Web Summit 2025 em resumo: a IA em tudo — e todos debatendo IA

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Web Summit 2025 em resumo: a IA em tudo — e todos debatendo IA

Maior feira de startups da Europa consolida este como o ano em que a inteligência artificial se tornou ferramenta fundamental de escala, inovação e competitividade.

Maior feira de startups da Europa consolida este como o ano em que a inteligência artificial se tornou ferramenta fundamental de escala, inovação e competitividade. / Fotos: agência SC Inova 


16.11.2025

Por Fabrício Umpierres, editor – scinova@scinova.com.br
Direto do Websummit 2025, em Lisboa

O Web Summit 2025 ficará marcado como o ano em que a inteligência artificial atravessou o campo das expectativas para entrar, em definitivo, em debater práticos sobre o futuro da sociedade e dos negócios. Sem se limitar aos estigmas de “ameaça existencial” ou “hype inevitável”, a IA passou a ser tratada como uma infraestrutura de produtividade, escala e criatividade que está reescrevendo processos, carreiras e modelos de negócio — de engenharia a design, de comunicação a software, de mídia a logística.

A sensação, ao final dos quatro dias em Lisboa, foi de reconhecer que qualquer discussão séria sobre tecnologia e negócios hoje passa, em algum grau, pela compreensão e o uso da Inteligência Artificial.

Esse movimento foi sintetizado por Sassine Ghazi, presidente e CEO da Synopsys, uma das gigantes globais em design de semicondutores. Questionado sobre o risco de uma “bolha da IA”, ele preferiu inverter a lógica: “As oportunidades são significativas porque a IA vai mudar tudo o que conhecemos daqui pra frente.”

Ele citou especialmente o legado das empresas pontocom do início dos anos 2000: “debates sobre se os valuations estão muito altos, ou as comparações com o passado, ignoram que assim como aquelas empresas da ‘bolha da web’ ajudaram a criar as bases da evolução tecnológica, a infraestrutura que está sendo criada agora com a IA prepara terreno para a próxima década de transformação”.

2025 é o ano em que a IA também “virou colega de trabalho”, como afirmou Vasco Pedro, fundador da Unbabel e figura conhecida no ecossistema europeu, que escolheu o Web Summit para lançar a Spinnable.ai, uma plataforma para criação de agentes de IA. A proposta é permitir que empresas “contratem” agentes inteligentes capazes de automatizar tarefas, apoiar operações e atuar como futuros coworkers digitais.

A Spinnable nasce com uma rodada pré-seed de € 2 milhões, liderada por HeartCore, Florent.vc e Alphagraph. Para Vasco, é apenas o primeiro passo de um ciclo que considera inevitável: “o mais importante é começar e tratar a IA como tratamos humanos: ela vai errar. Mas sem ela startups de 10 ou 20 pessoas não teriam como operar globalmente e serem escaláveis.”

“CAIU A FICHA SOBRE O PAPEL DA IA”

Entre os brasileiros que passaram por Lisboa, Igor Vassoler, CEO da catarinense Progic, sintetiza um sentimento compartilhado por muitos empreendedores experientes: o fim do fear of missing out e o início do uso pragmático da IA. Após observar o mercado amadurecer, a empresa descobriu aplicações que iam além do “feijão com arroz”, que no caso é a criação automatizada de conteúdo, e passou a criar agentes de comunicação capazes de dialogar individualmente, interpretar textos, captar nuances e gerar métricas inéditas de entendimento.

“Antes, eu sabia quem recebeu as mensagens. Agora, com IA, eu sei quem entendeu”, exemplifica Igor. Para ele, a fronteira real da tecnologia é entregar valor novo, e não substituir pessoas: “não utilizamos IA para demitir” Sobre o clima do Web Summit, ele resume: “2025 é o ano em que as pessoas caíram na realidade. A IA não é mais vista como ameaça existencial, mas como oportunidade de entregar mais valor ao cliente. Esse é o ponto.”

Nos corredores, estandes e palcos do Web Summit, a IA foi onipresente.
Nos corredores, estandes e palcos do Web Summit, os debates sobre IA foram onipresentes. / Foto: agência SC Inova

NEWS MEDIA SUMMIT: IA SIM, MAS SEM ABRIR MÃO DAS REGRAS DA INFORMAÇÃO

Entre os palcos paralelos, o News Media Summit trouxe uma reflexão sobre o impacto da IA no jornalismo e na qualidade da informação pública. David Rhodes (Sky News), Pedro Vargas David (Euronews) e Rachel Corp (ITN) reforçaram o consenso de que a IA amplia capacidades, mas não substitui o papel crítico das redações profissionais, nem o compromisso ético que sustenta o jornalismo.

Enquanto o TikTok já supera todos os veículos do Reino Unido em tempo de uso — e opera sem qualquer regulação —, os líderes defenderam que jornalismo responsável exige limites, governança e compreensão profunda do contexto. “A IA não vai tomar cerveja com a fonte nem perceber quando uma história está indo para o lado errado”, disse Pedro David, chamando atenção para o papel insubstituível do olhar humano. A tecnologia ajuda — especialmente em organizações multilíngues, como a Euronews, que opera em 19 idiomas — mas não pode assumir o trabalho editorial.

Rachel Corp ainda brincou com o risco dos conteúdos artificiais dominarem a informação: “Vocês já viram um resumo de notícias feito por inteligência artificial? É muito chato, nem dá vontade de ler.” A fala veio acompanhada de um alerta: a indústria precisa estar entre os early adopters, entendendo tanto o potencial quanto as limitações da IA.

Ao final, ficou claro que o Web Summit 2025 consolidou uma nova realidade: a IA está em tudo, mas o futuro dependerá de como humanos e máquinas aprenderão a trabalhar juntos, preservando aquilo que realmente importa — desde a eficiência nas empresas até a integridade da informação em sociedades cada vez mais conectadas.

CONFIRA AQUI NOSSA COBERTURA SOBRE O WEB SUMMIT 2025: