Como o Distrito 22@, o celeiro da inovação de Barcelona, pode ser exemplo para SC

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Como o Distrito 22@, o celeiro da inovação de Barcelona, pode ser exemplo para SC

Se uma cidade quer ser inteligente e inovadora, ela tem que criar um ambiente econômico favorável para atrair negócios inovadores e pessoas qualificadas.

por Thais Strassman Nahas*

Tive a oportunidade de conhecer, em agosto de 2017, parte do Distrito de Inovação 22@ em Barcelona, projeto que teve início no ano 2000 e que está transformando duzentos hectares de área industrial no bairro de Poblenou em um distrito inovador que oferece espaços para a concentração estratégica de atividades intensivas em conhecimento.

O Distrito 22@ Barcelona é inspiração para muitas regiões ao redor do mundo, inclusive Florianópolis, que já conta com iniciativas para torná-la uma cidade inteligente. O projeto catalão é, sobretudo, uma grande ideia de renovação urbana – o mais importante da cidade de Barcelona nos últimos anos e um dos mais ambiciosos da Europa com estas características – e busca ser um novo modelo de lugar que atende aos desafios da sociedade do conhecimento.

Com o objetivo de fortalecer a vocação de Barcelona como uma cidade inteligente e inovadora, o Distrito 22@, além de abrigar incubadoras, diversos centros de pesquisa, universidades e empresas, é também um super Laboratório Urbano. A região é um espaço de testes para empresas e centros de pesquisa com soluções inovadoras voltadas ao urbanismo, educação, mobilidade, sustentabilidade e que melhorem a qualidade de vida dos cidadãos. O objetivo é apoiar a realização de pilotos em ambiente real de projetos inovadores e que estão em fase de pré-comercialização para que, se provarem seu valor, possam ser comercializados em grande escala em Barcelona ou em outras cidades ao redor do mundo.

Fui recepcionada pelo Arquiteto e Urbanista Jaime Font Furest, referência internacional em transformação urbana, e por Paula Mèlich Bonet, da FIRA Barcelona, responsável pelo mercado brasileiro do evento Smart City Expo World Congress e líder do Congresso de Economia Circular.

O Escritório de Atenção às Empresas, dedicado a serviços e recursos para projetos locais e internacionais. Foto: Divulgação/OAE

Nossa conversa foi no prédio do Media-TIC, um ponto de encontro para empresas, centros de pesquisa e profissionais da mídia e da tecnologia da informação, que permite o encontro e diálogo entre a administração municipal e o setor privado, com o intuito de reativar a economia da cidade. O prédio é um ícone arquitetônico: tem a forma de um cubo e é formado por grandes vigas de ferro cobertas por um revestimento plástico de bolhas infláveis que regula a luz e a temperatura, oferecendo uma economia de 20%.

Além de diversas empresas, está instalado no local o Escritório de Atenção à Empresas (OAE – Oficina de Atención a las Empresas). Esta é uma iniciativa da prefeitura de Barcelona que reúne, em um único espaço, um conjunto de serviços e recursos que atende às necessidades das empresas locais e internacionais. Assim, na OAE, é possível obter informações e orientações personalizadas, realizar trâmites empresariais e municipais e participar em alguns dos programas de formação empresarial e de networking.

Atrair pessoas e transformar a economia de uma região não é nada fácil. Diferentes gerações possuem diferentes hábitos e preferências, e a forma de atraí-las muda constantemente.

Um dos desafios é a necessidade de rever, ao longo do tempo, certas estratégias de urbanização para se alcançar um objetivo maior. Atrair pessoas e transformar a economia de uma região não é nada fácil. Diferentes gerações possuem diferentes hábitos e preferências, e a forma de atraí-las muda constantemente. Aliás, esse é também um grande desafio para os Parques Tecnológicos que temos por aqui – são planejados numa década e implantados em outra. O jeito de morar, se locomover, se divertir e trabalhar muda cada vez mais rápido. É preciso acompanhar essas tendências e adaptar os projetos, tornando-os mais flexíveis e atrativos para as pessoas e consequentemente para os investidores, caso contrário, os recursos investidos em infraestrutura serão em vão.

Se uma cidade quer ser inteligente e inovadora, ela tem que abrir espaço para novas ideias. Tem que testar e encontrar novas soluções para problemas que nunca foram resolvidos e se antecipar àqueles que estão por vir. Deve encorajar e estimular as “mentes brilhantes”, mas também investir na educação de base. Ser transparente ao mostrar as reais dificuldades que a própria administração e a população enfrentam e dar condições para que as pessoas se sintam engajadas para contribuir na busca de soluções. Criar um ambiente econômico favorável para atrair negócios inovadores e pessoas qualificadas. Em Barcelona existe um grande esforço local para tornar a cidade uma referência mundial em inovação e vale acompanhar de perto as estratégias adotadas por lá e adaptá-las para a nossa realidade.

 

 

 

 

* Thais Strassmann Nahas é Consultora do Programa Cidades Inteligentes da ACATE