Grandes empresas e startups: cases catarinenses mostram como criar relacionamento e gerar resultados

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Grandes empresas e startups: cases catarinenses mostram como criar relacionamento e gerar resultados

Painéis no Startup Summit apresentaram modelos que vão do corporate venture à inovação aberta, como explicaram Topazio Silveira Neto, da Flex (ao centro na foto) e Guilherme Tossulino, da Softplan (à direita).

Painéis no Startup Summit apresentaram modelos que vão do corporate venture à inovação aberta, como explicaram Topazio Silveira Neto, da Flex (ao centro na foto) e Guilherme Tossulino, da Softplan (à direita). Foto: Samira Moratti, divulgação.

Nos últimos anos, a necessidade de inovar e desenvolver novos modelos de negócio por parte de grandes empresas têm acirrado a busca por startups e programas internos de inovação aberta e corporate venture. Mas como essas iniciativas podem de fato trazer resultados para as corporações?  

No Startup Summit 2019, alguns painéis apresentaram casos de empresas catarinenses que iniciaram relacionamento com o ecossistema de startups para justamente repensar serviços e processos, mas não só isso. A conexão com novos empreendedores e a integração dos times com as startups pode trazer, além de negócios, uma nova cultura e servir também como ferramenta para retenção de talentos e desenvolvimento do intraempreendedorismo.

Entenda como algumas grandes locais se beneficiaram desta aproximação com startups:


FLEX: LABORATÓRIO INTERNO + INOVAÇÃO ABERTA

Criada há 10 anos com foco no mercado de contact center, a Flex se transformou em uma desenvolvedora de soluções para relacionamento com clientes (SAC, pesquisas, fidelização etc.) apostando na conexão com novas empresas, participação em programa de open innovation e também na criação de um laboratório interno de inovação, o X Lab, inaugurado em 2016 com a participação de um grupo de sete pessoas. A ideia, lembra o CEO Topazio Silveira Neto, não era reinventar a roda, mas sim integrar soluções de parceiros e fornecedores às soluções da empresa. “Mas esse modelo acabou não evoluindo, então entendemos que seria melhor buscar startups com foco em soluções para relacionamento com o cliente e desenvolvermos isso em conjunto”. 

Em 2017, a empresa entrou no grupo de mantenedoras do LinkLab, programa de inovação aberta criado pela Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), que se tornou a primeira experiência com seleção, relacionamento e desenvolvimento de novas soluções junto com as startups. Com cerca de 12 mil colaboradores e um faturamento anual em torno de R$ 600 milhões, a Flex tem uma cultura de investimento em novos negócios. Em 2018, a empresa adquiriu uma startup especializada em bots (robôs) cognitivos, a Iopeople e, neste ano, investiu na Beon (que faz análise virtual de marketing para marcas) para o atendimento a operações de e-commerce. 

Uma maneira que os sócios encontraram de apostar em startups sem dificultar a governança da empresa foi fazer aportes como investidores-anjo no caso de projetos muito iniciais. “Se depois a empresa estiver madura e fizer sentido, entra como um investimento corporativo”, explica Topazio. 

BROGNOLI: CRIANDO PRODUTOS PARA O MERCADO IMOBILIÁRIO

O Link Lab também foi o caminho que a imobiliária Brognoli encontrou para se conectar ao ambiente de startups. Como lembra o CEO Eduardo Barbosa: “éramos uma empresa imobiliária comum, hoje somos voltados para construção de tecnologias para o setor. Mas no começo, não sabíamos de onde partir”, ressaltou, durante painel no primeiro dia do Summit. 

Barbosa (à direita), da Brognoli Imóveis: inovação aberta para transformar um mercado com pouca conexão com a tecnologia. / Foto: Fabrício Almeida, Divulgação

A preocupação era transformar a “jornada do consumidor” – repleta de burocracia e experiências ruins no mercado imobiliário convencional – em algo mais simples e digital. Mas também seria preciso mudar a cultura organizacional de uma empresa que estava há mais de 60 no mercado. “O primeiro caminho foi levar a empresa, os diretores e alguns colaboradores para o LinkLab, para fazermos uma mudança na cultura. Depois é o relacionamento, a seleção de empresas e o desenvolvimento de novos projetos. Buscamos vários modelos, mas para construir em conjunto essa jornada do cliente o modelo de open innovation se mostrou a mais eficaz”, diz Barbosa. 

Ao longo de dois anos e meio, a empresa se colocou como um laboratório de inovação para cerca de 30 projetos de novos negócios, dos quais 15 hoje são startups se consolidando no mercado. “Hoje temos vários produtos novos que são fruto desse trabalho em conjunto. As startups querem um canal para validar seus protótipos e as corporações precisam de uma visão de fora para inovar e pensar diferente”, resume.

SOFTPLAN: TRANSFORMAÇÕES NO MERCADO DE SOFTWARE IMPULSIONAM INOVAÇÃO

Até mesmo empresas de base tecnológica enfrentam o desafio da disrupção de modelos de negócio. Como aconteceu na indústria de softwares, que deixou de ser baseada em grandes projetos vendidos a alto custo para desenvolvimento de soluções em nuvem, com tíquete baixo e potencial de crescimento em escala. Uma das maiores empregadoras do setor de TI de Santa Catarina, a Softplan entendeu, a partir de 2015, que seria preciso olhar para fora e buscar novas ideias de negócio para se manter competitiva e seu segmento de softwares de gestão. 

“Começamos a rever nosso modelo de inovação, aquele da área de Pesquisa e Desenvolvimento isolada, para estimular a criar uma nova empresa, que nos permita passar por transformações. Mas antes disso é preciso também trabalhar as lideranças, o clima organizacional e as competências das equipes para sermos efetivamente uma empresa startup friendly“, explicou Guilherme Tossulino, diretor de Novos Negócios. O primeiro passo foi criar um programa de intraempreendedorismo (Inova Agora), para estimular equipes internas a pensar novas soluções para os mercados que a empresa atuava. 

“Depois disso começamos a olhar para startups – e fomos atrás daquelas que estavam fazendo aquilo que a gente gostaria de estar desenvolvendo internamente”, comenta. O resultado foi o investimento em dois negócios: o primeiro foi a WeGov, uma empresa de serviços com foco no desenvolvimento de inovação para órgãos públicos; a segunda aposta foi na 1Doc, que criou uma plataforma para digitalização de documentos e processos em prefeituras de pequeno porte, que recebeu uma segunda rodada de investimentos no começo desse ano. “Eles atuavam num mercado em que não estávamos, os municípios de 5 mil a 300 mil habitantes e agora estão chegando a prefeituras de maior porte. Inicialmente fizemos um investimento para acessar um novo mercado e agora estamos construindo uma solução para o nosso portfólio”, detalha Guilherme. 

 

O PODER TRANSFORMADOR DAS PESSOAS E DAS IDEIAS

Para o CEO da Flex, a etapa mais delicada no processo de conexão com startups é evitar que a pressão da corporação mate o propósito e o foco da pequena empresa – é preciso entender o timing da inovação e também ajudar o empreendedor no autodesenvolvimento. “Temos um grupo de pessoas que se propõe a fazer coaching com os empreendedores, levamos eles também para eventos e feiras, testamos em conjunto com clientes, é uma construção permanente”. 

Na visão dele, a conexão com startups traz um novo fôlego às corporações. “Quando você começa a conviver com uma geração nova, é uma energia completamente diferente, não tem tempo ruim, o desafio é o problema. Essa oxigenação com a vinda de profissionais em início de carreira, mas qualificados e comprometidos com ideias empurra a equipe a novos desafios, é um ganho que não dá pra medir”.

Cobertura: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br