem pro iPhone”. A partir de testemunhais reais consumidores da marca dividem conosco suas experiências com o produto, detalhando como determinados features são melhores que o da concorrência, além é claro do status que ter um iPhone promove.

Mas, em vez da imagem nos filmes ser o próprio consumidor falando, a empresa optou por utilizar o seu Memoji, que na verdade é um emoji exclusivo da Apple que mimetiza o rosto do usuário. Uma forma bem contundente de explorar diferenciais competitivos, tática que a maçã já havia utilizado com Animojis, Bitmojis e no Instagram – neste último quando gerou uma série de desenhos exclusivos para .iOS que só seriam disponibilizados a outros sistemas quase dois anos depois.

Já falamos anteriormente aqui na coluna Cultura Digital sobre o poder de síntese provocado pelos memes na comunicação online, você pode conferir aqui, porém os emoticons, emojis e derivados promovem um outro tipo de interação entre as pessoas: emoções instantâneas.

Na verdade estas pequenas e amáveis caricaturas e imagens nasceram lá no passado, já na comunicação datilografada com os primeiros emoticons.

Começando lá com a invenção da pontuação na comunicação escrita, quando a scripta continua dos gregos era o meio comum nas cartas, os escribas na época passaram a sentir necessidade de pausas, exclamações e interjeições nos textos com intuito de transmitirem um pouco mais de entendimento na informação. Desta evolução da escrita surgiram as primeiras formas de emoticons, sendo o registro mais antigo em 1881 na revista Puck, no artigo “Arte Tipográfica” que sugeria expressar humor através de carinhas formadas por sinais gráficos encontrados na máquina de escrever.

No digital o primeiro uso registrado foi quando Scott Fahlman (foto acima), cientista de computação da Universidade de Carnegie Mellon, utilizou um traço e um parêntese como símbolo de expressão de um texto. Em seguida começou a utilizar outras formas para expressar emoções em suas mensagens (como ☺) sinalizando como determinado assunto deveria ser encarado por seus destinatários. A prática rapidamente se espalhou pela Universidade e em seguida os emoticons – junção entre as palavras emotion (emoção) e icon (ícone) –  ganharam o mundo.

O DOMÍNIO DOS EMOTICONS: DO INBOUND MARKETING ÀS ALMOFADAS

O uso de emoticons partiu então para uma larga escala de aplicações na comunicação, desde estratégias no inbound marketing a almofadas para presentes. Foi também alvo de diferentes estudos sobre sua eficácia e possível problemas em sua aplicação, inclusive variantes de percepção de acordo com o sistema operacional utilizado pelo receptor da mensagem. Isso mesmo, existe variação de percepção de significado se você utiliza .iOS, Windows ou Android, devido aos atalhos padrão de teclado.

Dando continuidade histórica, os emojis são uma evolução natural dos emoticons, uma criação do design de interface Shigeata Kurita (foto) que trabalhava na empresa telecom NTT DoCoMo como membro do time que desenvolveu o primeiro serviço de internet móvel do mundo, o i-mode. 

Enfrentando várias limitações de tamanho e qualidade de imagem, ele criou 176 símbolos (pictogramas) em 1999. Eles tinham tamanho compacto (12 x 12 pixels) de apenas 3 kilobytes baseados em desenhos que ele fez à mão. Kurita se inspirou nos ícones utilizados na previsão meteorológica para indicar se o dia está chuvoso ou ensolarado, tal como os símbolos empregados em mangás para expressar sentimentos e ações.

Por isso muitos dos emojis que vemos representam a cultura japonesa, como uma tigela de ramen ou uma máscara de tengu (criatura demoníaca muito famosa na mitologia local). Em reconhecimento pela criação, Kurita tem seu nome mencionado pelo MOMA em NY.

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Um adendo: o impacto da comunicação emoticon no Japão é tanto que os nipônicos desenvolveram seu próprio linguajar, o Kaomoji, caracterizado pela alta complexidade e destaques na representação dos olhos em vez da boca, como nossos emoticons ocidentais. Seu uso fica restrito ao país asiático devido ao uso de caracteres não presentes na codificação ASCII dos nossos teclados por aqui.

No Ocidente, a imagem dos emoticons só ficou manchada pela tentativa desastrosa na produção de um filme sobre o tema (The Emoji Movie, 2019),  recebendo somente 7% de avaliação no tomatômetro do Rotten Tomatoes.

Aplicados em uma variedade de apps e sistemas digitais, os emojis acompanham tendências e os rumos da sociedade, atualizando as expressões e figuras de acordo com os movimentos da situação, como empoderamento feminino, tons de pele, gênero, acessibilidade, migrando nos últimos anos para a customização do usuário, nos muitos steakers gerados no WhatsApp.

Devido ao uso descomplicado e instantâneo, os emoticons e emojis se consolidam como umas das formas mais igualitárias de comunicação, independente do nível sócio-demográfico dos usuários, globalizando de forma efetiva uma infinidade de emoções.

E caso precise, existem por aí alguns bons tutoriais para uso do emojis no trabalho, boas práticas no uso e por fim uma Emojipedia completa à disposição.

E lembre-se sempre: 🌎 🙈 😜 👑


ALEXANDRE ADOGLIO é CMO na Sonica e empreendedor digital.
Escreve semanalmente sobre Cultura Digital para o SC Inova.


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