Com Big Data e uso da inteligência artificial para “clonar” o perfil do consumidor ideal, marcas potencializam a Economia da Cauda Longa. / Imagem: Igor Omilaev (Unsplash)
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[18.11.2025]
Por Ademar Paes Júnior, médico, CEO da Lifes Hub e presidente da Unimed Grande Florianópolis. Escreve sobre inovação/big data/saúde
O uso inteligente de dados não é novidade no mundo dos negócios. Há décadas os gestores sabem que registrar, acompanhar e processar indicadores, usando novas informações para a tomada de decisão, é diferencial competitivo muito importante. Nos últimos anos, o que muda de forma acelerada é o potencial de abrangência e geração de conhecimentos a partir do do Big Data.
Hoje, há potencial quase infinito para a captura de dados. Incontáveis sistemas que nos rodeiam são capazes de obter e armazenar informação sobre nossa rotina. O essencial, agora, é saber padronizar, organizar, processar e definir estratégias de uso dos novos conhecimentos gerados no processo. Já tratamos disso em coluna anterior (Dados são o novo petróleo?) e não é momento de repetir tudo o que está dito.
Em vez disso, avanço em um uso prático do Big Data que ganha força de maneira proporcional aos avanços da tecnologia. Falo da chamada clonagem de perfis para definição de ações comerciais.
Preste atenção. No seu dia a dia, quando navega despreocupado pelas redes sociais ou sites, inúmeras vezes você já deve ter sido impactado por anúncios que atendem à perfeição uma necessidade – ou um desejo por algo supérfluo – que nem estava presente nas suas preocupações de momento. Pode ser um calçado, um livro, o eletrodoméstico recém lançado – não importa: de alguma maneira, a oferta que o alcança parece personalizada.
E é.
Ou quase isso.
A inteligência artificial multiplica o potencial dos especialistas para analisar dados e gerar insights valiosos para o negócio. Em vez de trabalhar com algumas poucas variáveis, como é até simples fazer com planilhas e tabelas, a tecnologia possibilita o cruzamento de milhares de informações de maneira ágil e orientada para a geração de conhecimento para o negócio. Nesse contexto, surgem ferramentas como a chamada clonagem de perfis.
Há muita tecnologia envolvida no processo, que, no entanto, pode ser explicado de forma simples. Tudo começa com a análise detalhada e profunda das características e hábitos dos consumidores que mais compram um produto ou contratam um serviço. Reunidas e trabalhadas de forma inteligente, essas informações permitem traçar o perfil do consumidor ideal da marca ou item específico. A tecnologia faz o clone desse sujeito virtual e identifica em grandes populações outros potenciais consumidores semelhantes àquele ideal. A conclusão é óbvia: pessoas com os mesmos hábitos têm maior probabilidade de gostar das mesmas coisas.
A partir daí, o trabalho é das equipes comerciais e de marketing das marcas, responsáveis por traçar estratégias para alcançar e encantar o público segmentado. Público, vale acrescentar, que no mais das vezes é formado por pessoas físicas. Mas a mesma estratégia é usada com sucesso em negócios B2B. Uma mudança trazida pelo avanço do comércio virtual e potencializada pelas redes sociais multiplicou de forma exponencial o poder das estratégias de personalização do marketing apoiada pela tecnologia.
O fenômeno foi descrito e batizado no início dos anos 2000 pelo jornalista Chris Anderson. Ele definiu a chamada ‘Economia da Cauda Longa’ em artigo na revista Wired e depois em livro. A partir da observação de mudanças no mercado, concluiu algo que hoje parece óbvio, mas não era na época: o mundo conectado multiplica a possibilidade de vendas de produtos de nicho.
A loja do bairro depende dos gostos dos vizinhos. A loja virtual pode alcançar pessoas em qualquer ponto. O foco deixa de ser a proximidade e passa a ser o interesse. O desafio, claro, é olhar um país gigantesco como o Brasil – ou um continente, ou o globo – e descobrir, a milhares de quilômetros, indivíduos com desejos que a marca pode atender.
Esse é ponto de convergência entre o mercado global e o Big Data e a inteligência artificial. Os insights da análise de perfis e mercados, que pode ou não usar a técnica da clonagem, permitem que a marca alcance o indivíduo em qualquer lugar e no melhor momento. Um diferencial que pode pesar bastante na definição do sucesso ou fracasso de uma organização.






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