Testes podem custar entre R$ 10 e R$ 20 e a principal estratégia é fazer em grupos de pessoas, com possibilidade de avaliar até 10% da população do estado.
[FLORIANÓPOLIS, 02.04.2020]
Redação SC Inova, com informações da Assessoria de Imprensa
A Fundação CERTI e a healthtech Neoprospecta, com sede em Florianópolis, anunciaram nesta quinta-feira (02.04), o desenvolvimento de um projeto para realização de testes moleculares tipo RT-PCR – que identificam material genético do vírus – em grande escala com baixo custo de aplicação. A iniciativa terá apoio conjunto da Federação das Indústrias do estado (Fiesc) e do SESI.
Os testes devem ser feitos em indústrias, empresas e escolas, atingindo mais de 500 mil pessoas por mês em Santa Catarina. “A ideia é testar na ordem de 10% da população do estado, sendo parte significativa desse total repetido em intervalos de 15 ou 30 dias, a um custo médio de R$ 10,00 a R$ 20,00 por pessoa testada”, diz Erich Muschellack, superintendente geral da CERTI.
Para chegar neste custo baixo comparado aos testes RT-PCR no mercado – cerca de R$ 180,00 por teste – a estratégia é realizar de uma vez testes de amostras de grupos de 10 pessoas. Serão coletadas as amostras de muco da faringe misturadas de 10 pessoas supostamente sãs, como se fosse um teste individual, portanto ao custo de um único kit. Caso ninguém do grupo esteja infectado, o resultado será negativo para todos os indivíduos do grupo.
Porém, se uma ou mais pessoas estiverem infectadas, o teste indicará positivo – sem identificar o portador da infecção. Neste caso deverá ser feito o teste molecular individual em todos os membros do grupo para identificar quem tem o vírus. Com isso, elimina-se um custo alto de aplicação de testes individuais.
“Esta estratégia do teste de grupo baseia-se na hipótese de que realmente uma parcela pequena da população encontra-se infectada, e, portanto, existe a expectativa de encontrar um grande número de grupos sãos”, explica o Superintendente Geral da CERTI, Erich Muschellack.
Os testes do COVID-19 ficarão à cargo da BiomeHub, spin-off da Neoprospecta focada no desenvolvimento e aplicação de tecnologia de NGS e bioinformática para área da saúde, que inclui apoio na investigação de doenças infecciosas de difícil diagnóstico.
“A tecnologia empregada na detecção do vírus é a mesma que no diagnóstico oficial, por RT-PCR em tempo real, assim como o tempo, no comparativo com as análises clínicas. Estamos utilizando parâmetros de sensibilidade próximos dos resultado obtidos no teste diagnóstico de um único indivíduo”, salienta Felipe Oliveira, CEO da BiomeHub.
NOVOS LABORATÓRIOS E PLANO DE LOGÍSTICA INTEGRADO PARA TESTES EM ESCOLAS E EMPRESAS
O custo do projeto é de R$ 6 milhões e os proponentes buscam apoio para o desenvolvimento e a implantação. Em caráter de urgência, as startups Neoprospecta e BiomeHub estão instalando um novo laboratório em Florianópolis, com capacidade de executar testes para 500 mil pessoas por mês com resposta em 24 horas. “Estamos estudando oferecer pacotes específicos para as empresas, para que possamos viabilizar os testes em larga escala”, ressalta o superintendente da CERTI.
A CERTI montou um plano de logística integrado com o Sistema SESI para viabilizar os testes em empresas e escolas. Também está em desenvolvimento um banco de dados com informações dos testes, integrado a um software de gerenciamento e acompanhamento que disponibiliza para empresas, governo, secretarias de saúde e demais entidades dados para tomadas de decisão.
Estes dados vão auxiliar nos estudos endêmicos sobre o Coronavírus e sua disseminação. O projeto também prevê aplicativo em celular para gerenciar as coletas, identificando usuário, localização, número de kits necessários em cada local, entre outras informações.
“O principal objetivo do projeto é proporcionar de forma segura a retomada da atividade econômica da indústria, comércio e escolas, monitorando com precisão a evolução da contaminação”, afirma Erich Muschellack.
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