As estratégias e ações de Joinville para virar referência como Cidade Inteligente e Humana na América Latina

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As estratégias e ações de Joinville para virar referência como Cidade Inteligente e Humana na América Latina

Entenda como a “quádrupla hélice” local (governo, academia, empresas e sociedade) vem se conectando nos últimos anos com o propósito de desenvolver inovação, startups e novos projetos unindo tecnologia e qualidade de vida.

 

“Em Joinville, a pressa é amiga da perfeição”. 

A frase do prefeito Udo Dohler durante o lançamento do Perini City Lab – projeto para usar o parque multissetorial da cidade como um laboratório de tecnologias para as cidades – na última terça-feira (30.07) remete a um conjunto de ações iniciadas há menos de quatro anos e que criou uma nova dinâmica entre a chamada “quádrupla hélice” local (governo, academia, empresas e sociedade) com um mesmo objetivo: tornar a maior cidade catarinense em um dos principais polos de inovação da América Latina, com foco no desenvolvimento da indústria 4.0 e no conceito de Human Smart Cities, ou seja, com tecnologias que melhorem a qualidade de vida da população.

“Em 2015, quando a prefeitura foi convidada para participar de um evento em Barcelona, começamos a estudar a tese das Human Smart Cities. Nos encantamos e começamos então uma movimentação para responder a uma pergunta: como a tecnologia pode ser um caminho para vivermos melhor?”, explica Danilo Conti, secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento de Joinville. Uma recomendação da União Europeia à época estimulava as cidades a criar projetos a partir de atores locais, o que motivou a prefeitura a iniciar um movimento orgânico de fomento ao ecossistema. 

Assim surgiu o Joinvalle, iniciativa do poder público municipal que uniu setor público, privado, universidade e comunidade em um ambiente colaborativo para geração de novos projetos. “Botamos o projeto na rua e fomos aprendendo. Criamos os primeiros FabLabs da cidade e revitalizamos entidades locais que acreditaram na nossa ideia, como a Incubadora Softville e o Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia (Comciti), que passou a ter gestão liderada pela iniciativa privada”, lembra Danilo.

Neste segundo semestre de 2019, a cidade recebe uma série de ações e eventos  promovidos pelos atores locais que, na visão dos organizadores, vão acelerar este “movimento orgânico” criado há poucos anos. Um dos destaques é a ExpoInovação, que acontece entre os dias 3 e 4 de setembro no Teatro Juarez Machado, e terá como tema o desenvolvimento do ecossistema de inovação na cidade. O primeiro dia terá uma programação mais focada em startups, além do Education Talks (espaço em que todas as universidades da região debatem iniciativas e tendências de inovação), o Fórum de Inovação Social e o workshop Smart Money, parte de um programa que o Joinvalle está construindo para desenvolver a cultura de investimento de risco e identificar startups locais para receber aportes. 

No segundo dia do evento, a programação será dedicada a palestras e cases de inovação aberta, destacando como grandes corporações estão desenvolvendo e estimulando novas formas de gerar negócios e tecnologias, além da entrega do Prêmio Inovação 2019, que vai reconhecer os melhores projetos realizados por empresas, academia e comunidade no norte de Santa Catarina.

Próxima edição da ExpoInovação, nos dias 3 e 4 de setembro, vai debater o desenvolvimento do ecossistema local, com programação para startups e cases de inovação em grandes empresas. / Foto: Divulgação

Outro fruto do Joinvalle, a Jornada de Empreendedorismo, Desenvolvimento e Inovação (JEDI) inicia em agosto seu terceiro ciclo de apoio a startups, que irão criar ao longo das próximas semanas soluções inovadoras na área de mobilidade e logística, temas diretamente ligados ao conceito das Human Smart Cities. “É um misto entre um hackathon com Startup Weekend, mas com mais profundidade e tempo para desenvolvimento, com foco na geração de negócio, não apenas no desenvolvimento de tecnologia, como acontece nos hackathons”, resumiu Fabiano Dell’Agnolo, diretor executivo da Secretaria de Planejamento Urbano e Sustentável de Joinville, quando o projeto foi lançado, no início deste ano. Depois de duas edições – em que foram desenvolvidas soluções na área de saúde e educação – o JEDI já deu origem a 10 novas startups na cidade e, neste novo ciclo, contará com um apoio de R$ 15 mil ao projeto vencedor. 

A estratégia para conectar todos estes projetos e diferentes participantes no projeto de desenvolvimento local foi criar um “Pacto pela Inovação” (nos moldes do que foi criado em âmbito estadual em 2017), que atualmente reúne 47 organizações que atuam na cidade e se comprometeram em apoiar e iniciar um total de 320 ações de fomento ao ecossistema local. Lançado em junho passado, o Pacto envolve reuniões mensais com os representantes de cada entidade e começa, a partir de agora, a trabalhar com metodologias comuns às startups (como as OKRs, disseminadas pelo Google) para tornar os objetivos claros e identificar avanços em cada projeto.

 

EM DOIS ANOS, UMA IDEIA VIRA UM CENTRO DE INOVAÇÃO

Foi na ExpoInovação de 2017 que algumas lideranças locais idealizaram um projeto para consolidar o desenvolvimento do ecossistema local: um centro de inovação conectado à vocação industrial da cidade, próximo também de universidades e startups. Era o embrião do Ágora Tech Park, lançado poucos meses depois no Perini Business Park (local que concentra mais de 220 empresas e 20% do PIB do município) e cujo primeiro prédio foi inaugurado em março de 2019. Nele operam em um mesmo espaço entidades associativas, laboratórios de inovação de grandes empresas, aceleradoras e programas de inovação aberta.

Com o Perini City Lab, a região se torna também um centro de testes de novas tecnologias para cidades inteligentes e humanas, em verticais como mobilidade, energia, big data, agronegócio, saúde, logística, gestão pública, segurança e aeroespacial (drones). “As empresas com sinergia nestes segmentos podem atuar como patrocinadores, parceiros e também explorar o ambiente do parque com suas soluções” explica Jean Vogel, diretor executivo do Ágora Tech Park. 

O projeto nasce com seis parcerias assinadas, envolvendo a Prefeitura de Joinville, Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), a empresa japonesa Macnica, o iCities (consultoria e eventos sobre smart cities) a Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), o Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, a startup Go Moov e o Waze. A equipe do aplicativo de smartphones escolheu Joinville, cidade onde conta com 42 mil usuários ativos, para realizar sua ação inaugural de ativação do Waze Carpool no país, um programa que estimula as caronas compartilhadas como forma de reduzir os problemas de mobilidade nas cidades.

A cidade é também um case global para o Waze. No ano passado, por meio de informações coletadas no app, a Secretaria de Planejamento Urbano alterou o tráfego em um duas ruas da cidade – gerando redução de 14 minutos em média no tempo do trajeto. Até o final do ano outras oito ruas devem sofrer alterações para melhorar a mobilidade, com expectativa de redução da emissão de 212 toneladas de CO2 e um ganho de produtividade anual de R$ 1,08 bilhão, calcula o secretário Danilo. 

A pressa citada pelo prefeito, no caso do desenvolvimento do ecossistema local, pode representar também economia de recursos e qualidade de vida.

Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br 

 

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