De Chapecó, a Hub2b espera dobrar o faturamento com soluções para o comércio eletrônico

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De Chapecó, a Hub2b espera dobrar o faturamento com soluções para o comércio eletrônico

Após virar 2017 com R$ 1 mi em negócios, startup que é destaque no Oeste catarinense abre frente comercial em SP e busca investimento com foco na expansão internacional

Após virar 2017 com R$ 1 mi em negócios, startup que é destaque no Oeste catarinense abre frente comercial em SP e busca investimento com foco na expansão internacional. / Fotos: Tarla Wolski

Chapecó, a capital do agronegócio em Santa Catarina começou a apresentar nos últimos anos algumas startups para o mercado nacional, atraindo também eventos, investidores e possibilidade de novos negócios para a região. Esse movimento recente deu impulso ao “Desbravalley”, um projeto para fortalecer o ecossistema de inovação e empreendedorismo no Oeste (inspirado no monumento ao Desbravador, símbolo da cidade), nos moldes de outros projetos regionais que começam a surgir em Santa Catarina e em todo o país.

Neste ambiente de startups de Chapecó, um dos destaques é a Hub2b, que desenvolveu uma plataforma para integração, automatização e gerenciamento de marketplaces utilizada hoje por grandes empresas que atuam no e-commerce brasileiro, como o grupo Via Varejo (responsável pelas operações online de Ponto Frio e Casas Bahia), Americanas.com, Mercado Livre, entre outras.

Comandada por três sócios – os cofundadores Ricardo Sponchiado e Sergio Venicius Vanin, além do investidor Andrei Bueno Sander – a Hub2b começou há cerca de cinco anos como uma ideia que Ricardo teve enquanto fazia intercâmbio profissional na Irlanda. Desde então, passou por alguns dos principais programas de desenvolvimento de startups no ecossistema de Santa Catarina e hoje se tornou uma referência na região, com cerca de 20 colaboradores, planos para expansão e novo aporte de investimentos.

No início da década, Ricardo era membro e vice-presidente de Finanças da AIESEC, um movimento para desenvolvimento de jovens lideranças que oferece vagas para intercâmbio em todo o mundo. Rodou a Europa por alguns anos – Rússia e Irlanda – e, no meio da jornada, passou a estudar um problema que ele identificou no mercado de e-commerce: a falta de integração entre os vários sistemas necessários para a operação de um comércio virtual, desde a plataforma até controle internos e ferramentas para logística e gerenciamento de fretes. “A tendência era que em algum momento esses sistemas iriam, ou precisariam, se integrar”, lembra Ricardo sobre o insight que deu início à jornada empreendedora.

Depois de dar os primeiros passos no projeto na incubadora da Unochapecó e no programa Sinapse da Inovação, mantido pela Fapesc e gerenciado pela Fundação Certi, a Hub2b ganhou consistência a partir da participação no programa de capacitação Startup SC, do Sebrae Santa Catarina. “Foi o divisor de águas”, afirma Ricardo, que atua como diretor executivo da startup. “No início não tínhamos um nicho definido e a partir do programa focamos nossa solução para os marketplaces que precisavam integrar novas lojas virtuais”.

No programa, ficou a lição de que “não dá pra abraçar o mundo todo. tem que ter uma persona bem específica senão não vendemos para ninguém”. Ao identificar o que esse mercado necessitava, era justamente de novas tecnologias para integrar os diversos sistemas que compõem o varejo online.  

Equipe da Hub2b, que se tornou uma das startups de referência no Oeste catarinense.

A solução, a partir de então, passaria a resolver o seguinte problema: os marketplaces, espécie de shopping centers virtuais, procuram agregar novas lojas para ampliar o portfólio de serviços e produtos. A dificuldade neste mercado é justamente ter um parceiro responsável por integrar as operações dessas lojas ao ambiente do marketplace, desde as imagens dos produtos, gerenciamento de pedidos e estoque, condições de preço e venda entre outros serviços. Um dos primeiros marketplaces que receberam integrações por meio da Hub2b foi a Americanas.com, que a partir de então começou a indicar a empresa a outras lojas que iriam entrar na plataforma. “Nossa venda acabou sendo muito reativa, em função da demanda do mercado. A partir do momento que você integra uma loja dentro do marketplace podemos atender vários outros lojistas. Isso dá segurança a quem nos indica”, explica o CEO.

Nem por isso esperaram os clientes baterem na porta. Com o produto validado, focaram então a força de vendas nos marketplaces, que atuam como canais de vendas da solução. Assim surgiram parceiros de grande porte como o grupo Via Varejo, Walmart, Netshoes e redes regionais, como a Schumann, muito forte no oeste de Santa Catarina.

Para 2018, a Hub2b espera dobrar o faturamento, que foi de R$ 1 milhão no ano passado, além de criar uma base comercial em São Paulo, onde está a maioria dos clientes.

A precificação foi um desafio e tanto nos primeiros anos, como explica Ricardo: “nós começo cobrávamos um valor mensal baixo, para atrair clientes, mais uma comissão de 1%. Mas esse fixo não pagava o trabalho que tínhamos no suporte, enquanto outros questionavam o percentual sobre as vendas, que às vezes consideravam muito alto. A saída foi aumentar o preço mensal e reduzir a comissão para uma taxa de R$ 1 por venda. Criamos também planos adequados que atendem desde o pequeno ao grande varejista – hoje atendemos 280 clientes”.  

A empresa, que contava com quatro colaboradores em 2015, começou a ganhar escala nos últimos dois anos, a partir da entrada da aceleradora 1Bi Capital, de Chapecó, aportando recursos, estrutura e mentorias, e também com um novo modelo de precificação definido no ano passado. “Eu e o Sérgio somos da área técnica. Nós tínhamos um gap de gestão no início, por isso foi importante essa entrada da 1Bi no processo” comenta Ricardo. No ano passado, passaram a crescer 15% por quadrimestre e, em 2018, o ritmo acelerou, com expansão média de 25% só no primeiro trimestre. O faturamento da empresa, que chegou a R$ 1 milhão em 2017, deve dobrar neste ano.

Os próximos passos são a abertura de um escritório comercial em São Paulo, onde está a grande maioria dos clientes e, como visão de médio/longo prazo, internacionalizar a ferramenta. Em função dessa estratégia de expansão, a Hub2b iniciou um processo de negociação para levantar capital com alguns fundos nacionais: “é um problema de sellers no mundo todo. Somos o maior hub do Brasil em marketplace e sabemos que nossa solução pode ser global. Mas primeiro temos que fazer o dever de casa: priorizar a expansão comercial, esgotar os canais de venda e reter os clientes”, resume Ricardo.

Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br