2020: o ano das scale-ups no setor de construção e mercado imobiliário

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2020: o ano das scale-ups no setor de construção e mercado imobiliário

No ano passado, o volume de investimentos em empresas inovadoras deste segmento somou R$ 1,9 bilhão em 29 deals. Tendência é vermos cada vez mais rodadas maiores de aporte em empresas mais consolidadas, as scale-ups.

No ano passado, o volume de investimentos em construtechs e proptechs somou R$ 1,9 bilhão em 29 deals. Tendência é vermos cada vez mais rodadas maiores de aporte em empresas mais consolidadas, as scale-ups.


[FLORIANÓPOLIS, 02.03.2020]


por Bruno Loreto*

Em 2016 o mercado de construção e setor imobiliário começou a conhecer a revolução das Construtechs e Proptechs, startups que nasceram para resolver grandes problemas do setor buscando desenvolver novas soluções, encontrar modelos de negócios escaláveis, e trazer inovação a um dos mercados mais conservadores e tradicionais. 

De lá para cá o ecossistema de startups no setor evoluiu muito. Em 2016 havia cerca de 250 iniciativas no segmento e poucas grandes empresas olhando para inovação. Em 2019 fechamos o ano com mais de 600 Construtechs e Proptechs ativas no setor, o primeiro unicórnio na vertical, além de inúmeras empresas e investidores apostando nesse movimento de inovação.

Os números reforçam a evolução que esse mercado vem observando. De acordo com o nosso radar na Terracotta Ventures, em 2018, cerca de 21 startups captaram um total de R$ 521 milhões em investimentos. Já em 2019 atingimos a marca histórica de R$ 1,9 bilhão em cerca de 26 deals realizados no Brasil.

Os descrentes vão afirmar que apenas o Quinto Andar captou R$ 1 bilhão, por isso o número é grande. Sim, é verdade, mas vale lembrar que o mercado de investimentos em startups é sim marcado por essa característica de alta concentração: 20% dos negócios movimentam 80% dos recursos, em qualquer segmento de startups. Mesmo desconsiderando o gigante da locação de imóveis, ainda sim o crescimento foi expressivo em relação ao ano anterior.

É inegável a evolução que esse ecossistema apresentou, mas o que esperar pela frente? Se o mercado aos poucos vai se acostumando com a revolução das startups que chegam ao setor, em 2020 começará a conhecer e sentir os impactos de outro jargão famoso no universo de inovação: as Scale-Ups.


O VOLUME DE APORTES DE CAPITAL DE RISCO EM CONSTRUTECHS E PROPTECHS SALTOU DE R$ 521 MILHÕES EM 2018 PARA R$ 1,9 BILHÃO EM 2019. 

Enquanto uma startup é caracterizada por representar uma iniciativa que está em fase de validação, diante de cenário de extrema incerteza e tentando provar que existe um produto e modelo de negócio escalável; o termo scale-up nasceu para representar aquelas empresas que já mudaram de patamar e conseguiram chegar a fase de crescimento, já com modelo de negócio provado.

Alguns parâmetros podem ser usados para caracterizar uma empresa scale-pp: faturamento anual acima de R$ 1 milhão, histórico de crescimento acelerado, modelo de negócio validado (já sabe qual o problema, quem é o cliente, qual o produto e como escalar), além de que geralmente possuem times que já superam a marca de 30 pessoas. Segundo a Endeavor, que é abraçou o termo em 2017, são empresas que conseguem crescer a um ritmo de 20% ao ano por mais de três anos consecutivos, o que no Brasil representam menos de 1% dos negócios.

Em 2020 teremos: 

  1. Novas empresas Construtechs e Proptechs captando rodadas de investimentos acima da faixa de 10, 20, até 30 milhões de reais, 
  2. Scale-ups aparecendo e expandindo por diferentes territórios, 
  3. Mercados tradicionais passando a sentir a concorrência de novos atores, 
  4. Novos mercados se formando, ditando novos comportamentos.

Muda também a relação de grandes empresas com essas iniciativas. Enquanto startups ainda geram mais dúvidas do que certezas e raramente conseguem comportar a escala de demanda que uma grande corporação pode proporcionar, as scale-ups podem fazer parcerias mais sólidas, atender demandas mais complexas ou mesmo competir com maior força em determinados mercados, começando a “incomodar”.

Quem ganha com tudo isso são os clientes, seja por parte das startups Construtechs e Proptechs que tiveram sucesso em sua tese de negócio e chegaram a próxima etapa ou por decorrência da reação das empresas tradicionais. O resultado é uma oferta de melhores produtos e serviços chegando ao mercado, gerando inevitavelmente impacto positivo no ambiente de moradia e infraestrutura no Brasil.

* Bruno Loreto é cofundador da Terracotta Ventures, empresa de investimento voltada ao mercado de construtechs e proptechs. Artigo originalmente publicado no LinkedIn Pulse

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