Com 98,9% de ocupação, Ágora Tech Park alcança sustentabilidade financeira em menos de quatro anos

Com 108 operações instaladas, que faturam R$ 790 milhões/ano e somam mais de 1,4 mil empregos, centro de inovação de Joinville prepara nova onda de expansão em 2023, com novo prédio para conectar academia, startups e grandes empresas. / Foto: Manuel Sá

[JOINVILLE, 30.01.2023]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br

O Ágora Tech Park, em Joinville, encerrou 2022 com 108 operações instaladas e ocupação de 98,9%, atingindo a sustentabilidade financeira em três anos e oito meses. Ao todo, os negócios instalados no Ágora somam 1.418 postos de trabalho e faturamento de R$ 790 milhões – o que equivale a 2,3% do PIB de Joinville, o maior de Santa Catarina e é 58% superior à média dos parques tecnológicos do país. No recorte de startups, o faturamento anual das empresas residentes soma R$ 30 milhões. 

Em média, as operações de parques tecnológicos costumam se tornar financeiramente auto sustentáveis entre 5 e 10 anos, comenta Ricardo Fantinelli, diretor executivo do Ágora Tech Park. “Nosso desafio, como parque tecnológico, é fortalecer cada vez mais o senso de comunidade e cooperativismo, por meio da conexão de talentos, ideias e capital. É importante criar uma cultura inovadora e empreendedora, e fortalecer serviços e programas que consolidem a trilha de inovação e empreendedorismo na região norte do estado. Assim, podemos dar suporte e atender desde novos empreendedores até grandes corporações, transformando ideias em negócios de alto impacto e promovendo o desenvolvimento sustentável regional.”

Em 2022, o Ágora recebeu 224 eventos dentro da temática de inovação, empreendedorismo e tecnologia. O principal objetivo desses eventos é ativar o ecossistema de inovação e promover conexões, os quais impactaram mais de 1.000 pessoas por mês. 

Nos últimos 12 meses, o complexo – instalado no Perini Business Park, maior parque multissetorial da América do Sul – inaugurou cerca de 20 operações, entre elas a sede do grupo executivo WTC Joinville, a companhia alemã Pixida, a Walbert Ltda (maior fabricante de ferramentais para fundição no Brasil e Top5 na América Latina), além de escritórios de inovação de grandes empresas e instituições de saúde, como a varejista Clamed e o Hospital Dona Helena, que criou também um fundo de investimentos em healthtechs em parceria com a BossaNova Investimentos.  

“Foi um ano de consolidação e de preparação para a próxima onda de expansão do parque tecnológico. Fortalecemos projetos estruturantes em áreas como o hub da indústria 4.0, fizemos parcerias para conectar instituições de ensino às demandas do ecossistema”, resume Emerson Edel, diretor presidente do Instituto Ágora. 

Em 2023, serão iniciadas as obras do novo prédio, Ágora.Uni, que prevê também um projeto de living lab (laboratório aberto de inovação) no qual startups, universidades, grandes empresas (corporates) e governo podem trabalhar em conjunto no desenvolvimento de ideais e novos projetos alinhados às especializações do Centro de Inovação de Joinville. Em agosto de 2022, o projeto Ágora.UNI foi aprovado junto ao programa Ambientes de Inovação da Finep e do Ministério de Ciência, Tecnologia & Inovações (MCTI), que prevê R$ 15 milhões em recursos não reembolsáveis para o quarto prédio do complexo.

Além disso, soma-se ao projeto o recurso de R$ 1,5 milhões como contrapartida da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e a contrapartida econômica de R$ 4,7 milhões proveniente de um dos fundadores do Ágora, Perville Engenharia e Empreendimentos. Outro importante parceiro do projeto é a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), que será um dos atores do living lab. A previsão é de conclusão do espaço em até um ano. 

Entre as diretrizes que o parque tecnológico deve seguir ao longo de 2023 é a consolidação como um ambiente criativo e de aprendizado em inovação para outras empresas e segmentos, além da tecnologia. O foco se dá principalmente em fortalecer atuação na área da Saúde, Indústria 4.0 e Novos Materiais, e Cidades Inteligentes. Nos últimos anos, especialmente com a reabertura pós-pandemia, o Ágora tem recebido visitas constantes de empreendedores e comitivas (regionais e internacionais). Somente em 2022, foram mais de 5.000 visitantes que buscaram entender a dinâmica do ecossistema e como um espaço de inovação pode ser indutor de ideias, conexões e projetos.

CONEXÃO E PARCERIA COM INSTITUIÇÕES DE ENSINO 

O Ágora Tech Park tem como um de seus membros-fundadores a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) campus Joinville e, ao longo de 2022, fortaleceu parcerias com outras entidades de ensino superior do Norte catarinense, entre elas Univille, Inovaparq, UDESC e Católica de Santa Catarina. 

“Nos termos do novo marco legal de ciência, tecnologia e inovação, o parque de inovação tem entre seus pontos focais estimular a cultura empreendedora dos estudantes e professores, com possibilidades de criar e impulsionar suas pesquisas e empresas de base tecnológica. O Ágora acaba sendo uma ponte segura que une de um lado as empresas e, do outro, as universidades”, destaca o professor da UFSC e diretor técnico do Ágora Tech Park, Modesto Hurtado Ferrer. 

Um exemplo de ação envolvendo academia e o ecossistema de inovação foi o ReUni Challenge, desafio de empreendedorismo organizado pelo Orion Parque, de Lages, que envolveu os Centros de Inovação de cada região de Santa Catarina e que teve como foco projetos fundamentados nos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Na etapa regional, Joinville foi destaque com 10 equipes de estudantes e professores inscritas, representando oito instituições de ensino que já estão integradas ao Ágora Tech Park. 

“Foi uma grande oportunidade de integração das instituições de ensino com os ecossistemas de empreendedorismo e inovação locais e do Estado, para networking, adquirir novos conhecimentos, colocar em prática métodos de trabalho, essenciais para desenvolver o mindset empreendedor”, detalha o professor Modesto.

Ainda em 2022, foram realizados eventos como o Ágora.Cases – em que grupos de 10 universidades apresentaram pitches de projetos internos a 18 grandes empresas da região, gerando dezenas de conexões entre empreendedores, estudantes e professores;  Experts, um programa que fornece ferramentas para ajudar docentes a explorar desafios e oportunidades de negócio – participaram 70 professores de cinco universidades e do programa surgiram duas startups; e o Liga Ágora, que envolveu 19 acadêmicos de quatro instituições de ensino de Joinville no desafio de apoiar equipes de projeto do parque tecnológico em áreas como saúde, indústria 4.0, cidades inteligentes, negócios, cultura, comunidade e eventos. A maior parte dos participantes da Liga já foi contratada por empresas do ecossistema. 

Os estudantes tem como desafio compreender as demandas de mercado e oportunidades de negócio em um ecossistema de quase 100 empresas que estão operando no Ágora Tech Park. Chamados de “guardiões”, os participantes levam aprendizados da universidade para apoiar projetos e envolver a comunidade.

Outro marco no ano passado foi a parceria inédita do Ágora com o colégio Bonja, que se tornou a primeira escola de Educação Básica do Brasil integrada a um parque tecnológico. A instituição é mantenedor master do “ecossistema Ágora”, que agrega iniciativas como o Join.Valle, a Softville e o FabLab Joinville. Como resultado desta conexão, há sete projetos em andamento com a participação até o momento de mais de 550 professores, alunos e pais.

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O setor de Inovação é um dos principais eixos do Plano de Desenvolvimento Econômico de Joinville, que teve avanço significativo em termos de estratégias e definição de metas ao longo de 2022, com participação direta do Ágora Tech Park, como ressalta Jaime Dias Junior, gerente regional Norte do Sebrae/SC. “Apoiamos diretamente programas de desenvolvimento de startups –  JEDI, Startup SC, Nascer, MIDITEC – e outros como Tech Road e Join.VC, além de missões técnicas, como a que realizamos para o ecossistema de Portugal”. O TechRoad, por exemplo, é uma iniciativa inédita no Sul que conecta cidades dos três estados e que tem no Ágora um dos conectores para o ecossistema de Joinville (uma das participantes do grupo, que conta também com Curitiba, Florianópolis, Caxias do Sul e Porto Alegre).  

Em 2023, garante o gerente, “estaremos ainda mais dedicados ao desenvolvimento do nosso ecossistema, com interação muito forte com o Join.Valle e Ágora Tech Park, que são parceiros estratégicos e atuantes. Teremos novidades e muitas ações voltadas ao fortalecimento do nosso ecossistema”.

Para Fabiano Dell’Agnolo, diretor executivo do Join.Valle – entidade que promove o empreendedorismo e a inovação no ecossistema e é responsável por ações e projetos como a Jornada JEDI, o Mapeamento de Startups, entre outros – “o ano de 2022 foi espetacular, pois houve uma evolução importante especialmente com a criação do Comitê de Governança do ecossistema, com as principais lideranças atuando ativamente”. Este comitê garante a participação de diferentes atores, como mercado, academia e setor público, no desenvolvimento de diretrizes para expansão do setor de tecnologia e inovação na região. 

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