Após superar marca de R$ 1 bilhão em 2019, volume de investimento anjo deve cair 10% no Brasil em 2020

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Após superar marca de R$ 1 bilhão em 2019, volume de investimento anjo deve cair 10% no Brasil em 2020

Estimativa é da Anjos do Brasil, que apontou crescimento de 9% no total de aportes a startups no ano passado. Total de investidores é de 8,2 mil, segundo pesquisa da entidade. Foto: RIA SC / Divulgação


[FLORIANÓPOLIS, 28.08.2020]
Redação SC Inova, com informações da Anjos do Brasil

O volume de investimento anjo no Brasil superou pela primeira vez a marca do bilhão em 2019. No ano passado, foram aplicados em novos negócios um total de R$ 1,067 bilhão, o que representa um crescimento de 9% frente a 2018, aponta pesquisa divulgada nesta quinta (27.08) pela Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos que fomenta o investimento anjo e apoia o empreendedorismo de inovação no país. Também houve crescimento de 6% no número de investidores com este perfil: atualmente são 8.220 listados pela entidade. 

Apesar dos dados serem os melhores da série histórica que a Anjos do Brasil divulga desde 2010, estes números devem apresentar uma retração de pelo menos 10% neste ano. E não apenas pela pandemia. “A perspectiva para 2020 é bastante negativa, em especial considerando que, enquanto várias outras modalidades são incentivadas, o investimento em startups é duplamente tributado. Além do imposto sobre os ganhos de capital, as eventuais perdas não podem ser deduzidas”, alerta Cassio Spina, presidente da Anjos do Brasil. 

Por essas e outras, o volume de investimento anjo no Brasil representa meros 0,85% do que é investido em startups nos Estados Unidos: cerca de U$ 23,9 bilhões (em reais, mais de R$ 130 bi) anualmente. Considerando a relação proporcional do PIB entre os dois países, o mercado brasileiro precisaria dispor de pelo menos R$ 12 bilhões em investimento anjo para se equiparar à realidade norte-americana. 

Além disso, a trajetória do volume de investimento anjo no país não tem sido uma curva ascendente. Em 2018, houve uma leve queda de 0,4% na comparação com o total aportado no ano anterior.

O relatório completo da pesquisa está publicado em www.anjosdobrasil.net/blog 

Para Spina, é necessário criar políticas públicas de fomento ao investimento em startups: “Percebemos que é urgente o estabelecimento da equiparação de tratamento tributário e a criação de mecanismos de incentivo, como por exemplo os existentes no Reino Unido, Itália e Espanha, países nos quais, além de isenção, se permite a compensação de até 50% do valor investido em startups nos impostos devidos”.

Segundo a Anjos dos Brasil, o investimento em startups, por ser de alto risco, precisaria ter tributação equiparada às modalidades de menor risco. Em junho deste ano, o governo federal publicou o Decreto 10.387/20, que estende benefícios fiscais previstos na Lei 12.431/11 aos projetos de infraestrutura com impactos socioambientais positivos, concedendo isenção fiscal para investimentos nestes setores através de emissão de debêntures, entretanto. Este incentivo, lamenta a entidade, “não abarca investimento em startups, que são tão importantes quanto estes outros setores na recuperação econômica, pela inovação que geram”.

PERSPECTIVAS EM SANTA CATARINA

Em Santa Catarina, há um novo movimento de investidores anjo, especialmente ligados a entidades empresariais. A Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), por exemplo, conta com um grupo de Investimentos lançado em 2018 que pretende, nos próximos anos, agregar um volume de capital de até R$ 1 bilhão para aportar em startups da região – seria o equivalente ao total investido no Brasil no ano passado. Segundo reportagem publicada pelo SC Inova à época, haveria um total de R$ 280 milhões somente na Grande Florianópolis disponível, somando todos os fundos e investidores que atuam na região.

No início deste ano, a Blusoft, entidade que representa as empresas de tecnologia de Blumenau, lançou seu grupo de investidores local, com o objetivo de criar uma nova cultura de apoio às startups do polo regional – como citamos nesta matéria. Santa Catarina também conta, desde 2016, com a Rede de Investidores Anjo (RIA SC), parceria da Acate com a Anjos do Brasil, que aportou em 2019 um total de R$ 4,2 milhões em cinco startups.

Em função do aquecido ambiente de negócios para empresas inovadoras, a perspectiva na região é que os anjos continuem ativos neste ano de pandemia, considerando também modelos de co-investimento com fundos, como por exemplo o aporte recebido pela Payface, em julho. Os movimentos do segundo semestre serão fundamentais para mostrar se 2020 será mesmo um ano de retração ou de evolução do investimento anjo em Santa Catarina.

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