Inaugurado em agosto de 1995, o edifício que abriga o CELTA ajudou a moldar a nova vocação econômica da Capital catarinense – e segue como referência para novas gerações de empreendedores. / Foto: Divulgação
[19.08.2025]
Por Fabrício Umpierres, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br
Uma das principais referências do que se conhece hoje como o ecossistema de inovação de Florianópolis completa nesta semana, de maneira discreta, 30 anos de história. O Parque Tecnológico Alfa, construído no topo de um terreno íngreme localizado às margens da rodovia SC-401, foi inaugurado no dia 18 de agosto de 1995 pelo então governador Paulo Afonso Evangelista Vieira e passou a ser, desde então, a sede da primeira incubadora de empresas de base tecnológica do país, o Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (CELTA).
Criado em 1986 pela Fundação CERTI, o CELTA já apoiou a trajetória de 127 empresas, que somam juntas um faturamento superior a R$ 14 bilhões. Em quase quatro décadas de funcionamento, consolidou-se como um berço do setor de tecnologia em Florianópolis, responsável por impulsionar uma transformação urbana, econômica e cultural que mudou a cidade.
Tony Chierighini, diretor executivo do CELTA, relembra: “trinta anos passam rápido, mas a cidade se transformou desde então. O grande êxito nosso é entender como o investimento que o Governo do Estado fez na época deu resultado. Não dá pra pensar no ecossistema que temos hoje sem o CELTA”
DA TRINDADE À FUTURA ROTA DA INOVAÇÃO
Antes de ocupar o edifício no bairro João Paulo, o CELTA nasceu dentro do Condomínio Industrial de Informática (CII), na Trindade, atendendo sete empresas originadas de pesquisas da Universidade Federal de Santa Catarina. A necessidade de ampliação levou à criação de um parque tecnológico de maior porte.
Em 1991, um terreno de 100 mil m² às margens da rodovia foi declarado de utilidade pública para sediar o empreendimento, batizado oficialmente de ParqTec Alfa — nome que permanece até hoje. O projeto básico de infraestrutura começou em 1992, com investimentos de aproximadamente US$ 1,6 milhão em saneamento, energia, água, telefonia, drenagem e pavimentação.

Em maio de 1993, o espaço físico inicial foi inaugurado, em cerimônia com o então governador Vilson Kleinübing e o prefeito da Capital Sérgio Grando. Dois anos depois, era entregue o prédio de 10,5 mil m² que se tornaria um dos símbolos da tecnologia catarinense – e parte obrigatória da chamada “Rota da Inovação”, que vai até o Sapiens Parque, no norte da Ilha.
O impacto do CELTA pode ser medido pelas empresas que nasceram ou se desenvolveram em suas salas. Nomes como Reivax e Reason se tornaram referências em automação e sistemas elétricos; nos anos mais recentes, o case mais emblemático foi o da RD Station, fundada em 2010. Hoje considerada um dos principais exemplos de SaaS da América Latina, a empresa começou sua trajetória no ambiente do CELTA – uma década depois, foi vendida para Totvs num deal de quase R$ 2 bilhões.
UM NOVO OLHAR PARA A CIDADE
O CELTA também ajudou a redefinir a relação de Florianópolis com seus jovens talentos. “Antes, os estudantes saíam da cidade depois de se formar, iam para São Paulo ou para outros países. Depois começaram a ficar aqui, para empreender e gerar novas tecnologias. Isso fez toda a diferença para a Florianópolis que temos hoje”, diz Tony Chierighini.
A mudança, segundo ele, foi mais profunda do que se imaginava: “o plano era mudar o PIB da cidade, mas não imaginávamos que fosse tão rápido. Em 10 anos isso já havia mudado. Se nós olharmos hoje o tamanho das empresas e o crescimento da cidade em função das empresas de tecnologia, é fantástico. Eu digo que Florianópolis passa a ser uma cidade de inovação, mas não deixa de ser uma cidade turística.”
No caminho de curvas e subidas até o topo do morro, o Parque Tec Alfa motivou a construção de diversos outros prédios que sediaram empresas de tecnologia desde então – da Softplan à Exact Sales, Ahgora, Reivax, além da sede da extinta Fenasoft, entre outras – contando uma parte significativa do mercado tech local.
Aos 30 anos, o prédio de estética brutalista (e um tanto datado) representa, acima de tudo, a materialização da aposta que o estado de Santa Catarina fez na economia do conhecimento ainda nos anos 1990 — e que transformou de forma definitiva o futuro de Florianópolis.
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