A D-Hub teve que segurar a estratégia de conexão internacional e, agora como Mauá Ventures, foca nas demandas de empresas brasileiras que precisam inovar e reagir ao impacto da pandemia. / Foto: Divulgação
[FLORIANÓPOLIS, 26.05.2020]
Fabrício Rodrigues, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br
Criar uma conexão entre ecossistemas de inovação, levando startups brasileiras para outros países e captar oportunidades de fora para o mercado nacional, era um dos propósitos que gerou em meados de 2019 o D-Hub, um misto de consultoria e hub de negócios formada por empreendedores de áreas como marketing, comunicação e tecnologia.
Mas as notícias vindas da Europa, em meados de fevereiro, anunciavam uma necessidade de mudança nos planos. “Começamos a sentir um clima muito diferente no mercado europeu à medida que o novo coronavírus avançava por lá”, lembra o CEO Daniel Eduardo de Araújo. A unidade de negócios internacionais foi diretamente afetada pela Covid-19, já então uma pandemia que obrigou o fechamento dos mercados globais a partir de março.
“Tínhamos projetos bem avançados para internacionalizar empresas do ecossistema de Santa Catarina, prontos para assinar contrato e partir para implementação. Assim como para trazer outras de Portugal, Espanha e França para cá, mas tudo ficou em stand-by com a nova realidade”, contou Daniel em entrevista ao SC Inova.
Como resposta a esta nova realidade, a empresa mudou de direção – e até de nome. Inspirada no industrial e banqueiro Irineu Evangelista de Sousa (o Visconde de Mauá), figura de proa do capitalismo brasileiro da época do Império, a rebatizada Mauá Ventures agora deixa de lado a proposta de conexão global para buscar as oportunidades no mercado interno.
“As empresas estão pressionadas pelo novo cenário e a mudança tem que ser rápida, com capacidade de execução. A ideia é identificar e ajudar a resolver os desafios de eficiência operacional na produção, logística e comercialização, além de oportunidades de crescimento – novos canais, mercados e produtos. Entender as tecnologias e comportamentos emergentes, com foco na reação econômica, como estruturar o pós-crise e sair da inércia”, resume.
Além dos membros fundadores – os empreendedores Daniel, Marcus Rocha, Delton Batista, Haroldo Sato (executivo internacional) e o investidor Daniel Araújo – integrou-se à equipe Carlos Felipe Rocha, executivo global e investidor que assume a vice-presidência de Marketing e Estratégia.
“NOVO NORMAL”: ENXUGAR PROJETOS E AGILIZAR ENTREGAS
“Também apostávamos em programas de aceleração corporativa, mas são projetos programas demoram para serem implementados – tínhamos lançado o Inova Khronos, que teria uma nova etapa a ser iniciada no segundo trimestre mas travou nesse período. Reavaliamos nosso portfólio, retirando o que tem um ciclo mais longo para desenvolver. O mercado precisa de entregas mais enxutas, que gerem respostas no curto prazo, em termos de competitividade nesse novo contexto”, explica o CEO.
No plano internacional, a Mauá manteve a parceria estratégica com o CEiiA, um dos principais centros de inovação e engenharia da Europa, na qual é responsável por comercializar e prestar suporte operacional às soluções do CEiiA no Brasil. O acordo foi assinado no Web Summit de 2019, na presença do Secretário de Estado e Ministro Adjunto da Economia de Portugal, João Neves. “Acreditamos na criação de um futuro sustentável para as organizações por meio da gestão estratégica da inovação e da interação estruturada com ecossistemas inovadores”, comenta Marcus Rocha, VP de Inovação e Produtos da Mauá.
POR QUE O “RESGATE DE MAUÁ”?
A figura do Visconde de Mauá – pioneiro em inúmeros mercados no Brasil do século XIX, de estradas de ferro à exploração fluvial com barcos a vapor – ecoa, na visão dos empreendedores, como o símbolo de uma necessidade de “abraçar o risco” e explorar novos modelos como resposta a um ambiente de negócios profundamente transformado pela pandemia.
“Agora é hora de pensar na retomada, em um cenário de transformação e estimular as empresas a fazerem investimentos – seja com o capital imobilizado ou outros recursos – com mais risco, ainda que de uma forma mais controlada. Não temos uma área específica para fomentar estes investimentos, olhamos para a conexão entre os ambientes de inovação, estimular empresas consolidadas a desenvolver uma outra dinâmica, agindo como venture builders“, ressalta Daniel Eduardo.
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